Simango Jr., a propósito do estado actual do futebol nacional

MOÇAMBIQUE só pode alcançar resultados positivos no futebol, quer a nível interno, quer no plano internacional, se se trabalhar com metas e objectivos, em certos intervalos temporais (prazos) e com o envolvimento de todos.
As palavras são de Alberto Simango Jr., presidente da Liga Moçambicana de Futebol (LMF), em entrevista ao “Notícias”, na qual acrescenta que o nosso desporto-rei carece de investimentos a todos os níveis. Porém, o nosso interlocutor é de opinião que mesmo com estas vicissitudes o nosso país tem tudo para ombrear com qualquer equipa ou selecção do mundo, porque talentos existem só não são devidamente encaminhados.
“Penso que o nosso futebol está a caminhar dentro das condições que temos actualmente. Quando digo isso estou a falar dos clubes e associações. O que nós temos tido reflecte realmente os investimentos que estão sendo feitos, pois, como já o tinha dito, continuamos a ser a Liga mais pobre do mundo, o que não é normal no futebol moderno, porque todas as ligas têm financiamentos mais fortes, e obviamente também que os clubes são mais fortes.
Quando há uma força financeira as actividades alargam-se, mesmo na componente formação. Aliás, há uma boa formação, bons treinadores para a formação e daí podem nascer bons atletas. Estamos no século XXI e as coisas devem ser feitas a este nível. Para aquilo que é o investimento que temos vindo a ter, estamos a fazer algum esforço.
É verdade que o futebol é um fenómeno contagiante, de que todas as pessoas se apaixonam e se emocionam, mas volto a frisar que é preciso levar-se isto muito a sério. Em todas as fases, desde os amadores até aos profissionais. Mas pela impressão que tenho penso que somos capazes de competir ao mais alto nível e com qualquer selecção do mundo, com qualquer equipa do mundo.
Para atingirmos este patamar primeiro temos que aprimorar a organização. Sermos mais eficientes connosco mesmos em todos os escalões de forma gradual, sobretudo olharmos com muita atenção a parte de formação. Determinarmos o que queremos, com metas, traçando objectivos; o que queremos daqui a dois anos, ou daqui a cinco anos. Irmos buscar talentos, fazermos aproveitamento. Se estivermos recordados, temos o BEBEC, mas em mais de 10 anos não está a trazer frutos.
A última referência que temos do BEBEC é o Dário Monteiro, por exemplo. Agora temos muitos torneios, Copa Coca-Cola, Jogos Escolares, futebol nos bairros, por aí fora, onde brotam talentos, mas o seu aproveitamento e enquadramento não tem sido feliz. Não tem sido bem estruturado. É preciso afinarmos a máquina, digamos assim, a todos os níveis, para que o aproveitamento destes talentos seja acompanhado e nós temos uma base de dados a todos os níveis. Há um conjunto de coisas que não estão afinadas para irmos buscar os talentos onde brotam.
Contudo, julgo que querendo podemos lá chegar pois são coisas que conhecemos, sabemos onde estão, não precisamos de importar nada. Temos conhecimento, temos capacidade, quando muito podemos ir buscar no estrangeiro alguma formação nos técnicos com mais capacidade para virem nos transmitir conhecimentos, mas o resto temos aqui as universidades têm tirado quadros com formação superior para fazer face a estes desafios”.
Fonte:Jornal Noticias