Onda vermelha na primeira queda no “Zimpeto”
NA tarde de sábado todos os caminhos iam dar ao Zimpeto. Logo de manhã era visível a romaria ao Estádio Nacional em diversos bairros e vias de acesso das cidades de Maputo e Matola.
Zimpeto vestiu-se de vermelho, mais de 42 mil almas estiveram presente do chamado jogo do ano que resultou na primeira derrota de Moçambique naquele recinto inaugurado a 23 de Abril de 2011.Nas imediações do Estádio, a correria era enorme, com muita gente à procura de bilhetes e outra ainda nos carros a cumprir com o tráfego, que por acaso era bastante intenso.
Enquanto se aguardava pela hora do jogo, almoçava-se nas várias tascas improvisadas e consumia-se diferentes bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Era um frenesim total, as senhoras do comércio informal facturaram, e como, com preços especulados, algo típico naquele tipo de situações.
Os vendedores de camisetas e bandeiras não deixaram os seus créditos em mãos alheias, deram o seu máximo e foram para casa com os bolsos cheios.A Polícia de Trânsito teve muito trabalho naquela tarde, sobretudo a partir das 14:00 horas. Longas filas de carros quase todos direccionados ao Estádio Nacional preenchiam as estradas, mas as estradas e vias de acesso estavam também cheias de peões que rumavam ao Estádio.
A partir das 15.00 horas, o ambiente no interior do recinto do jogo era frenético, já era possível adivinhar uma enchente, como aquela que se verificou a 03 de Agosto frente à Tanzânia.
Quando chegou a hora dos hinos nacionais, o Estádio não estava completamente cheio, mas prometia estar. Cumpriu-se com um minuto de silêncio em memória do malogrado presidente zambiano, Michael Sata, que, entretanto, foi honrado com a vitória dos “Chipolopolo”.
Dez, 15 minutos depois do apito inicial, as bancadas já estavam completamente preenchidas e muita gente em pé. Não se sabe se a FMF terá mandado imprimir bilhetes que superam a capacidade do Estádio ou houve quem entrou debaixo da “mesa”.
A verdade é que o apoio à Selecção Nacional neste jogo, diga-se, foi “efectivo”, ou seja, os “Mambas” foram apoiados do primeiro ao último minuto, com barulho e muitos cânticos nas bancadas, diferentemente de outros jogos em que a equipa é apenas apoiada nos momentos bons.
Doutro lado do recinto, a venda de vuvuzelas era muito rentável, pois muitos adeptos compraram aqueles instrumentos para intimidarem os zambianos. As vuvuzelas fizeram a sua parte no jogo, foram soprados do primeiro ao último minuto.
Apesar de uma primeira parte pouco interessante da Selecção Nacional, o público sempre acreditou nos “Mambas”. A pressão aos zambianos era maior, entretanto, estes pareciam estar pouco preocupados com isso e faziam o seu jogo e vezes sem conta visavam com perigo a baliza de Ricardo Campos.
Veio a segunda parte, a Selecção continuou a receber a ovação do público. Os “Mambas” melhoram de rendimento, o barulho nas bancadas intensifica-se, sobretudo quando se assinalou o maldito penalte falhado por Dominguez.
A partir daí o ambiente começou a ser ameno. A vibração reduzia, afinal o momento do jogo estava a chegar; golo da Zâmbia, derrota de Moçambique, mais uma frente ao vizinho, por sinal o maior carrasco do futebol nacional.
Aliás, não há selecção que já derrotou mais vezes os ”Mambas” que a Zâmbia, arriscamos dizer.A primeira vitória sobre a Zâmbia no jogo oficial não surgiu para a desilusão de milhões de moçambicanos, que mesmo não estando no ENZ acompanharam o jogo a par e passo via televisão e rádio.
No final da contenda, que conferiu o apuramento aos “Chipolopolo” para mais um CAN, a desilusão do Zimpeto era maior, desde o público até aos dirigentes que se fizeram em massa ao Estádio Nacional. Enfim, são coisas de futebol. Caímos em terra e sem glória...
Perdemos mas a vida continua. Terminou o desafio, seguiu-se a um tremendo sofrimento para se sair do estádio devido ao congestionamento do tráfego. Muitos, mas muitos carros, uma espécie de muita areia para um camião.
Cerca de uma hora depois a Polícia de Trânsito conseguiu minimizar a situação, as pessoas puderam, finalmente, aliviar-se das longas filas de viaturas rumo às respectivas residências ou casas de pastos para enxugar as lágrimas.
A Selecção Nacional não cumpriu com a missão, mas cumpriu com o dever. Quanto ao público, este sim, cumpriu com a sua missão de apoiar a equipa, mesmo nos momentos amargos, aliás, mesmo quando faltavam poucos minutos para o final do desafio, os adeptos dos “Mambas” ainda acreditavam que outro resultado era possível, até porque ninguém imaginava que aquela tarde seria do primeiro desaire no Estádio Nacional do Zimpeto, e logo frente ao nossos principal carrasco!
SÉRGIO MACUÁCUA
Fonte:Jornal Noticias