Estou focada nos Jogos Africanos – afirma Sílvia Panguana
A BARREIRISTA Sílvia Panguana, uma das melhores corredoras moçambicanas da actualidade, espera que 2015 seja um ano de muito sucesso, depois de uma sucessão de lesões em 2014.
O maior objectivo de Panguana é reunir os mínimos para os XI Jogos Africanos a terem lugar em Setembro em Brazzaville, República do Congo, embora reconheça que as condições de trabalho não são favoráveis para o efeito.
Numa conversa com o “Notícias”, Panguana começou por lamentar as lesões que teve no ano passado, que inclusive a impediram de participar do Campeonato Nacional que teve lugar em Tete, isto após se ter sagrado campeã da cidade de Maputo na especialidade dos 100 metros barreiras e 200 livres.
“Tive uma lesão muscular e após isso tive recaída. Fiz bem a pré-época até ao Campeonato da Cidade, mas já não consegui ir ao “Nacional”, por isso este ano um dos meus objectivos é de ser campeã nacional e revalidar o título na capital do país”, sublinhou.
GARANTIR MÍNIMOS PARA OS JA
Em relação às perspectivas do ano nas competições internacionais, Sílvia Panguana diz estar a trabalhar afincadamente com vista a reunir os mínimos necessários para os Jogos Africanos deste ano.
A atleta, do Desportivo de Maputo, reconhece que não é fácil, mas é possível, e aponta o que dificulta a vida dos atletas moçambicanos nas competições internacionais.
“O nosso grande problema é a falta de condições. Há vontade, há talento, mas condições não. Não temos onde trabalhar condignamente, a pista do Parque dos Continuadores é aquilo que todos sabemos, completamente degradada”, lamenta.
Sílvia olha para este aspecto como um nó de estrangulamento para os atletas nacionais nas competições internacionais.
“Assim é difícil ganhar algo lá fora. Para além da falta de condições de trabalho, não há competições, e quando temos oportunidade de participar de uma prova não há dinheiro para deslocações e outras despesas afins. Agora, por exemplo, estão a decorrer provas na Suazilândia, gostaria de ir participar, mas não tenho condições”, deplora.
Uma das agendas imediatas de Sílvia Panguana é a participação no Torneio da Zona VI em Março, nas Maurícias, prova que também serve de qualificativa para os Jogos de Brazzaville.
É DIFICIL CHEGAR AOS JO
No que diz respeito aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, Sílvia é muito mais pessimista no que à possibilidade de reunir os mínimos diz respeito. “Nas condições em que estamos a trabalhar é difícil ou quase impossível chegar aos Jogos Olímpicos por mérito próprio (Solidariedade Olímpica tem sido a via para os moçambicanos chegarem às olimpíadas).
O atletismo é uma modalidade esquecida em Moçambique, ninguém quer apoiá-la, ou patrociná-la. Há muitos bons corredores neste país que deixam o atletismo por falta de condições e má organização, o que é lamentável”.
Deu exemplo da sua participação nos Jogos da Commonwealth, em Glasgow, o ano passado, nos quais diz ter ficado desemparada, sem nenhum apoio moral ou material, com o agravante de não ter viajado com o seu treinador, que incompreensivelmente ficou por terra em detrimento de dirigentes.
“Foi terrível. Fiquei isolada, sem treinador, numa comitiva desorganizada, na qual os dirigentes não queriam saber nada dos atletas. Cada um fazia coisas à sua maneira, não havia ordem. Ninguém sequer ia assistir às provas, mesmo envolvendo os moçambicanos. A convivência não era boa. O mesmo aconteceu em Londres, onde fomos com dirigentes e deixaram os treinadores por terra e o resultado foi nos isolarem, e as más prestações não se fizeram esperar”, rematou.
Fonte:Jornal Noticias