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centro de documentação e informação desportiva de moçambique

Este blog tem como objectivo difundir a documentação de carácter desportivo

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Jéssica Cossa denuncia maus-tratos na selecção

 

A NADADORA Jéssica Cossa, uma das referências na natação moçambicana, detendo as melhores marcas nas especialidades de 50, 100 e 200 metros costas, denunciou ter sido vítima de maus-tratos na Selecção Nacional que representou, mês passado, o país nos Mundiais de Kazan, na Rússia.

 

A Atleta diz ter sofrido, durante os campeonatos mundiais, uma lesão grave no pé (tendão) e não ter tido o devido acompanhamento e assistência médica das pessoas responsáveis que acompanhavam a Selecção no evento.

 

A atleta acusou ser vítima de discriminação, porque, segundo afirmou, notou o desinteresse por parte da equipa (chefe da delegação e companhia) em relação ao seu estado, tendo, pela gravidade da lesão, resolvido o problema pessoalmente e na companhia do seu treinador particular, Patrício Vera, que também reside actualmente na Rússia.

 

Fui muito discriminada, porque tive uma lesão grave. Não sei se para outros não fosse grave. Sofri muito para nadar, porque o pé não se mexia devidamente. Fiquei alguns dias sem ir ao hospital por falta de companhia. Fiquei mal, já não conseguia andar e treinar por tanta dor, até que decidi, um dia antes da minha prova, ir ao hospital, porque já não aguentava e estava muito preocupada, visto que nadaria no dia seguinte. Notei, quando voltei do hospital, que não estavam satisfeitos por ter ido ao hospital. Isso influenciou muito nos resultados, não só por causa da lesão, mas também devido aostress” que tive. Nadei praticamente com um pé e, mesmo assim, fiz 1,04.96, nos 100 metros costas, tempo próximo da minha actual marca. Penso que teria feito mais. Não sei porque fizeram isso comigo”, comentou.

 

Jéssica Cossa disse, adiante, que a sua integração na Selecção não foi pacífica, tendo pesado as suas marcas.

 

Houve um grande conflito para a minha integração, porque os meus resultados não estão a ser valorizados e são alvo de desconfiança. Desde que recomecei a nadar, bati muitos recordes nacionais, mas nenhum foi publicado, os meus tempos não estão a ser valorizados. Quando a delegação chegou a Kazan, não fui contactada. Eu própria contactei-lhes e não fui informada sobre a cerimónia de abertura. Tive que ser eu a enviar mensagens ao secretário-geral para saber quando seria a abertura do evento. Penso que eles tinham a obrigação de me informar como atleta. Nunca me senti tão discriminada e desprezada. Tudo dava a entender que não me queriam na selecção. Mas se estou na selecção é por mérito, porque tenho os melhores tempos nacionais em costas”, frisou.

 

Uma das lamentações de Jéssica Cossa tem a ver com ajudas de custo. A atleta diz que recebeu 190 dólares, em notas de 10 dólares, às vezes rejeitados pelos bancos, enquanto os restantes integrantes da selecção receberam 200.

 

Porquê este tratamento diferente e nem me deram algum documento para assinar como comprovativo de que recebi”, lamentou.

 

ESTOU NO TOP-20 DA RÚSSIA EM COSTAS

 

Jéssica Cossa revelou que chegou em Dezembro do ano passado à Rússia e, já em Janeiro deste ano, fazia 1,09 minuto. Depois fez 1,06 e 1,04, sinal de que está a evoluir. Disse que se sente bem naquele país europeu e que tem recebido convites dos russos para vários campeonatos, porque têm acompanhado a sua evolução.

 

Por exemplo, agora faço parte do Top-20 da Rússia nos 50, 100 e 200 metros costas. Isto é muito bom para um nadador africano, tendo em conta o clima frígido que predomina na Rússia”. 

 

REFÉM DA ACREDITAÇÃO PARA INTEGRAR CLUBE RUSSO

 

Noutro desenvolvimento, Jéssica Cossa disse ser refém de uma acreditação da Federação Moçambicana de Natação (FMN) para poder se inscrever num clube russo, no qual está treinar e a competir, mas não de forma oficial, isto porque os seus resultados são melhores que muitos afectos à colectividade.

 

Fui à Rússia em 2013 e infelizmente tinha parado a minha carreira de nadadora por causa deste “stress” que ocorre em Moçambique. No ano passado, em Dezembro, decidi voltar a nadar acompanhada do meu treinador Patrício Vera, que também se encontra na Rússia. Para me inscrever num clube é necessário que a FMN mande uma carta, mas até hoje ainda não. Mesmo assim, a federação russa gosta de mim, porque já levantei bem alto a bandeira de Moçambique em muitas piscinas. Penso que todo mundo conhece a Jéssica Cossa e o que é Moçambique”, ressaltou.

 

Disse, adiante, que está a ser valorizada pelos russos, eles pedem-me para assinar autógrafos e é coisa diferente, porque quando eu estou no meu país só de alguma forma desprezada. A minha mãe fez, há bastante tempo, o pedido de uma credencial para eu poder ser inscrito no clube onde estou a treinar, mas infelizmente a carta da FMN ainda não chegou”, lamentou.

 

 

 

QUE FAÇA AS ACUSAÇÕES POR ESCRIT- EDGAR CHITSONDZO, SECRETÁRIO-GERAL DA FMN

 

O SECRETÁRIO-Geral da FMN, Edgar Chitsondzo, que chefiou a delegação para os Mundiais de Kazan, na Rússia, convidou Jéssica Cossa a fazer as acusações por escrito e remeter o documento ao Conselho de Disciplina da instituição. “Fora de participar sem autorização nas Universíadas de Guangjou, na Coreia do Sul, o comportamento dela não foi agradável na Rússia. Nós vamos nos pronunciar sobre Kazan em sede própria”, rematou. 

 

SALVADOR NHANTUMBO

 

Fonte:Jornal Noticias