O ano do regresso ao olimpo de África?
O segundo lugar alcançado, ano passado, pelo Ferroviário de Maputo na Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol em seniores femininos e a boa prestação das atletas moçambicanas a evoluir nos EUA (sete) e Espanha (uma) abrem excelentes perspectivas em relação ao desempenho da selecção nacional da categoria este ano.
Acresce-se, a estes pontos positivos, o regresso à forma de Anabela “Tsunaminha” Cossa (melhor triplista da Taça dos Clubes Campeões Africanos, em 2016) e Odélia “Mafa” Mafanela (deu boas indicações no seu regresso à quadra um mês após ter sido mãe).
Atletas que o pódio as viciou, pelo que habituadas a vencer. Foram campeãs africanas de clubes em três ocasiões: 2007 e 2008 (Desportivo de Maputo) e 2012 (extinta Liga Desportiva de Maputo).
Com estrada em África, Anabela Cossa e Odélia Mafanela marcaram presença nos “Afrobaskete” do Mali, em 2011; Madagáscar, em 2009, e Senegal, em 2007.
A sua experiência permite-lhes salpicar qualidade e consistência.
O presente do Futuro
Se em 2015, nos Camarões, as expectativas de manter o celebrado segundo lugar alcançado dois anos antes em Maputo goraram devido à renovação da selecção (apenas cinco das 12 jogadoras que brilharam em Maputo disputaram o “Afrobasket” em Yaoundé), este ano a música pode ser outra. Em palco diferente, pois claro: Mali.
Sim. Porque, na verdade, as seis estreantes no Campeonato Africano de Basquetebol em seniores femininos de 2015, nos Camarões, (Dionilde “Nucha” Cuambe, Vilma Covane, Elisabeth Pereira, Isabel Mavamba, Ornela Mutombone e Iliana Sheila) ganharam nos últimos dois anos outro traquejo competitivo que lhes confere mais jogos nas pernas e maturidade.
Dionilde “Nucha” Cuamba, poste de 23 anos, deu nas vistas na A Politécnica com excelente capacidade de jogar de costas e cara para o cesto.
É uma jogadora com capacidade de luta debaixo das tabelas, tendo, em 2015, reforçado o Ferroviário de Maputo na Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol em seniores femininos, prova em que as “locomotivas” ocuparam o terceiro lugar.
Ao nível internacional, conta ainda com uma participação ao serviço da A Politécnica nas universíadas mundiais, na Coreia do Sul.
Ano passado, credo (!), foi preterido por Leonel Manhique da fase final da Taça dos Clubes Campeões Africanos, certame no qual o Ferroviário de Maputo terminou em segundo lugar.
Formada no Ferroviário de Maputo, passou pelas selecções de formação, tendo, em 2014, conquistado a medalha de prata nos Jogos do SCASA no Zimbabwe.
Nessa promissora selecção faziam parte atletas como Neide Ocuane, Clitan de Sousa e Manuela Dora (hoje a jogarem no basquetebol universitário norte-americano) e Chanaia Pinto (Portugal).
No último “Afrobasket”, Nazir “Nelito” Salé, seleccionador nacional, lançou a atleta nos jogos contra Camarões (contabilizou 14 minutos na quadra com dois ressaltos defensivos), Uganda (21 minutos na quadra), África do Sul (entrou no cinco inicial e fez 16 minutos), Mali (oito minutos na quadra), Gabão (nove minutos na quadra).
Já nos quartos-de-final, diante da Nigéria, a jovem poste simplesmente não foi chamada a quadra. Nas classificativas do 5.º ao 8.º lugares contabilizou sete pontos no encontro em que as Samurais derrotaram o Egipto, por 99-76.
No último jogo da selecção nacional nesta competição - diante do Mali -, Vilma Covane voltou a não ser utilizada por Nazir Salé.
Elizabeth Pereira: da sombra à afirmação
Durante alguns anos a viver na sombra das craques que despontaram no Desportivo de Maputo, onde durante muito tempo foi segunda opção, finalmente Elisabeth Pereira assumiu-se como atiradora.
Campeã africana pelo Desportivo de Maputo e Liga Desportiva, e com a vantagem de Nazir Salé, seleccionador nacional, conhecer o seu potencial, a extremo ganhou notoriedade no Costa do Sol e foi contratada pelo Ferroviário de Maputo para disputar a fase final da Taça dos Campeões Africanos, em 2016.
No “Afrobasket” dos Camarões, Elizabeth Pereira fez todos os jogos da primeira fase da prova: Camarões (15 minutos); Uganda (10 minutos); Mali (cinco minutos); África do Sul (16 minutos); Gabão (13 minutos); Nigéria (quartos-de-final, permaneceu na quadra três minutos) e Egipto (classificativas do 5.º ao 8.º lugar). Somente não fez o jogo das classificativas do 5.º e 6.º lugares frente ao Mali.
Fonte:Opais