Faltou-nos sorte - Ibrahim Chikondo, treinador adjunto do AZAM

O FERROVIÁRIO da Beira qualificou-se ontem à tarde no seu campo para a fase de eliminatórias da Taça CAF ao vencer o AZAM da Tanzania, por 2-0, rectificando assim o resultado negativo que havia conseguido há uma semana, em Dar Es Salaam, por 0-1. Ontem, jogando num campo completamente alagado os “locomotivas”, que não tiveram tarefa fácil, diga-se, conseguiram, em cada uma das metades, marcar dois golos por intermédio de Mário que foram o suficiente para ultrapassarem a pré-eliminatória.
Perante a intensa chuva que caia na Beira e arredores muitas pessoas chegaram a duvidar da realização do encontro mas o mesmo aconteceu só que num campo impróprio para a prática de bom futebol com muitas poças e com as algumas das linhas de marcação quase invisíveis.
Este facto, terá, de alguma forma, retraído algum público porque não se chegou a registar a verdadeira enchente que se esperava.Antes do embate, diga-se, foi observado um minuto de silêncio em homenagem a Mano, antigo jogador do Ferroviário, que este ano se tinha transferido do Têxtil do Púngue para o Desportivo de Nacala.
Voltando ao Ferroviário-AZAM, o jogo começou praticamente com o primeiro golo do Ferroviário apontado aos cinco minutos por intermédio de Mário que recebera um passe oportuno de Reinildo à entrada da pequena área.
Mas momentos antes o AZAM tinha dado um o primeiro sinal que ao chegar com perigo à área contrária onde surgiu um remate que passou por cima da baliza.
Depois do golo Ferroviário endiabrou-se então em campo e, puxado pelo público, partiu para cima do adversário mas este, a espaços, começou a mostrar alguns apontamentos dignos de realce como a força e a velocidade sobre a bola com Brian e Kippre, o primeiro ugandês e o segundo costa marfinense, ambos plenos de pujança e rapidez, a darem autenticas dores de cabeça principalmente a Butana e Edson.
É que de cada vez que os dois arrancavam os nossos laterais ficavam em terra e tinha que ser Emídio e Cufa e emendarem.
Nessa sequência, muito trabalho também começou a ter o guarda-redes Willard porque realmente não estava fácil travar os jogadores do AZAM, basta dizer que até aos 25 minutos tinham ganho quatro pontapés de canto e nesses e noutros lances de bola parada eram “maus” e criavam calafrios.Foi a melhor fase dos tanzanianos que já dominavam o jogo mostrando serem uma equipa bastante perigosa.
Com as coisas assim, o intervalo chegou quando o Ferroviário estava efectivamente a precisar dele pior ainda porque a chuva recomeçava.Pairava então um cenário algo sombrio para a segunda parte perante a forma como as coisas tinham terminado na primeira parte com os tanzanianos na mó de cima tanto mais que a zona do campo que iriam pisar na segunda metade se apresentava ligeiramente menos alagada.
Principiou então a etapa conclusiva já sem os pingos de chuva, que dava alguma trégua. Nenhuma equipa mudou os seus jogadores mudou sim a atitude do Ferroviário que já conseguia estancar as cavalgadas do adversário e foi mesmo a equipa moçambicana a primeira a chegar de forma perigosa ao último reduto contrário, com Mário a rematar mas a encontrar o guarda-redes contrário bastante atento.
Só que os tanzanianos não estavam para menos porque voltaram a subir no terreno e a mostrarem-se bastante exímios sobretudo nos pontapés de canto e por duas ou três vezes Willard teve que justificar a sua presença em campo.Diga-se que de cada vez que houvesse mais um canto o próprio público entrava em pânico porque o AZAM era um verdadeiro terror.
Numa dessas situações, o Ferroviário consegue sacudir a pressão e, por intermédio de Coutinho, lançou Mário em contra-ataque mas o “super” foi traído por uma poça que reteve a bola quando já se encaminhava para a baliza onde apenas estava o guarda-redes.
Logo a seguir outra oportunidade com Maninho a servir Henry e este a tentar um bonito de calcanhar que não resultou.Mas o melhor estava por vir: Nelito a ganhou uma bola e serviu Mário que, com o pé esquerdo, já dentro da grande área, marcou o golo da tranquilidade. Jogavam-se então 60 minutos.
Foi o delírio no estádio mas todos sabiam que qualquer golo dos tanzanianos deitaria tudo abaixo. E ainda havia muito tempo para jogar logo perante uma equipa perigosíssima como o AZAM já tinha dado provas.
Os 30 minutos restantes foram de um frenesim gritante em campo com os tanzanianos ainda por mais a refrescarem a sua equipa e a acreditarem que podiam marcar e o Ferroviário muito incentivado pelo seu público a segurar o jogo e a conseguir travar as saídas dos homens que vieram da Tanzania.
O grande perigo continuavam a ser os lances de bola parada e foi com o coração nas mãos que os moçambicanos viveram os últimos momentos do desafio inclusos os quatro de compensação que o árbitro deu.O resto foi a festa que se viveu nas bancadas quando o árbitro zambiano apitou pela última vez. Dizer que o senhor Wisdon Chewe teve tarefa facilitada e tudo lhe correu a contento.
ELISEU BENTO
Fonte:Jornal Noticias