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centro de documentação e informação desportiva de moçambique

Este blog tem como objectivo difundir a documentação de carácter desportivo

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Soarito coloca Ferroviário na fase de grupos

 

O Ferroviário da Beira qualificou-se para a fase de grupos da Liga dos Campeões Africanos de futebol, ao vencer o BYC da Libéria, por 4-1 no desempate através da marcação de grandes penalidades. O herói moçambicano foi o guarda-redes Soarito, lançado para o jogo a cinco minutos do final do tempo regulamentar, ao defender duas grandes penalidades. No final dos 90 minutos, os locomotivas perdiam por 2-0, mesmo resultado com que haviam ganho há oito dias na cidade da Beira.

 

Faltavam pouco menos de cinco minutos quando Aleixo Fumo, treinador do Ferroviário da Beira, fez entrar o guarda-redes Soarito para o lugar de Willard, numa altura em que a eliminatória estava empatada a dois golos, pois o Barrack Young Controllers (BYC) ganhava por 2-0, o mesmo resultado com que perdera na Beira.

 

A entrada de Soarito era estratégica, pois é um exímio defensor de grandes penalidades. E Soarito não desiludiu. Defendeu duas, umas das quais marcada pelo guarda-redes contrário, Sembeh. O resto esteve a cargo de Mambucho, Dayo, Edson e Andro, que marcaram os respectivos penaltes, colocando pela primeira vez a sua equipa na fase de grupos da Liga dos Campeões Africanos em Futebol.

 

O jogo em si, disputado num relvado sintético, não foi nada fácil. A equipa moçambicana sofreu a valer e chegou mesmo a pairar o espectro de um resultado desastroso, pois o BYC pressionou desde o primeiro minuto, procurando desfazer a desvantagem de 0-2 que trazia do jogo da 1ª “mão”.

 

As transições rápidas que já tinha mostrado na Beira voltaram a funcionar. A bola era muitas vezes lançada para as costas dos laterais Gervásio e Edson, principalmente este, e aí aconteciam os desequilíbrios que colocavam a defesa moçambicana constantemente em alvoroço.

 

Só para exemplificar, em 10 minutos o BYC já tinha beneficiado de três pontapés de canto, dois dos quais consecutivos.

 

Por essas alturas, quase nada saía bem para os campeões nacionais.

 

Houve apenas a registar uma incursão de Maninho, mas sem qualquer sequência, pois o seu remate saiu fraco e para uma defesa fácil do guarda-redes liberiano.

 

No meio-campo, o tridente constituído por Amarachi, Andro e Fabrice não conseguia pegar na bola e, como resultado, os avançados Maninho e Dayo não tinham espaço para tentar furar a defesa contrária.

 

Os liberianos, que tinham a sua presidente Ellen Jonhson e a antiga estrela do futebol mundial George Weah a assisti-los, estavam por demais incentivados também pelo imenso público presente nas bancadas, pelo que carregaram no acelerador até que, aos 18 minutos, surgiu o primeiro golo da contenda.

 

Cruzamento para o interior da área, onde surgiu Bility, um jogador alto, que saltou mais que Amorim e Mambucho e cabeceou para o fundo da baliza. Ficou a impressão de que Willard podia ter feito melhor.

 

Os jogadores do BYC foram eles mesmos a buscar a bola dentro da baliza à guarda de Willard para a colocarem no centro do terreno, como que a demonstrar que queriam mais golos para passarem a eliminatória.

 

Com o golo, os liberianos aceleraram à procura do segundo, que veio a acontecer na marcação de uma grande penalidade aos 40 minutos, a castigar mão de Mambucho à bola, na sequência de um lance confuso no interior da árealocomotiva.

 

Na resposta, Chelito teve uma situação em que evitou com mestria um contrário, mas rematou muito fraco, permitindo defesa fácil do guarda-redes contrário.

 

SEGUNDO TEMPO MAIS CONSEGUIDO

 

Perante o fraco desempenho da sua equipa na primeira parte, era de esperar que Aleixo Fumo promovesse alterações.

 

Isso não aconteceu durante o intervalo, mas cinco minutos depois de iniciar o segundo tempo, com as entradas de Babo e Mussa para os lugares de Amarachi e Chelito, respectivamente.

 

O nigeriano teve uma ligeira lesão no treino realizado em Maputo e pode terá se ressentido disso neste jogo, pelo que o seu rendimento esteve realmente longe do desejado e exigia-se que Mussa tivesse mais capacidade de segurar a bola e fazer jogar a equipa.

 

De Babo esperava-se que, ao contrário de Chelito, pudesse encontrar formas de furar a defesa adversária.

 

O certo é que a equipa nacional melhorou substancialmente na sua prestação e como fruto disso conseguiram forçar o seu primeiro pontapé de canto nesta fase do desafio.

 

Enquanto isso, os liberianos perdiam algum fulgor nas suas manobras ofensivas, talvez já a acusarem algum desgaste físico, resultado do esforço que tinham empreendido na primeira parte. Mesmo assim, continuaram ligeiramente na mó de cima.

 

O Ferroviário realmente melhorou e começou a chegar com mais frequência à área contrária, onde as fragilidades defensivas que o Barrack já tinha demonstrado na Beira voltaram a vir ao de cima, só que nem Maninho, assim como Dayo, os dois jogadores mais adiantados em campo, tinham inspiração suficiente para criar situações de real perigo.

 

Vendo o tempo a passar, os liberianos, num último suspiro, tentaram voltar a forçar a barra, mas os jogadores moçambicanos batiam-se com muita galhardia, protegendo a sua baliza, até que se chegou ao fim dos 90 minutos.

 

Quando já se adivinhavam as grandes penalidades, eis que o técnico Aleixo Fumo jogou então o golpe de mestre, fazendo entrar o heróico Soarito. Mas não foi só porque Soarito é o tal defensor de penaltes, foi também porque Willard não estava bem fisicamente e teve várias vezes de receber assistência médica no relvado.

 

Mas foi o que realmente aconteceu. Pela equipa moçambicana, como já dissemos, marcaram Mambucho, Dayo, Edson e Andro, enquanto que do lado do BYC apenas Kennedy converteu. O guarda-redes Sembeh e Johweh viram o inspirado Soarito a defender. Já não foi necessário marcar a quinta penalidade por parte do Ferroviário da Beira, que assim passou para a fase de grupos da Liga dos Campeões Africanos.

 

A arbitragem da líbia foi simplesmente exemplar. Fez um trabalho a todos os títulos louvável. Mohamed Omara deu uma lição de rigor e isenção muito raras em África. Os liberianos, que esperavam condescendências da sua parte, ficaram muitas vezes desiludidos porque ele esteve sempre do lado da justiça. Vale lembrar um lance em que Chelito cometeu falta sobre um adversário que ficou estendido no relvado, o árbitro chamou o atleta moçambicano e lhe instruiu a pedir desculpas ao seu adversário e lhe ajudar a levantar. Foi um regalo ver este árbitro.

 

FICHA TÉCNICA

Estádio Antoinette Tubman,em Monróvia

Assistência:certo de três mil espectadores

Comissária da CAF:Latre-Kayl Edzon, do Togo

Árbitro:Mohamed Omara, auxiliado por Attia Amsaad e Wahed Al Jahame (Líbia)

Quarto árbitro: Ashref  Balsous (Líbia)

 

Acção disciplinar:cartão amarelo para Bility, Kennedy e Abraham (BYC) e, ainda, Fabrice, Mambucho, Mussa e Maninho (Fer. Beira)

 

Golos:Bility e Kennedy marcaram os golos do BYC

 

Penalidades:Mambucho, Dayo, Edson e Andro marcaram os golos do Fer. Beira, enquanto que Kennedy jogador do BYC a converter o seu penalti

 

BYC – 2 (1)

Sembeh

Kennedy

Varney

Jetoh

Kamara

Abraham (56’)

Bility

Saydee (78’)

Tweh

Harman

Paye

 

SUPLENTES UTILIZADOS

Johweh (56’)

Dukuly (78’)

 

NÃO UTILIZADOS

Tart

Williams

Randy

Morris

Sporo

 

FER. BEIRA – 0 (4)

Willard (85’)

Gervásio

Amorim

Mambucho

Edson

Chelito (60’)

Amarachi (70’)

Fabrice

Andro

Maninho

Dayo

 

SUPLENTES UTILIZADOS

Soarito (85’)

Babo (60’)

Mussa (70’)

 

NÃO UTILIZADOS

Cufa

Nely

Áurio

 

TREINADOR

Aleixo Fumo

 

Eliseu Bento, em Monróvia, especial para o “desafio”

 

 

Fonte:Desafio