Grande romaria à final inédita!
Moçambique na noite de sábado, no Estádio Nacional do Zimpeto, entre o Maxaquene e a UD Songo, que terminou com o triunfo da segunda equipa por 3-1, já se sabia que era inédita, mas o que surpreendeu muito é que havia uma afluência massiva do público, o que não é normal num jogo entre dois clubes nacionais em Maputo.
Quando eram 18.00 horas, ou seja, quando a partida estava a trinta minutos do início, não sobravam dúvidas quanto aos bons níveis de assistência. Muitos carros nas imediações e no interior do pátio do estádio. Muitas buzinas às pessoas que caminhavam a pé. Na porta principal havia muita pressão sobre os agentes (polícias e verificadores dos ingresso), pois o público - adeptos do Maxaquene na maioria - estava ávido em entrar. O esquema de venda paralelo de bilhetes não se fez de rogado. Negociantes flexíveis e com força para correr às malucas vendiam os bilhetes. Está a 50, sim 50 meticais. Recarga de 50? Quero dinheiro!
Era desta forma como o esquema funcionava. Ninguém conseguia parar aqueles senhores. O jogo estava quase, quase a iniciar. Havia muitos adeptos por entrar. Muitos queriam entar com os seus meios circulantes no recinto do estádio. Resultado? Muito congestionamento na única entrada reservada a veículos, com o agravante de muitos não reunirem condições para estar na referida fila, pois nem bilhetes ou convites para assistirem ao espectáculo tinham. Discussões com arrumadores e agentes da Polícia. Eram soltas algumas palavras menos bonitas; enfim, era um calvário...
O jogo iniciou com muita gente por entrar e, no interior, o coração ferve. Quase metade do estádio preenchido. Dezasseis a 17 mil pessoas nas bancadas. O Maxaquene, a tal equipa com mais adeptos, não só na contenda mas no país em geral, entra mal, mal mesmo. Numa assentada há uma sucessão de erros defensivos. Consequências? UD Songo faz três golos e cala até os “tricolores” mais optimistas. Os adeptos do Songo fazem festa rija, contra a natural desolação doutro lado.
Conhecidos pela sua devoção e amor ao clube, os “maxacas” ficam abalados, feridos no seu orgulho. A equipa deixa de ser apoiada, os jogadores insultados, o guarda-redes Guirrugo era o principal alvo. Quando chegou o intervalo, a confusão (já previsível) instalou-se no túnel de acesso aos balneários, entre a Polícia e os adeptos do Maxaquene, que insultaram que se fartaram. Na segunda parte, o ambiente melhorou, até porque o Maxaquene subiu de rendimento e até conseguiu o golo da consolação. No final foi festa para o Songo, muita cor e luz. O fogo-de-artifício coloriu ainda mais a festa. Mucuapel recebeu das mãos do Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, a taça, a primeira para o Songo na sua história.
Além do troféu, os “hidroeléctricos” encaixaram 550 mil meticais pela conquista, contra 350 mil dos “maxacas”. No Zimpeto, entenda-se relvado, a festa prolongou-se por mais de uma hora. No pátio e nas redondezas do estádio foi muito além. Enfim, é a força do futebol. Para o ano esperamos mais espectáculo nos nossos campos e mais “fair-play”.
No final do jogo, todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que ganhou a melhor equipa em campo e, mais do que isso, quem ficou a ganhar foi o futebol moçambicano.
Fonte:Jornal Noticias