CERCA de 250 atletas de palmo e meio enquadrados em dez equipas de formação participam desde princípios do mês passado num torneiro de capitação de talentos organizado pelo Vilankulo FC que tem baterias viradas para a formação.

De acordo com o coordenador da escola de formação daquela colectividade futebolística, que já representou a província de Inhambane na prova máxima do chamado desporto das multidões em quatro épocas consecutivas além da sua presença na final da Taça de Moçambique, edição de 2010, Victor Mayamba, Vilankulo FC depois da sua despromoção do Moçambola, passou a dinamizar a pesquisa e formação de jogadores, como forma de assegurar o seu regresso.

Mayamba explica que é visão do primeiro clube moçambicano a falar e a propor a criação de Sociedade Anónimas no Desporto Moçambicano, SADs, que a formação deve ser a base de qualquer clube, de forma a assegurar a integração dos valores que despontam por categoria.

“Estamos fora do Moçambola, mas estamos bem vivos. A melhor forma de preparamos o nosso regresso é formar os nossos jogadores. Queremos recorrer ao mercado interno ou extra-muros para completar algumas fragilidades se existirem, mas a base da nossa equipa sénior deverá ser nossa, daí que estamos a pesquisar talentos para integrar na nossa escola de formação com nome, Marlins do Futuro”, explicou Victor Mayamba.

O antigo adjunto de Chinquinho Conde na equipa principal do Vilankulo FC explicou que depois da despromoção da equipa principal da alta-roda do futebol a bandeira dos “marlins” continuou nos palcos desportivos nacionais, desta feita com as camadas inferiores, nomeadamente iniciados e juniores, tendo conquistado provas nacionais realizadas em Vilankulo.

“Por isso, enganam-se aqueles que pensam que Vilankulo FC desapareceu do mapa futebolístico nacional. Estamos bem vivinhos, estamos a preparar o nosso regresso, porque se depender de nós, queremos voltar para nunca mais sermos despromovidos, porque teremos matéria-prima para o efeito”, garantiu o coordenar da escola de formação do VFC.

As equipas que participam na quarta edição do torneio de capitação de talentos, Marlins do Futuro, são VFC A, IURD FC, Ponny FC, Maxaquene FC, EPC Vilankulo Sede, Provoca Febre, EPC Gamela, VFC B e ASEM.

SOMOS PIONEIROS DA SAD

O patrono do Vilankulo FC, Yassin Amuge, disse que a ideia da criação das Sociedades Anónimas Desportivas em Moçambique está a dar crédito à iniciativa do seu clube que há quatro anos já pensava nesta plataforma.

“Gostaria de recordar aos amantes do desporto que nós, VFC, fomos ou somos os mentores desta ideia a nível nacional, por isso, com esta abertura ou debate, manifestamos a nossa satisfação porque, embora tenha sido um pouco tarde, sentimos que os decisores compreenderam a nossa ideia quando alguns desportistas achavam que isso fosse uma utopia ou simplesmente sonhar acordado”, disse Yassin Amuge.

Para aquele dirigente desportivo, que já amealhou troféus de melhor gestor desportivos por dois anos consecutivos, com a abertura do debate das SAD, num futuro próximo, o futebol poderá deixar de ser financiado por fundos do erário público, ou seja, as empresas públicas deixarão de patrocinar algumas equipas, se calhar o farão para o futebol no seu todo.

“Pessoalmente não concordo quando temos algumas equipas a sobreviverem de dinheiro de todos nós, patrocinadas pelas empresas públicas, como Caminhos de Ferro de Moçambique, Linhas Aéreas de Moçambique ou Aeroportos de Moçambique, Electricidade de Moçambique, Hidroeléctrica de Cahora Bassa e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos”.

Yassin Amuge que, quase três anos depois da despromoção da sua equipa principal de futebol do Campeonato Nacional de Futebol, ainda tem lágrimas no canto do olho, pois, segundo argumenta, nada pode justificar a sua despromoção dos “marlins” do Moçambola, se não a desorganização da Liga Moçambicana de Futebol.

“O recado que dei à ENH FC quando se qualificou para o Moçambola é que devia lutar por ter viagens aéreas, felizmente conseguiram, e acho que quando tiverem uma boa organização interna, adicionando o patrocínio de uma empresa pública com boa pujança financeira, a ENH FC não vai sair do Moçambola, uma boa oportunidade para Vilankulo continuar na rota do Moçambola, oferecendo um lindo casamento entre o futebol e o turismo”, disse.

Yassin recordou que os quatro anos que a sua equipa esteve no Moçambola foi grande sacrifício, além do desgaste físico dos próprios artistas da bola, porque era necessário encontrar fundo adicional para fechar as despesas que não cabiam no patrocínio da LMF.

“Por causa disso, quando tudo acabou, as forças e o dinheiro, com despesas não previstas no nosso orçamento, caímos. Infelizmente, nessa altura não nos entenderam. Quando dizíamos que éramos enteados da LMF poucas pessoas prestaram atenção a isso. Mas hoje a situação já foi corrigida, a ENH FC viaja de avião, as equipas que hoje escalam Vilankulo para o Moçambola, já vão de avião. Quem sai a ganhar é a própria vila de Vilankulo”, disse Yassin Amuge, prometendo, num futuro não muito distante, voltar a colocar o VFC no Moçambola.

VICTORINO XAVIER