Estêvão Matsinhe, assim também não!
NÃO estou preocupado com a atitude daquele milhar de adeptos que lançou objectos contundentes para o campo, mas sim com as mentes esclarecidas que deveriam ter evitado que as coisas atingissem aquele nível de confusão.
Pensava eu que o senhor Estêvão Matsinhe fosse uma dessas pessoas a quem a Comissão Nacional de Árbitros confiou a missão de ser árbitro capaz de garantir a transparência e justiça desportiva. Enganei-me completamente, como também se sentiram enganadas milhares de pessoas "puras" e honestas que domingo último assistirem aquela vergonha nacional protagonizada pelo dito cujo.
Este artigo surge na sequência do jogo entre as formações do Ferroviário de Quelimane e da Liga Desportiva de Maputo pontuável para nona jornada do Moçambola que terminou em confusão a cinco minutos para o seu final. Aliás, já se jogava para o período das compensações. Há um jogador da Liga que entra pela ala esquerda, caminha em direcção à baliza, aparece, na circunstância Bony, que tira a bola ao adversário e os dois caem. Meu Deus! O senhor Estêvão Matsinhe entende que o referido jogador teria sido derrubado, o que não é verdade porque eu vi e estava a escassos meio metro da baliza com os outros colegas.
O que é caricato é que o árbitro auxiliar que acompanha a jogada não assinala penalte, mas o senhor Estêvão Matsinhe manda marcar o castigo máximo e Andro faz o golo forçado.
O público não gostou desde o início dos favores que o árbitro ia dando à Liga. O golo foi o cúmulo e os adeptos já não toleraram mais as "diarreias" do senhor Matsinhe. Começou a lançar objectos contundentes para o recinto do jogo e não houve mais condições de segurança para que o jogo continuasse até por volta das dezanove horas que o público, que procurava pela cabeça do árbitro, abandonou o campo.
Não estou a dizer que esteja a concordar com a postura do público por ter protagonizado atitudes anti-desportivas. Eu também condeno e com veemência aquela que não foi a forma mais correcta de exigir justiça. É pela primeiríssima vez que isso acontece para o público de Quelimane, e porque se cansou das injustiças do senhor Estêvão Matsinhe durante toda a partida. O público de Quelimane é "civilizado" e bom. Gostava de futebol.
Já estiveram em Quelimane, ainda nesta época, clubes como o Ferroviário de Maputo, o Costa do Sol, e como jogaram futebol bonito e marcaram golos bonitos até aos próprios zambezianos aplaudiram as equipas de fora. Futebol é isso, é festa, é amizade. O que não é futebol é "fabricar" resultados como aconteceu no domingo.
O senhor Matsinhe protagonizou uma vergonha nacional. Um árbitro que se preze, de craveira nacional ou internacional, não pode e nem deve fazer uma encenação daquelas. Apenas um pequeno exemplo. Quando a Liga estivesse a atacar, o jogador dessa equipa levava o esférico, quer do meio-campo, quer ao meio do meio-campo, os adversários vinham para defender e às vezes cometiam faltas como por exemplo agarrar no adversário ou puxar pela camisola, mas Matsinhe não apitava no momento, esperava quando estivesse na pequena ou grande área mesmo sem a lei de vantagem. O que é isso meus senhores?
Não estou nada contra a Liga Desportiva. Por aquilo que se diz, é uma equipa que está a fazer um grande investimento no futebol, através da contratação de bons jogadores e criação de condições de trabalho. Tudo bom. E nada mesmo contra isso. Aliás, trouxe uma nova abordagem como se deve investir no futebol.
O que não é bom é ter árbitro que ajuda a "fabricar" resultados. Esses prejudicam os clubes que com imensas dificuldades fazem algum investimento. Faltam respeito às pessoas que gostam e estão no futebol por amor e pagam todos os fins-de-semana o bilhete de ingresso.
Afinal tem razão treinadores como Arnaldo Salvado e Artur Semedo que dizem que há no futebol coisas vergonhosas que num país sério não teriam espaço. Agora sim me subscrevo, porque a actuação do senhor Estêvão Matsinhe foi mesmo desastrada e vergonhosa. Matine disse que há bandidos no futebol. Afinal é verdade.
Gostaria de chamar atenção à Comissão Nacional de Árbitros e da própria Liga Nacional de Futebol que qualquer sanção a aplicar neste caso, o primeiro a ser castigado deverá ser, sem dúvida, o senhor Estêvão Matsinhe pelos seus "crimes" em Quelimane.
Se as duas entidades não fizerem isso, então estarão a apadrinhar injustiças. Sinceramente, para o bem do futebol, respeito e dignidade do futebol, gostaria de ter um comunicado a dizer que o senhor Estêvão Matsinhe está suspenso das funções de árbitro e instaurar um processo disciplinar. Depois que se tomem outras medidas. O outro aspecto é que Zambézia tem duas equipas, uma chama-se 1.º de Maio e outra Ferroviário de Quelimane. Se for o caso, cada Rosário paga a sua conta.
Não deixaria de questionar os critérios que são aplicados pela CNAF para a indicação de árbitros. Sem pôr em causa as competências profissionais do senhor Estêvão Matsinhe, o país inteiro tem árbitros que podem ajuizar melhor os jogos. Por que razão tem que ser os árbitros de Maputo a irem para as províncias. O senhor Matsinhe está sempre em Quelimane, qual é a razão que a CNAF encontra para sempre indicá-lo? O que é que pretende?
Não há outros árbitros neste país? A CNAF deve reflectir seriamente sobre isso. Infelizmente, no nosso país só se punem as equipas e o público e os árbitros não. Porquê? Penso que para impor alguma responsabilidade devem ser severamente punidos. O primeiro é o senhor Estêvão Matsinhe. Queremos ouvir e ver para acreditar numa CNAF isenta e responsável.
Deste modo, o senhor Estêvão Matsinhe já construiu a sua herança com a província da Zambézia.
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