OS jogadores do 1.º de Maio de Quelimane, equipa que representa Zambézia no Moçambola, estão há três meses sem salários, situação que origina problemas motivacionais, psicológicos e familiares.

Falando ontem à nossa Reportagem, os jogadores afirmaram que já não há condições de trabalho depois do afastamento da dupla Cesário Matos e Ernesto Fumo do comando técnico dos “operários”.

A equipa não está a treinar desde segunda-feira, e os jogadores estão demasiamente desmotivados. Alguns têm famílias por cuidar e não se vislumbra solução a curto prazo para o problema de salários em atraso.

Na condição de anonimato, alguns jogadores disseram que o presidente do clube, Zeca Sande, não tem poder suficiente para dirigir, havendo neste momento pessoas que interferem em tudo o que é gestão da colectividade, mas não resolvem os principais problemas, nomeadamente salários em atraso, prémios de jogo e alimentação.

O ambiente que se vive nos “operários” é de cortar à faca, e pede-se à direcção do clube para resolver os problemas salariais antes do reinício do Moçambola. Os mesmos jogadores afirmam não ver motivos para o afastamento dos dois técnicos porque a direcção nunca criou condições de trabalho à altura das exigências do Moçambola.

“Os dois treinadores, apesar dos problemas salariais, sempre conversaram bem connosco pedindo que nos concentrássemos no trabalho e que o problema dos vencimentos seria resolvido. Já não há motivação no clube”, disse um jogador abordado pela nossa Reportagem, pedindo intervenção do Governo, neste caso a Direcção Provincial da Juventude e Desportos, para ajudar a resolver o problema.

O inspector da Direcção Provincial da Juventude e Desportos, José Lobo, tentou ontem mediar, sem sucesso, o conflito entre jogadores e os gestores do clube. José Lobo tentou moralizar os jogadores que estavam concentrados no campo do Ferroviário, dizendo que dificuldades existem em quase todos os clubes, e pediu que os atletas reconsiderassem a sua posição, tendo em conta que o grande objectivo é a manutenção do 1.º de Quelimane no Moçambola.

Lembre-se que o Governo da Zambézia assinou um contrato-programa com o 1.º de Maio no início da época futebolística. Ao abrigo desse acordo, comprometeu-se a colocar à disposição do clube 1.500.000 meticais em tranches para assegurar a filiação e inscrição do clube e jogadores, aluguer de transporte, alimentação e estágios. Até este momento foram desembolsados 1.200.000 mil meticais. Este valor não inclui o pagamento de salários aos jogadores e trabalhadores do clube.

A equipa, que ainda não tem treinador, poderá não jogar na quarta-feira. Aliás, coloca como condição o pagamento de dois meses de salário, pois a situação dos jogadores é deveras preocupante.

Fonte:Jornal Noticias