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centro de documentação e informação desportiva de moçambique

Este blog tem como objectivo difundir a documentação de carácter desportivo

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“Mambinhas” seguem em frente!

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CÉSAR, o jovem guardião da Selecção Nacional de futebol de sub-23, foi quem abriu o caminho para que os “Mambinhas” transitassem, no sábado, da primeira eliminatória de qualificação para os Jogos Olímpicos ao derrotarem, no Nakivubo Stadium, em Kampala, a sua congénere de Uganda, por 4-1, na lotaria de grandes penalidades, depois do empate a zero bolas no final do tempo regulamentar.

 

Com este resultado, as “Esperanças”, assim como é apelidada a Selecção Nacional de sub-23, vai defrontar na próxima etapa o Gana, em princípio em finais deste mês. Caso o combinado nacional transite frente aos ganenses, ganha acesso directo para os Jogos Africanos Brazzaville-2015, que servirão de trampolim para os Jogos Olímpicos de Rio de Janeiro, em 2016.

 

CÉSAR TRANQUILIZA COMPANEHIROS DE LUTA

 

O guarda-redes moçambicano defendeu duas das três tentativas e, deste modo, não houve necessidade para mais nada, pois Gildo, Luís, Norberto e Clésio não deixaram os seus créditos em mãos alheias ao converterem com êxito as primeiras quatro grandes penalidades deixando os ugandeses cabisbaixos.

Aliás, como disse antes, César acabou sendo o jovem que desvendou o mistério que prevaleceu até ao fim dos 90 minutos regulamentares sobre quem seguiria em frente na corrida, depois do empate também a zero bolas registado no jogo da primeira “mão”, em Maputo.

 

É que tudo indicava para um prolongamento de 30 minutos como tem sido apanágio quando o vencedor não é encontrado até ao fim do tempo regulamentar nas duas mãos. Porém, a equipa de arbitragem deverá ter recorrido ao regulamento específico, portanto pouco comum, quando decidiu pela marcação de grandes penalidades ao fim das quais o combinado nacional saiu vitorioso, quando César, chamado primeiro aos postes, negou o golo ao capitão Miya Farouk, cedendo no segundo convertido por Malego, para, de seguida, negar com unhas e garras a tentativa de Derrick Nsibambi, abrindo espaço para que o capitão moçambicano Clésio desse a machadada final com um tiro bem colocado para o gáudio dos rapazes da pérola do Índico.

 

Foi o fim do sofrimento perante uma batalha bem dura, que obrigou os moçambicanos a fazerem das tripas o coração perante todas as adversidades, começando do próprio terreno acidentado e impróprio para a prática do futebol, mas estrategicamente escolhido pelos ugandeses para lograrem os seus intentos, que, no entanto, encontraram a devida resposta da rapaziada liderada por João Chissano.

 

Consciente das dificuldades que encontraria no terreno alheio, o seleccionador nacional fez uma cortina a partir do meio-campo adversário para fechar as linhas de passe e arrancar em contra-ataque. Clésio e Manucho, os jogadores mais adiantados da turma moçambicana, estavam mais apoiados ao meio-campo e só arrancavam em situações de contra-ataque e quando na posse de bola, tentando explorar o seu tecnicismo para baralhar a defensiva caseira.

 

Mas quem estrategicamente se saiu bem foi Clésio, que, com a elevada técnica individual, chamou a si uma forte vigilância por parte dos centrais ugandeses, tornando-se numa forte dor de cabeça. Mas faltou-lhe apoio sobretudo do seu companheiro de ataque e teve que recorrer nalgum momento aos seus arranques habituais, deixando em pânico o reduto mais recuado dos caseiros, principalmente na segunda metade da contenda.

 

A turma moçambicana esteve ligeiramente amarrada na primeira parte, situação que permitiu que os ugandeses aproximassem mais vezes ao seu último reduto. Nessa altura o meio-campo moçambicano estava muito condensado.

 

Apesar da forte luta pela posse de bola, perdia tanto nas recuperações e procedia com alguma precipitação nas tentativas de saída oferecendo o esférico ao adversário. Sorte porque nessa altura o combinado nacional jogada em direcção à baliza na zona mais baixa do rectângulo, mas a explorar pouco este factor que podia lhe ter permitido sair ao intervalo com algum alento.

 

Pelo contrário, os ugandeses, na situação inversa, é que melhor se organizaram, com um futebol mais articulado e assente no chão que lhes permitiu ir progredindo gradualmente ao ataque, obrigando a defensiva moçambicana a grandes intervenções e cometer algumas faltas que originaram lances cruciais de bola parada.

 

Com este ritmo favorável aos caseiros, o primeiro lance mais vistoso acabou pertencendo-lhes quando o meio-campista Oromchan Villa recebeu um centro projectado pela direita e, no interior da área, dominou e rematou, mas desenquadrado com a baliza. De seguida foi Derrick Nsibambi que atirou para as alturas mesmo na boca da baliza, em mais um centro atrasado do primeiro poste e a defensiva encontrada em contrapé.

 

Na segunda parte assistiu-se o despertar moçambicano e uma batalha mais dura, pois desta vez eram os ugandeses a descerem para a “zona sul”.  Porém, falharam na nova estratégia. Os bombardeamentos à área não foram a melhor opção, pois a defensiva moçambicana foi implacável. Salomão e Elias, que faziam a dupla de centrais, ganharam a luta nas alturas, enquanto Norberto e Hermínio, pelas laterais, sacudiam tudo quanto viesse e sobrasse. Mas antes houve tremedeira naquela sobra a seguir ao pontapé de canto em que Nsubuga Joseph atirou forte pouco por cima do travessão.

 

O capitão Miya Farouk foi a seguir solicitado no segundo poste, mas o remate saiu também pelas alturas. Daí por pouco os  moçambicanos teriam sido atingidos por balde de água fria, quando as mãos de César deixaram escapar uma bola que vinha fraquíssima rente sobre o relvado. Em causa pode estar o terreno acidentado, pois o “keeper” moçambicano foi, à semelhança de Clésio, o jogador mais notável, bastante seguro nos postes.

 

Depois disso, veio a reacção dos “Mambinhas”, com o recém-entrado Gildo (entrou para o lugar do esquerdino  Edmilson) a atirar à figura de Watenga Ismail na conversão de um livre. Mas a resposta ugandesa veio logo, com César a arrastar-se para travar um desvio na confusão dentro da pequena área que quase colocou a equipa da casa em vantagem, isto na sequência de mais um pontapé de canto aos 84 minutos. Depois foi a vista grossa do árbitro ao derrube de Clésio na grande área, quando se escapulia de dois contrários em direcção ao “keeper” Watenga Ismail. Daqui para frente se sucederam os bombardeamentos ugandeses e a resposta rígida da defensa moçambicana até ao apito final e, depois, a vitória do combinado nacional na marcação de grandes penalidades.

 

Sem ser completamente isenta, sobretudo ao usar um peso para duas medidas, sobretudo ao não assinalar algumas infracções a favor dos moçambicanos, o árbitro Jean Claude Fuengi não influenciou no resultado.

 

FICHA TÉCNICA

 

COMISSÁRIO da CAF - Tesfaye Gebreyesus da Eritreia

 

ÁRBITRO - Jean Claude Fuengi, auxiliado por Nabina Blaise Sebutu e Martin Mukaka. O quarto árbitro foi Numbi Pierre Kibingo, todos da República Democrática de Congo.

 

UGANDA – Watenga Ismail, Nsubuga Joseph, Kiyemba Isma, Sadat Kyambadde e Nkata Fred, Oromchan Villa (Malego), Miya Farouk, Kizito Keziron e Masiko Tom (Achema Robert), Yorus Ssentamu (Kizza Martin) e Derrick Nsibambi. 

 

MOÇAMBIQUE - César, Norberto, Elias, Salomão e Hermínio, Reinildo, Talapa, Naftal e Edmilson (Gildo), Manucho (Luís) e Clésio.

 

DISCIPLINA – Cartolinas amarelas a Reinildo e Naftal.

 

SALVADOR NHANTUMBO, em Kampala

 

 

Fonte:Jornal Noticias