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centro de documentação e informação desportiva de moçambique

Este blog tem como objectivo difundir a documentação de carácter desportivo

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Falta de preparação na origem do fracasso

 

A FALTA de preparação esteve na origem do fracasso da Selecção Nacional de Natação no Campeonato Africano da modalidade que, de 16 a 23 do mês em curso, juntou perto de 150 atletas em Bloemfontein, Free State, na vizinha África do Sul, em representação de 20 países do continente.

 

Apesar de a justificação da Federação Moçambicana de Natação incidir na falta de fundos e a consequente incerteza da concretização do desejo de retomar a este evento, depois da ausência em três edições consecutivas (2010, 2012 e 2014), o certo é que a Selecção Nacional não teve sequer uma sessão de preparação conjunta.

 

Para além disso, a convocatória dos atletas que integraram a selecção foi feita à última hora, depois de gorada a possibilidade de trazer alguns dos melhores nadadores no estrangeiro, casos de Érico Cuna e Jalik Tavares, na Inglaterra, Jéssica Cossa e Yannah Sonnenschein, na Rússia e Holanda, respectivamente, e que faziam parte da lista inicial composta também por Igor Mogne (em Portugal), Ahllan Bique, Gisela Cossa e Layla Taquidir.

 

O nadador olímpico Igor Mogne, por sinal o único atleta de eleição com que Moçambique contou no “Africano”, saiu directamente de Portugal para a África do Sul, depois de perto de um mês e meio de preparação. Enquanto isso, Ahllan Bique, Gisela Cossa, Layla Taquidir, Junaide Cane e Sumeia Damão, estes dois últimos chamados para preencher as vagas dos “estrangeiros”, viajaram via terrestre para Bloemfontein.

 

Outro aspecto negativo é que à excepção de Igor Mogne, que, tal como outros “estrangeiros” inicialmente convocados, juntar-se-ia aos restantes integrantes da selecção, em Bloemfontein, dias antes do arranque do campeonato, o combinado nacional só começou a ter contacto com o treinador Sérgio Faftine no dia da viagem para a África do Sul, no dia 14 de Outubro.

 

Aliás, Sérgio Faftine, que por sinal é treinador do Ferroviário de Nampula, apenas lhe foi confirmada a viagem para Maputo na terça-feira (11 de Outubro), portanto, a sensivelmente três dias da partida para Bloemfontein, situação que não lhe ofereceu espaço de tempo para preparar a equipa. Ainda assim, Faftine tentou juntar os atletas à sua chegada a Maputo, mas as condições não o permitiram.

 

A preparação da selecção concentrou-se apenas no pouco trabalho feito pelos atletas ao nível dos respectivos clubes e que se resumiu praticamente no apuramento da condição física, tendo em conta que a época só abriu há sensivelmente um mês. E nesse período, apenas dois torneios tiveram lugar em Maputo, nomeadamente “Seis-Horas-De-Maputo”, que marca a abertura da temporada, e “Longas Distâncias”. Estes torneios visam essencialmente o apuramento físico dos atletas da cidade de Maputo e por isso nem serviram a todos seleccionados, caso de Junaide Cane, que é nadador do Ferroviário da Beira, portanto o único de fora da cidade de Maputo. Na Beira, a época abriu também a um mês e nenhuma prova se realizou depois do Campeonato Nacional do Inverno, realizado na piscina dos “locomotivas” em Maio último.

 

A viagem longa (perto de mil quilómetros correspondentes a cerca de 18 horas) veio a agravar as fragilidades que a selecção já apresentava, aliado à alta altitude (perto de 1500 metros acima do nível do mar).

 

O técnico da Selecção Nacional disse à nossa Reportagem que, enquanto continuar a existir problemas de ordem organizacional e administrativo, que são recorrentes na natação, Moçambique não devia participar neste tipo de competições para evitar a vergonha e assegurar protecção da dignidade dos atletas que, no seu ponto de vista, são os que mais levam na tabela.

 

 

 

Fonte:Jornal Noticias