Comité Olímpico selecciona pugilistas à revelia da federação
O COMITÉ Olímpico de Moçambique (COM) custeou as despesas da viagem de três pugilistas para o Campeonato Africano de Boxe, que terá lugar a partir de amanhã nos Camarões, sem no entanto coordenar com a federação moçambicana da modalidade (FMBoxe).
Trata-se de Paulo Jorge, em masculinos, e de Ângela Machanguana e Rady Gramane, em femininos, que viajaram na noite de segunda-feira para aquele país centro-africano, onde vão procurar a qualificação para os Jogos Olímpicos, a decorrer em Agosto no Rio de Janeiro, Brasil.
A selecção relâmpago daqueles atletas deixou a família do boxe agitada, na medida em que os seis inicialmente seleccioanados para viajarem para os Camarões ficaram em terra, tendo escalado o “Notícias” na tarde de ontem para manifestarem a sua preocupação.
Trata-se de Lourenço Cossa (Ferroviário de Maputo), Filipe Manjate, Francisco Máquina e Francisco Massitela (Estrela Vermelha), Bernardo Marrime, moçambicano radicado na Irlanda, onde evolui numa academia de Alto Rendimento, e Maria Manuela.
Os excluídos estão inconformados com a situação, pois alegam que a selecção daquele trio não obedeceu às regras. Aliás, estes vinham treinando sob as ordens da dupla técnica nacional constituída pelo cubano Oscar Martinez e Elísio Manhiça, que é também treinador do Ferroviário.
Confrontado com a situação, o presidente da FMBoxe, Benjamim Uamusse, também conhecido por Big-Ben, lamentou a atitude do COM, tendo adiantado que os atletas que seguiram aos Camarões não foram em nome da instituição que dirige, mas sim da Academia Lucas Sinóia.
Big-Ben ajuntou que também foi apanhado de surpresa, pois a FMBoxe não chegou a receber qualquer nota oficial do COM a comunicar a viagem daqueles atletas, até porque ele está em negociações com o Governo para o desembolso do valor necessário para Moçambique estar nos Camarões.
“Eles não têm o direito de levar atletas sem a nossa anuência. Os campeonatos internacionais, excepto os Jogos Africanos e Olímpicos, são chancelados pelas federações respectivas das modalidades e não pelo COM”, explicou.
Disse, entretanto, que a federação continua a negociar com o Fundo de Promoção Desportiva (FPD) para o financiamento da viagem da restante delegação moçambicana a este evento que se inicia amanhã.
“Estamos perto de conhecer o veredicto final. Devíamos ter viajado ontem, mas não foi possível, mas estamos esperançados que podemos seguir hoje”, realçou, acrescentando que participar no “Africano” é de extrema importância, pois está em questão a qualificação para os Jogos Olímpicos.
Refira-se que até ao momento apenas Kurt Cout (atletismo) é que tem mínimos olímpicos no país.
Fonte:Jornal Noticias