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centro de documentação e informação desportiva de moçambique

Este blog tem como objectivo difundir a documentação de carácter desportivo

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O que significa “crise” caro Adelino Xerinda?

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Lembro-me como se fosse hoje quando, em 1995, o falecido Carlos Duarte convocou a Imprensa para anunciar a crise na qual o Desportivo de Maputo se encontrava mergulhado, numa altura em que a sua integração à instituição que hoje é conhecida por Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos. Clamou pelo envolvimento dos associados e toda a alma “alvi-negra”, para se tentar pôr cobro à situação.

 

Em reconhecimento desta crise, muitas figuras se foram juntar, como casos de José Craveirinha, Guilherme Cabaço, Boaventura Langa Cossa (já falecidos) Mário Machungo, Neves Correia e outros mais. Uniram as forças. Convocaram eleições, pois nessa altura, o Desportivo já não tinha direcção, em razão das desistências dos seus anteriores membros, com Carlos Duarte a bater com a porta. E Boaventura Langa Cossa foi eleito presidente da Direcção, tendo como vice-presidente Naves Correia, actual vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga Moçambicana de Futebol. O Dr. Mário da Graça Machungo ficou Presidente da Mesa da Assembleia Geral “alvi-negra”.

 

Meteram mãos à obra e os frutos apareceram. Sob o comando técnico de Miguel dos Santos, o Desportivo ganhou o Campeonato Nacional, derrotando na final, o Ferroviário de Maputo, em pleno Estádio da Machava. E a crise estava declarada!

 

Este ano, de 2015, o Desportivo entrou com ambições e objectivos bem claros. Ou seja, depois que Antero Cambaco não teve oportunidade de fazer, ele mesmo, o plantel. O executivo de Michel Grispos conferiu-lhe esta responsabilidade. Começou o ano. Os resultados não apareceram e, num exercício que me pareceu ter a ver com a preocupação com vitórias, houve a chicotada, chamando-se um outro ”alvi-negro” de coração, Dário Monteiro. No início, tudo parecia rosas. Mas havia espinhos. Meses sem salários. Nem foi necessário recorrer-se a bruxos, porque o próprio treinador fez questão de informar que os seus jogadores não recebiam seus salários havia tempo anormal.

 

Pessoas de boa fé solidarizaram-se com os jogadores e ofereceram cesta básica, para, no mínimo, os jogadores se apresentassem em condições físicas para se prepararem para batalhas seguintes. O acto foi público, porque pública, também era a dívida eu a direcção do Desportivo tinha com os seus jogadores. Mas a verdade é que não é normal. 

 

Muito anormal, no meio de todo este enredo (rezo para que tenha um fim imediato) é que o senhor Adelino Xerinda (meu grande amigo!) apareça a dizer, para este semanário, que no Desportivo não há crise. Tremenda falta de respeito! Quem não sabe o que é falta de comida na mesa? Quem não conhece dor da fome? Talvez o meu amigo Adelino Xerinda, ao ponto de admitir que um jogador não receba salário depois do 31º dia, dizendo que não há crise!

 

Como pode, um gestor desportivo (se o for, de facto), admitir que os compromissos transitem para fases seguintes, conhecendo a precisão com os fenómenos desportivos ocorrem? Xerinda estaria em condições de admitir a alteração da hora de um jogo, nem que fosse por 15 minutos? E como pode admitir que os salários atrasem? E, como se isso fosse pouco, vir a público dizer que “está tudo bem” (aspas são minhas)! De muitas, uma: ou não conhecemos a língua portuguesa, ou não temos respeito, ou somos hipócritas, ou…

 

Mas, talvez perguntar mesmo a Adelino Xerinda, o que significa crise, para contextualizarmos com as vicissitudes por que passa o Desportivo de Maputo. Com todo o meu fair-play.

 

PS: Já se fez alguma coisa pela equipa de basquetebol que ganhou, convincentemente, os campeonatos da cidade da Cidade de Maputo e nacional de basquetebol masculino? 

 

César Langa

 

Fonte:Desafio