Desportivo e Costa do Sol gazetam competições africanas
O DESPORTIVO, campeão nacional em seniores masculinos, e o Costa do Sol, vice-campeão em femininos, não vão participar das eliminatórias de acesso à Taça dos Clubes Campeões Africanos que terão lugar em Luanda, capital angolana, de 29 deste mês a 5 de Novembro.
O Desportivo não vai à Luanda por falta de ritmo competitivo, mas acima de tudo devido à escassez de recursos financeiros para arcar com as despesas da competição, segundo o presidente da colectividade, Michel Grispos.
Em relação à primeira razão, Grispos explicou que mal terminou o Campeonato Nacional em Junho, o clube dispensou aos atletas, alguns dos quais foram integrados na Selecção Nacional que participou do Afrobasket em Agosto na Tunísia e dos Jogos Africanos que tiveram lugar em Setembro, na capital congolesa, Brazzaville.
Internamente a Associação de Basquetebol da Cidade de Maputo ainda não organizou qualquer competição desde 1 de Setembro, data que oficialmente arrancou a temporada basquetebolística 2015/16, o que faz com que o plantel “alvi-negro” continue de férias e com jogadores sem ritmo competitivo.
Na tarde de segunda-feira, a direcção “alvi-negra” reuniu-se para analisar esta e outras questões, tendo-se deliberado em não participar das eliminatórias da Taça dos Clubes Africanos, dada a crise financeira que a agremiação atravessa neste momento, que se alia à falta do ritmo competitivo do plantel principal de basquetebol.
Outro grande ausente é o Costa do Sol em seniores femininos. Segundo Amosse Chicualacuala, presidente do clube, a agremiação que dirige tem quota-parte de culpa porque depois de terminar o “Nacional” em segundo lugar não procurou saber se tinha ou não direito de participar destas eliminatórias.
Como consequência, a FIBA-África notificou o clube há um mês e meio com vista a reunir condições para estar nas eliminatórias de Luanda, mas segundo o presidente já era tarde para se organizar o plantel, numa altura em que a espinha dorsal da equipa estava nos compromissos da Selecção Nacional que recentemente participou dos Jogos Africanos e Afrobasket.
“Razões financeiras não entram neste caso, apenas as questões organizacionais. Assumimos que não fomos suficientemente atentos ao cenário”, esclareceu para depois ajuntar que o facto de não se estar a competir internamente influenciou de certa forma a tomada desta edição.
“LOCOMOTIVAS” SÃO À EXCEPÇÃO
Entretanto, o Ferroviário de Maputo, campeão nacional em seniores femininos será o único representante do país nestas eliminatórias da Zona VI rumo à Taça dos Campeões Africanos, cuja fase final terá lugar também na capital angolana de 27 de Novembro a 6 de Dezembro.
Segundo Palma Pinto, porta-voz do clube verde-e-branco, a equipa deixa Maputo na quarta-feira, 28 do mês em curso com um plantel de 12 atletas. Em Luanda, o objectivo é a qualificação para a Taça dos Campeões Africanos.
O Ferroviário estará reforçado por algumas jogadoras do Costa do Sol, segundo avançaram os dirigentes dos dois clubes.
Os “locomotivas’’ solicitaram Deolinda Ngulela e Deolinda Gimo, mas os “canarinhos” só cederam esta última. Ngulela não pode ser emprestada pois é também treinadora do Costa do Sol, pelo que deverá começar a preparar a nova temporada.
Como alternativa, ao Ferroviário será emprestado Valerdina Manhonga ou Elizabeth Pereira, outras pedras do plantel do Matchiki-Tchiki.
Palma Pinto garantiu que a questão do segundo reforço proveniente do Costa do Sol estava muito perto de ser desbloqueada.
Entretanto, em masculinos o Ferroviário não vai participar desta competição. Segundo Palma Pinto, a ausência dos “locomotivas” deve-se à exiguidade de fundos. Dito de outra forma, Moçambique não terá representantes em masculinos nestas eliminatórias.
HÁ DOIS ANOS: ABCM FORA DO MANDATO
O ACTUAL elenco que dirige a Associação de Basquetebol da Cidade de Maputo (ABCM) está há dois anos fora do seu mandato, sendo que nesse lapso de tempo nunca organizou sequer uma Assembleia-Geral.
O elenco liderado por Carlos Lima (acusado de ser um dirigente ausente) há muito que é contestado pelos clubes, pois para além de convocar eleições não presta contas, uma vez que nunca houve Assembleia-Geral para a avaliação e aprovação das actividades e contas.
Várias pessoas ligadas ao basquetebol na capital do país já manifestaram o interesse em concorrer para o cargo do presidente da ABCM, mas sempre viram as suas intenções goradas dado que nunca houve Assembleia-Geral electiva.
Neste momento o único candidato que já se apresentou publicamente é o jornalista da televisão pública (TVM), Rui Hélder, que defende que a sua candidatura é movida pela sua paixão de infância pela modalidade influenciada pelo seu pai que foi jogador e mais tarde dirigente.
Anastácio Monteiro, secretário-geral da ABCM, percebe a preocupação dos clubes e diz ainda não estarem reunidas as condições para a Assembleia-Geral, mas logo que tudo estiver a postos, as eleições serão marcadas, quiçá ainda este ano.
Outra preocupação dos clubes em relação à ABCM prende-se com a falta de competições. É que na capital do país a época basquetebolística é curta, pois para além do Campeonato da Cidade apenas disputa-se o torneio de abertura, ficando boa parte do tempo à espera do “Nacional” que decorre num intervalo de uma semana.
Ademais, a presente temporada 2015/16 iniciou-se oficialmente a 1 de Setembro e, segundo o novo calendário, vai até Junho, mas ainda não se começou a competir. O torneio dos 20 anos da A Politécnica é a excepção, mas não envolve todas as equipas da cidade.
O cenário tem prejudicado os clubes, sobretudo os que têm ou deviam estar nas competições africanas no que toca ao ritmo competitivo.
A esta questão, Monteiro aponta o torneio dos 20 anos da A Politécnica que envolve quatro equipas como sendo a única barreira, garantindo que logo que aquela prova terminar, a ABCM irá organizar o torneio de abertura e posteriormente o Campeonato da Cidade em ambos os sexos e diferentes escalões.
Saliente-se que nos últimos três anos a relação entre os clubes de basquetebol da capital do país e a ABCM não tem sido das melhores, não só pelas razões supramencionadas, mas também pelos constantes adiamentos dos jogos, interrupções a meio e boicotes dos árbitros por falta de remunerações.
Fonte:Jornal Noticias