Ferroviário de Nacala conquista Taça da Liga-BNI
O FERROVIÁRIO de Nacala conquistou, na tarde de ontem, a primeira edição da Taça da Liga-BNI, ao derrotar na final o Costa do Sol, por 5-4 na lotaria dos penaltes, após 0-0 no tempo regulamentar e no prolongamento da partida que teve lugar no mítico Estádio da Machava, que arrebentava pelas costuras, num ambiente de festa preparada ao pormenor pelos organizadores da competição.
Mais que vencer a primeira Taça da Liga, os “locomotivas” de Nacala conseguiram o seu inédito título de cariz nacional, num jogo em que foram dominados, tendo valido a sua determinação no capítulo defensivo, que ficou ainda mais forte com uma belíssima actuação do guardião Jonas.
Domínio “canarinho”
Com uma primeira parte perto do equilíbrio, embora o Costa do Sol tenha tido mais bola, as oportunidades de golo iminente foram escassas. Aliás os “locomotivas” optaram por jogar com muitas cautelas, entregando toda a iniciativa do jogo ao colosso costa do sol, num Estádio da Machava com muito público que coloriu a festa da final desta nova prova no calendário futebolístico nacional.
Entretanto, o desenho das jogadas ofensivas por parte dos “canarinhos” era feito de forma algo lento, e não raras vezes denunciado, o que facilitava a missão dos “locomotivas” que não precisaram de se aplicar a fundo para deter o perigo junto à baliza de Jonas.
Com um jogo afunilado, com as jogadas a começarem quase sempre do capitão Dário Khan ou Chimango, o Costa do Sol pode se queixar das alas pouco inspiradas, a esquerda com Rúben e a direita com Jojó.
Chimango teve de jogar na posição seis (trinco) devido à ausência de Gerson, um central de marcação que normalmente relega Manuelito (ontem “central”) a trinco.
Em face disso, os “canarinhos” saiam a perder na construção das jogadas ofensivas, pois o exímio Chimango estava algo recuado. Lá na dianteira, o desamparado Lineker estava perante dois latagões e pouco podia fazer.
Num dos raros lances bem desenhados, Rúben partiu a defesa “locomotiva” para assistir Lineker que chegou ligeiramente atrasado no confronto com Jonas, tendo este se apoderado do esférico. Num lançamento longo de Chimango, Jonas ‘e obrigado a sair dos postes até quase linha limite da área para um fazer uma defesa incompleta que evitou que Jojó ficasse isolado, e na recarga, Lineker de longe tentou um “chapéu” que saiu demasiado largo, passavam 24 minutos.
Até a estas alturas, o ferroviário havia ameaçado por duas vezes à baliza de césar, mas sem muito perigo. O intervalo chegou sem que nenhuma das duas formações descobrisse caminhos do alvo.
No reatamento, o Ferroviário intensificou ainda mais o jogo defensivo o que permitiu com que o Costa do Sol subisse as linhas, ao ponto de se instalar no meio-campo contrário.
Nesta etapa os “canarinhos” conseguem criar oportunidades claras de golo. Primerio foi por intermédio de Lineker que isolado por Rúben voltou a não ser lesto para bater o atento Jonas. Inconformado, Nelson Santos meteu Cosme no lugar do apagado Manucho. Boa aposta, pois Cosme dinamizou o ataque “canarinho”, mas não estava com pontaria afinada.
Numa jogada confusa iniciada na esquerda, Cosme surge isolado perante Jonas, mas este saiu determinado dos postes e evitou o golo. Três minutos volvidos, numa das melhores oportunidades do jogo, o mesmo Cosme, completamente isolado, vê o guardião “locomotiva” a sair dos postes, mas a sua biqueira desviou o esférico muito por cima.
Já sobre o minuto 90, Rúben teve tudo para matar o jogo e evitar o desgastante prolongamento mas atirou por cima, já sobre a linha limite da pequena área.
Com falhanços destes, o prolongamento foi inevitável. O costa do sol deu continuidade ao seu domínio, mas voltava a pecar no capítulo a finalização, que o diga Rúben naquele passe bem tirado por Kevin com o seu remate a sair desenquadrado, quando já se cantava o 1-0 nas bancadas da Machava que tinha quase meia casa cheia. Já á beira do minuto 105, o Ferroviário respondeu com um remate de Elias, do meio da rua, para a defesa atenta de César.
Na segunda parte do prolongamento a tendência do desafio não mudou. Aqui o Ferroviário de Nacala, uma vez mais por Elias, quase facturava, mas o seu avançado deslumbrou, cabeceando a bola ao lado depois de um bela cruzamento ido da direita. Os “canarinhos” voltaram a falhar em dose dupla, por Rúben, que viu os seus remates em posições privilegiadas a sair para fora com muito perigo.
Nos penaltes, Dário foi o primeiro na execução, tendo atirado para a base do poste direito. Os restantes jogadores o fizeram com perfeição. 5-4 foi o resultado final, uma vitória de sacrifício e perseverança dos “locomotivas”. Bhéu (Ferroviário) foi o homem do jogo.
FICHA TÉCNICA
ÁRBITRO: Simões Guambe, auxiliado por Osvaldo Jesus e Venastâncio Cossa. O quarto foi Ema Novo.
COSTA DO SOL: César; João, Dário, Manuelito, Dito, Chimango, Manucho (Cosme),M’fiki, Rúben, Jojó (Dainho) e Lineker (Kevin).
FERROVIÁRIO DE NACALA: Jonas; Norberto, Silva, Bheu (Joca), Pai (Joca), Chelito, Abú, Megas (Naftal), Ozias (Leandro), Marufo e Elias.
DISCIPLINA: amarelo para João (C.Sol)
SÉRGIO MACUÁCUA
Fonte:Jornal Noticias