TÍTULO CONQUISTADO COM RAÇA!
FERROVIÁRIO de Maputo é o novo campeão nacional de basquetebol sénior masculino, depois de vencer o seu homónimo da Beira por 69-56, no quinto e último embate da final, que se disputou num play-off a melhor de cinco jogos.
Num pavilhão do Maxaquene completamente cheio, a fazer lembrar a final do “Afrobasket” feminino de 2013 entre Moçambique e Angola, os “locomotivas” de Maputo foram campeões de raça e pragmatismo, num jogo exigente que acarentava todos os cuidados aos contendores, pois as forças eram quase que niveladas em todas as vertentes.
Como era de se vaticinar, o jogo começou com frenesim típico de uma decisão do título. O Ferroviário da Beira entrou melhor, conseguindo uma boa vantagem logo nos primeiros minutos, mas com o tempo a equipa de Maputo sacudiu a pressão e foi para cima da turma do Chiveve. Equilibrou a contenda e oplacard, mas os beirenses mostravam-se mais arrogantes num dia em que a sua maior estrela, Jimmy Williams, parecia ter afastado os fantasmas que lhe ensombraram no quarto embate.
A turma da Beira conservou a vantagem até onde pôde, pois quanto mais tempo passasse abrandava o ritmo. Em cima dos primeiros 10 minutos, a equipa da capital, que até então perdia por um ponto, fez um cesto, o que lhe permitiu ir ao descanso com o marcador favorável por um ponto, 15-14.
O segundo quarto foi simplesmente desastroso para a equipa da Beira. Tudo saia mal, quer no jogo interior e pior no exterior. Jimmy Williams, o motor da equipa, é bloqueado e quando é assim as soluções para Nazir Salé são escassas. Nem Ismael Nurmamade conseguia ser alternativa.
E porque não tinham culpa disso tudo, os “locomotivas” de Maputo aproveitaram as fragilidades do adversário para encherem o saco. Aliás, tudo corria à contento para a turma da capital, que alternava dois pontos com triplos que levantam o lotado pavilhão dos “tricolores”.
A vantagem de 39-18 ao intervalo pode não ser completamente esclarecedora, mas ajuda a perceber o quão foi o domínio dos pupilos de Milagre Macome. Nesta etapa, refira-se, o Ferroviário de Maputo obteve impressionantes 25 pontos, contra apenas quatro dos beirenses. É claro que é basquetebol, mas nem o mais optimista dos adeptos da formação do Chiveve acreditava num milagre para os 20 minutos subsequentes.
No terceiro tempo, as vicissitudes do Ferroviário da Beira continuaram. Os pupilos de Nazir falhavam para todos os gostos, quer através de lançamentos livres, de abaixo da tabela ou para lá da linha dos 6,25 metros, incluindo as respectivas segundas bolas. Os “locomotivas” da capital tinham um trio afinado constituído por Bojan Sekicki (homem do jogo que viria a ser eleito o Mais Valiosa da Prova), Augusto Matos e Luís de Barros, que manietou os beirenses, que a cada minuto ficavam mais perturbados e desmotivados.
Ninguém duvidava que os treinados de Milagre Macome terminariam esta etapa com uma clara vantagem, pois apesar de maior volume ofensivo o Ferroviário da Beira pecava na finalização, onde os seus jogadores denotavam desatenção espantosa. Catorze pontos (53-39) separavam as duas formações.
À entrada para o último período ninguém tinha dúvidas quanto ao novo campeão, a questão pendente eram os números finais do jogo. Os beirenses corriam mais, mas pouco acertavam, até nos ressaltos levaram “goleada”.
Nazir Salé ficou sem saber o que fazer. Nenhuma solução dava certo. Nem Williams, muito menos Octávio Magoliço (campeão dos falhanços e jogo para esquecer de pressa) ou Ismael Nurmamade davam jeito. Cada segundo que passava conferia ao Ferroviário de Maputo o estatuto de novo campeão nacional, depois dos fracassos de 2014 (frente a este adversário) e ano passado, diante do Desportivo. A equipa da capital ganhou com todo o mérito, ao jogar de forma solidária e pragmática. Pela postura dos pupilos de Macome, é fácil perceber que aprenderam muito com os erros que haviam cometido nos desafios antecedentes, 13 pontos (69-56) separam as duas formações.
Quanto as prémios individuais, o sérvio Bojan Sekicke foi eleito o MVP e melhor triplista. O melhor marcador foi o americano Jimmy Williams, sendo que Edson Monjane ficou com o título de melhor ressaltador.
Fonte:Jornal Noticias