A DIRECÇÃO do Grupo Desportivo de Maputo demitiu-se em bloco na noite da quarta-feira, depois de uma reunião, na qual o executivo encabeçado por Michel Grispos concluiu que já não havia condições para continuar a dirigir os destinos daquele clube histórico.

O facto foi avançado no “site” oficial da colectividade e secundado pelo vice-presidente da direcção ora demissionária, Adelino Chirindza.

Esta demissão em bloco abre espaço para eleições no clube, algo que não acontecia há muito tempo. O clube será dirigido interinamente por uma Comissão de Gestão que será responsável por preparar eleições e a época 2016.

O ano 2015 foi dramático para o Desportivo, com crise a todos os níveis, sobretudo financeira o que fez com que funcionários e atletas das modalidades que a colectividade movimenta estejam, até hoje, com vários meses de ordenados em atraso.

A crise “alvi-negra” agravou-se quando a Empresa Águas da Região de Maputo cortou o fornecimento de água ao clube, situação que embaraçou gravemente as actividades diárias, sobretudo da limpeza.

A crise é tão grave que o plantel principal chegou a ficar cinco meses sem salários. A equipa sénior de basquetebol que é campeã nacional, não pode participar nas competições africanas também por falta de fundos.

As instalações estão em avançado estado de degradação, apesar de o campo de futebol ter sido vendido por valores chorudos, que só conseguiu render um terreno em Bobole, Marracuene, onde se projecta a construção de um campo, algo contestado pelos adeptos.

O projecto de Bobole é que agravou a contestação à Grispos e o seu elenco ao ponto de nos campos onde o Desportivo fizesse os seus jogos do Moçambola houvesse adeptos com tarjas a pedir a cabeça do presidente ora demissionário, assim como a inviabilização do tal campo.

Ao longo deste ano, O Desportivo viveu momentos dramáticos, onde se destaca um episódio inusitado e único na história do futebol nacional com os adeptos solidarizaram-se com os jogadores, oferecendo-lhes uma cesta básica, em pleno Estádio Nacional do Zimpeto.

Nos últimos tempos, Michel Grispos já não aparecia publicamente, muito menos nos recintos desportivos, onde outrora era frequente nos jogos das suas equipas. A última vez que foi visto publicamente foi aquando da visita da Vice-Ministra da Juventude e Desportos, Ana Flávia, tendo prometido construir uma piscina em cima de um edifício de 20 andares que está em projecção no recinto do clube.

Michel Grispos dirige o Desportivo desde 1999, e durante esses 16 anos os seus momentos marcantes foram a dobradinha conseguida em 2006, ou seja, a vitória no Moçambola e Taça de Moçambique em futebol. Nos anos 2007 e 2008 a equipa sénior feminina de basquetebol sagrou-se campeã africana.

Depois desse período de glória, o Desportivo viu quase todo o seu plantel a sair e  a ingressar na ex-Liga Muçulmana. Em masculinos ainda este ano sagrou-se campeão nacional. O clube ganhou muito dinheiro nestes anos, com as vendas de jogadores como Dominguez, Maurício, Carlitos, Mexer e Zainadine, todos para o estrangeiro, verbas cujo destino levantou muitos questionamentos.

Fonte:Jornal Noticias