Sócios questionam democracia no Ferroviário
OS sócios do Ferroviário de Maputo mostraram o seu desagrado com a forma como o clube lida com os associados, bem como com os moldes de eleição dos órgãos sociais.O desapontamento foi expresso em plena assembleia-geral ordinária que teve lugar na noite da segunda-feira.
Segundo os sócios, o que acontece no clube representa a falta de democracia. Na segunda-feira foram “eleitos” novos órgãos sociais da colectividade, mas no meio do processo os associados deixaram vários reparos:
Até à hora do início da reunião magna nenhum sócio, à excepção dos membros da mesa da assembleia-geral, sabia quais as listas concorrentes ou as respectivas “cabeças’’.
Na Imprensa apenas foi anunciado que havia assembleia-geral e a respectiva agenda, mas as listas, ou a lista (pois apenas houve uma), não foram divulgadas.
O cenário embaraçou muitos associados que em plena reunião magana do clube se queixaram à mesa da assembleia-geral, alegando que com a falta da democracia fere-se com os estatutos que prevêem a divulgação das listas aos sócios para poderem ser eleitas.
“Noutros clubes ou associações, independentemente do número de listas, o assunto é dado a conhecer aos sócios faltando algumas semanas. As listas concorrentes são afixadas num lugar de estilo na sede a instituição em processo eleitoral. Aqui tudo é diferente”, lamentou um sócio em viva voz.
Para muitos a eleição de Sancho Jr. e seu elenco não foi transparente. Houve graves violações dos estatutos e, por outro lado, marginalizou-se os sócios.
O presidente da mesa da assembleia-geral tentou minimizar a queixa dos associados, alegando que a lista encabeçada por Sancho Jr., avançou depois da concertação entre a empresa integradora (Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique) e os sócios.
Sócios que, na sua maioria, prontamente negaram ter sido consultados antes de se propor Sancho Jr. e o seu elenco para direcção do clube.
“Dizem que concertaram com os sócios. Quais sócios? Pois os associados somos nós aqui nesta sala e que ninguém nos abordou sobre o assunto. Nós que estamos aqui é que temos direito à palavra e ao voto, pois temos quotas em dia. Entrámos na reunião sem saber quem eram os propostos para dirigir o clube nos próximos anos”, sublinhou um associado.
Mas, mais do que falhas na comunicação aos sócios, o escrutínio não obedeceu aos moldes clássicos, ou seja, Sancho Jr. e o seu elenco na verdade não foram eleitos, foram indicados ou nomeados. Não houve urna para a votação, foram apresentados à plateia pelo presidente da mesa da assembleia-geral, e logo depois lhes declarou novos dirigentes do clube. Não houve espaço para voto contra, a favor ou abstenção.
O Ferroviário conta neste momento com 9447 sócios, mas apenas 143 é que têm quotas em dia. Muitos são de opinião que o clube tem vindo a perder os associados devido à fraca abertura e falta de transparência nalguns actos.
Sancho Jr., depois da sua eleição, disse que não queria interferência dos sócios no trabalho que ele e o seu elenco vão desenvolver. É um discurso, diga-se, de continuidade, dado que os seus antecessores sempre agiram assim.
Fonte:Jornal Noticias