Odélia Mafanela: a senhora dos cinco anéis
Sentiu, em cinco ocasiões, aquele frémito de emoção a o erguer a Taça dos Clubes Campeões Africanos de basquetebol em seniores femininos.
Recordista, Odélia Eusébio Mafanela jubilou no Cairo, Egipto, ao açambarcar o quinto anel individual na sua carreira, um feito apenas por si conseguido. É obra, caros patrícios. Nunca houve registo tão ganhador quanto de "Mafa".
Com média de 14.0 pontos/jogo–foi segunda melhor marcadora do Ferroviário de Maputo- 8.3 ressaltos, marca apenas superada por Ingvild Mucaro com 8.8 em seis jogos, Odélia Mafanela foi de extrema importância para o “bi”.
Combativa, Odélia Mafanela contribuiu com 22 pontos e sete ressaltos (quatro ofensivos e três defensivos) no decisivo jogo com o Interclube.
No final, e merecidamente, foi indicada para o cinco ideal da competição juntamente com a compatriota Ingvild Mucauro, Astou Traore, Kelsey Mitchell e Shawnta Dyer.
Mas onde e como tudo começou? Corria o ano de 2017.
Maputo, ou melhor, o pavilhão do Maxaquene acolhia no seu bojo a fase final da Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol. Orientada pelo metódico Nasir “Nelito” Salé, a equipa do Desportivo de Maputo conquistava África com uma vitória na final diante do 1º de Agosto de Angola, por 64-47.
A 28 de Outubro de 2017, Odélia Mafanela conquistava o primeiro dos cinco títulos africanos de clubes, numa equipa da qual faziam ainda parte Anabela Cossa, Salimata Diata, senegalesa que foi indicada MVP; Anta Sy, Cátia Halar, Crichúlia Monjane, Diara Dessai, Josefina Jafar, Luísa Nhate, Nádia Rodrigues, Odélia Mafanela, Salimata Diatta, Sílvia Neves e Valerdina “Dina” Manhonga.
Estava, de resto, escrito que viriam mais anéis. Ano seguinte, em Nairobi, Quénia, voltou a campear. Novamente com as cores preto-e-branco, Desportivo de Maputo, Odélia Mafanela chegou a final na qual bateram o 1º de Agosto, por 70-63. Yolanda Jones, a americana contratada por Nelito, foi preponderante neste jogo com um duplo-duplo: 27 pontos e 15 ressaltos.
Envergaram o “jersey” do Desportivo de Maputo, nesse ano, as seguintes atletas: Diarra Dessai, Yolanda Jones (americana), Deolinda Ngulela (eleita MVP), Sokhna Sy (senegalesa), Tânia Wachene, Aleia Rachide, Leia “Tanucha” Dongue, Filomena Micato e Cátia Halar.
Foi preciso esperar três anos para que Odélia Mafanela voltasse a conquistar a Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol em seniores femininos.
Até porque, em 2009, o Desportivo de Maputo falhou a revalidação do troféu ao perder nas meias-finais com Abidjan BC, por 60-49. Consolou-se com o terceiro lugar, após vitória sobre o Interclube por 57-50. Em 2010, em Bizerte, na Tunísia, chegou-se à final mas caiu-se aos pés do 1º de Agosto de Angola por 77-63.
Em 2011, nenhuma equipa moçambicana se fez presente a Lagos, Nigéria, palco desta competição continental de clubes.
Voltou ao pódio em 2012, em Abidjan, na Costa do Marfim. Desta feita, vestindo as cores da extinta equipa da Liga Desportiva, Odélia Mafanela açambarcou o seu terceiro anel quando a equipa orientada por Nasir “Nelito” Salé vencue na final o Interclube de Angola, por 53-43.
Clarrise Machanguana foi MVP, numa prova na qual o Desportivo de Maputo se apresentou com as seguintes atletas: Anabela Cossa, Aya Traore, Cátia Halar, Clarisse Machanguana, Deolinda Ngulela, Filomena Micato, Ingvild Mucauro, Jazz Covington, Leia Dongue, Odélia Mafanela, Rute Muianga, Valerdina Manhonga.
Em 2013 e 2014, o campeão nacional de basquetebol sénior feminino não participou na competição.
Antes mesmo de voltar a conquistar a competição, açambarcou uma medalha de bronze em 2015, em Luanda, Angola, quando o Ferroviário de Maputo venceu o First Bank da Nigéria (71-54) no jogo de atribuição do terceiro lugar.
Foi vice-campeão nacional em 2016, em Maputo, numa competição em que o Interclube derrotou na final o Ferroviário de Maputo, por 67-49.
Ano seguinte, em Luanda, Angola, votou a falhar a conquista do título. O carrasco foi o 1º de Agosto, adversário que bateu na final o Ferroviário de Maputo por 65-51. Não desfaleceu. Pelo contrário: voltou a trabalhar arduamente para que as “locomotivas” conquistassem o título.
Na reedição da final de 2016 com o Interclube, o Ferroviário de Maputo “vingou-se” e conquistou o seu primeiro título ao vencer as angolanas por 59-56. Era o terceiro título de Odélia Mafanela nesta competição, ela que havia sido mãe pouco antes da competição.
Finalmente, este ano, Odélia Mafanela bateu o recorde de conquistas nesta prova com o seu quinto título. Foi, curiosamente, com uma vitória sobre a formação do Interclube de Angola por um ponto: 91-90.
Vice-campeã em 2013, presença no Mundial de 2014
Odélia Mafanela estreou-se na selecção sénior feminino de basquetebol em 2009. Mafanela disse, em entrevista à Stv ano passado, sentir-se honrada por fazer parte do grupo das atletas mais experientes e por ter partilhado a quadra com a retirada Clarisse Machanguana, única jogadora moçambicana que já evoluiu na WNBA. “Sinto-me honrada por ter partilhado a quadra com alguém que considero uma ídola, a Clarisse Machanguana. Foi um momento único para mim, pois aprendi muito dela. Agora faço parte do leque das jogadoras mais experientes da selecção nacional e isso me satisfaz. É tão bom estar nessa posição”, disse na altura.
Em Setembro de 2014, representou a selecção nacional no Campeonato do Mundo de Basquetebol, prova que teve lugar na Turquia. “Para nós foi um momento único.
Fomos para Turquia a pensar que íamos assistir as outras a desfilarem a sua classe, mas aos poucos fomos nos apercebendo que era possível fazer mais que o que esperávamos”, explicou Odélia Mafanela.
Fonte:Opais