Tremedeira na recta final ditou o fim da esperança
A SELECÇÃO Nacional de futebol sofreu uma pesada derrota frente à Zâmbia (0-3), em partida da primeira “mão” da derradeira eliminatória (segunda) de acesso ao CAN-Interno num jogo que se realizou no último sábado, no Levy Mwanawasa Stadium, em Ndola, uma das cidades mais importantes daquele país vizinho.
Trata-se de um resultado desolador e que esfumou as esperanças para a segunda presença consecutiva dos “Mambas” no CAN-Interno, campeonato que envolve jogadores que evoluem nas provas internas dos países do continente africano. A segunda “mão” é já no próximo fim-de-semana, em Maputo, e o combinado nacional nada tem mais que fazer senão arregaçar as mangas para tentar fazer um milagre.
RESISTÊNCIA E REACÇÃO NA PRIMEIRA PARTE
Um arranque zambiano pressionante e uma resposta defensiva eficiente abriu espaço para que a equipa moçambicana tentasse, com alguma clarividência, produzir o seu jogo e conseguir em alguns momentos, mas poucas vezes chegar ao reduto do adversário. O esquerdino e malabarista Reinildo teve classe suficiente para fazer a diferença, arrancando sempre com muito perigo pelo flanco esquerdo, deixando atrás os seus oponentes e procurando colocar o esférico em Isac, que lhe faltou a assistência necessária para fazer face a uma defensiva zambiana astuta.
Mas, como dizia, os zambianos assumiram o protagonismo logo de início, daí que tenham aparecido, com alguma frequência, junto da grande área moçambicana, ora com tentativas de remate à meia distância, conseguindo igualmente arrancar alguns lances de bola parada, mas que levaram pouco efeito e perigo.
Charles Zulu e Kalengo foram, ainda na primeira parte, os homens mais perigosos. O primeiro, um excelente flanqueador, apareceu com alguma constância a cruzar tentando explorar a altura de Mbewe, que jogava entre os “centrais” moçambicanos. Por seu turno, Kalengo tentava surpreender Guirrugo de longe. Aos 24 minutos, quase aproveitou a atrapalhice da defensiva moçambicana, mas o seu remate foi tirado em posição irregular no interior da pequena área.
Os zambianos queriam evitar surpresas, por isso que atacaram com insistência, mas encontravam boa resposta defensiva. Aos 41 minutos, foi a vez de Charles Zulu atirar de fora da grande área à figura do guarda-redes Guirrugo. Até a esta altura, para além das investidas extraordinárias de Reinildo, os “Mambas” tiveram em Gildo o remate preciso, mas directo para as mãos de Jacob Banda. O baixinho, que actuava pelo flanco direito, tentou, tal como Reinildo, explorar as suas capacidades individuais e desdobrou-se arrancando, tal como o esquerdino, alguns cruzamentos para área, mas que não encontraram a devida resposta.
O combinado nacional experimentou algumas dificuldades na transposição do seu jogo a partir do miolo. Momed Hagy fez os tampões necessários e procurou tomar a iniciativa de jogo, mas com algumas dificuldades perante o aperto do cerco zambiano, enquanto Ussama, com quem contou para as manobras defensivas, bem como ofensivas, a partir do miolo, não teve igualmente a flexibilidade necessária para fazer a prossecução das jogadas com vista a alimentar os flancos, bem como Luís e Isac, que eram os homens mais adiantados da turma moçambicana. Sendo assim, as jogadas de ataque acabaram aparecendo mais pela esquerda, isto pela visão que o lateral esquerdo Edmilson teve nas suas saídas da zona, com excelentes colocações para Reinildo, que deu de fazer ao seu vigilante Bennedict e tentou projectar as bolas para Isac.
Luís, com quem devia fazer a dupla de ataque, jogava um pouco recuado, talvez por indicação do seleccionador Mano-Mano, situação que deixou o companheiro desamparado. Este acabou sendo menos produtivo do que se esperava, pois pouco combinou com Isac e teve dificuldades de ir buscar as bolas para fazer a devida assistência ao seu companheiro. Gildo, que actuava na ala direita do ataque, foi o outro jogador notável no conjunto moçambicano, procurou a todo custo fazer a assistência a Luís e Isac, ora com tentativas de penetração à diagonal e cruzamentos alguns dos quais levaram muito perigo à baliza defendida por Jacob Banda. Numa dessas vezes, a bola rasgou a boca da baliza, porque não encontrou resposta dos avançados. Os cruzamentos aéreos não tiveram resposta necessária, pois tanto Isac, bem como Luís não estavam à altura de ganhar a luta perante os “centrais” possantes.
A segunda parte iniciou-se com uma Zâmbia mais pressionante. A defensiva moçambicana ficou nalgum momento em apuros, isto porque, vendo-se com dificuldades de penetrar a zona pelo corredor central, os zambianos exploraram cada vez mais os flancos e com um futebol cumprido e progressivo. Foi assim que, aos 51 minutos, Daut, que entrou a substituir Benedict, colocou o esférico em Mbewe com um cruzamento em arco, tento valido a atenção de Guirrugo, que desviou a bola da trajectória da cabeça do avançado zambiano. A resposta moçambicana não demorou tanto, pois Gildo, após tabelinha com Norberto, foi à linha de fundo cruzar rente ao chão para Isac desviar defeituosamente, aos 62 minutos.
O primeiro golo surge numa jogada de contra-ataque rápido e de insistência, tendo culminado com o cruzamento tenso de Spencer para Kalengo cabecear vitoriosamente do segundo poste para o ângulo mais distante, aos 76 minutos. Guirrugo não teve hipóteses e nem culpa, pois cabia aos “centrais” fazer a devida cobertura. O flanqueador Spencer, que entrou a substituir Benedict, veio complementar o trabalho excelente de Charles Zulu, pela direita, sendo que, a partir dessa altura, a área moçambicana foi alvo de bombardeamentos que obrigaram a defensiva a desdobrar-se nas suas manobras. Mas, o 1-0 acabou acontecendo numa altura que se exigia muito dos moçambicanos, depois de uma primeira parte razoável e promissor.
Fonte:Jornal Noticias