Estou surpreendida com decisão da FMN
A NADADORA Jéssica Cossa, uma das melhores atletas moçambicanas dos últimos tempos, agora a beneficiar de uma bolsa de estudos na Rússia, reivindica o facto de ter sido afastada da Selecçao Nacional sem a justa causa.
A atleta é acusada pela Federação Moçambicana de Natação (FMN) de ter participado, na companhia do seu treinador, Patrício Vera, nas Universíadas de Guangjou, na Coreia do Sul, sem autorização da instituição que gere a modalidade no país.
Como consequência disso, foi retirada da convocatória para os Jogos Africanos que decorrem no Congo-Brazzaville, facto que condena e classifica como acto discriminatório e que atenta à sua carreira, porque, segundo afirmou, foi à Coreia do Sul a convite da Federação Moçambicana para o Desporto Universitário (FEDEEMS),
Para além de ser afastada da Selecção Nacional, a FMN instaurou um processo disciplinar contra a atleta, tendo ainda criado uma comissão para averiguar os contornos que ditaram a inscrição e participação da nadadora e do respectivo treinador no evento.
Jéssica Cossa justifica-se, afirmado que é a segunda vez que é convidada pela FEDEEMS para participar nas Universíadas, sendo que a primeira vez foi em 2013, quando ainda residia em Moçambique. Nesse ano, participou nas Universíadas de Kazan, curiosamente na Rússia, onde se encontra desde o mesmo ano. Disse que o primeiro convite lhe foi endereçado como nadadora e na qualidade de estudante no (ICSTEM).
Reagindo ao afastamento da selecção e às acusações que pesam sobre ela, Jéssica Cossa disse que, desde o início, a sua minha mãe, na qualidade de membro da FMN, informou à federação que fazia parte da delegação para as Universíadas da Coreia, juntamente com o seu treinador Patrício Vera.
“Por isso fiquei muito surpreendida quando li no Jornal Notícias e que a FMN ficou colhida se surpresa quando soube que estava a participar nas Universíadas de Guangjou. Porque a federação soube desde o início. Houve muita “guerra” para eu participar nas Universíadas. Por isso que eu questiono porquê estão a punir-me se é uma “guerra” com a FEDEEMS. Porquê as duas federações não falam entre si e façam as pazes. Estão a prejudicar a minha carreira, porque fui impedida de participar nos Jogos Africanos, para além de ter sido chamada de indisciplinada”, desabafou.
Jéssica Cossa reiterou que nunca foi indisciplinada e que estava ainda mais surpreendida pelo facto de, já com 12 anos de carreira na natação e ter representado o país por várias vezes fora de portas, ser acusada de indisciplina.
“Nunca faltei respeito a ninguém, por isso não entendo porque dizem que sou indisciplinada. Porquê não me informaram de que estou a correr um processo disciplinar. E pergunto ainda como é que estou a correr esse processo disciplinar se até hoje ainda não fui chamada. Estou em Maputo desde o dia 13 de Agosto e parto no dia 12 de Setembro (sábado passado), mas até hoje ainda não fui convocada pela FMN e por ninguém. Não recebi nenhum correio electrónico (email) a informar que não estou na selecção. Soube através do Jornal Notícias que fui afastada da selecção e tinha um processo disciplinar, por isso continuo surpreendida e não sei o que está a acontecer, porque até hoje ainda não fui chamada”, lamentou a atleta.
A atleta disse, adiante, não conhecer os procedimentos que as federações devem obedecer quanto se trata de convidar atletas de instituições, salientando que quando das Universíadas de Kazan, na Rússia, e nestas últimas, na Coreia do Sul, recebeu emails da FEDEEMS os quais exibiu à nossa Reportagem.
Não confirmamos a autencidade dos documentos, mas repisou que foi convidada na qualidade de boa nadadora.
“Falaram comigo, meus pais e o meu treinador Patrício Vera. E a partir daí informei-lhes sobre as provas que eu queria nadar e depois parti para as Universíadas. Não sei se mandaram ou não uma carta a comunicar a FMN, porque entendo que essa responsabilidade é das federações e não do atleta. A última vez recebei um email, no qual perguntava se ainda estava a nadar e quais eram os meus resultados e se queria participar outra novamente nas Universíadas. Mandei todos os meus resultados, eles gostaram muito e disseram que queriam convidar-me. Daí fomos trocando emails e, quando me avisaram que estaria na comitiva para Coreia do Sul, a minha mãe, que faz parte da FMN, foi directamente comunicar que Jéssica Cossa foi convidada. Fico surpreendida quando eles dizem, no jornal, que ficaram surpreendidos ao receberem uma ligação da Federação Internacional da Natação (FINA) a dar conta de que havia uma atleta a competir nas Universíadas de Guangjou. Como é que estão surpreendidos? Eu como nadadora não tenho como fazer inscrição neste tipo de competições porque são as federações que inscrevem os atletas. Então não entendo porque uma federação dá-me mérito por eu ser uma boa nadadora e ainda por ser estudante e a outra despreza-me por eu ter participado nesse evento”, deplorou, questionado que tipo de autorização era necessária, porque a FMN foi comunicada.
“Porque não me contactaram a dizer o que era mais necessário, porque eles sabiam que eu tinha sido convidada e eu teria feito o que fosse necessário fazer. Mas em nenhum momento me disseram algo. E porquê não fui suspensa da selecção nacional que foi recentemente ao Campeonato do Mundo, na Rússia, que é uma competição de alto nível. Tiraram-me a oportunidade de ganhar medalha nos Jogos Africanos de Brazzaville, nos 50 metros costas. O meu tempo oficial é de 29, 71 segundos, o segundo classificado nesta prova fez 29,70, portanto com mais um segundo em relação à minha marca, e a terceira posicionada fez 29,30. Imaginem quanta probabilidade de ganhar medalha eu tinha”, lamentou ainda mais.
Fonte:Jornal Noticias