BLOG ANÁLISE - O “coach” Abel Xavier
SE há algo que une os moçambicanos cobrindo-os pela mesma bandeira, nos bons e maus momentos, é a Selecção Nacional de Futebol, os“Mambas”. Por isso se quer provocar este maravilhoso povo mexe com a selecção de futebol e verás o que é “bom para tosse”. O debate da actualidade está em torno da decisão tomada pela Federação Moçambicana de Futebol (FMF) em contractar o senhor Abel Xavier como seleccionador dos “Mambas”.
No debate o povo está dividido. Há aqueles que acham que Abel Xavier não tem competências comprovadas para ser o treinador principal dos“Mambas” e há outros que, não obstante o curriculum do treinador não parecer “grande coisa”, preferem ser prudentes e depositam a sua palavra de apoio total e incondicional esperando pelos resultados para melhor se posicionarem. Pessoalmente me sentiria melhor acomodado neste segundo grupo e provavelmente mais optimista pelo conhecimento, da astúcia e pensamento estratégico, que tenho pelo presidente da FMF.
No acto da apresentação do treinador uma coisa muito importante ele mostrou. Motivado, entusiasta e cheio de confiança. Estas qualidades humanas que ele demonstrou, muito pessoais, na disciplina de “Coaching” são fundamentais para o sucesso. O seu papel é, na verdade, desenhar uma metodologia de trabalho que tem como objetivo ajudar aos jogadores que, na verdade, vem com seus vícios diferentes dos clubes, a realizarem mudanças em direcção ao alcance dos objectivos que se pretendem.
O conceito científico de “Coaching”se relaciona com a função de ajudar as pessoas a mudarem na maneira que elas querem, ajudando-as a caminhar na direcção que elas querem ir. O “coach” apoia a pessoa em todos os níveis do processo a tornar-se quem ela quer ser e ser o melhor que ela pode. De certeza todos os jogadores da selecção gostariam de ser elogiados como bons jogadores e ganharem mais jogos. O “coach” trabalha aspectos essenciais como relações interpessoais, visão sistêmica, decisões estratégicas e “feedback” assertivo (resultados).
Acho que seria prudente que, sendo já um facto inequívoco que ele é o treinador principal dos “Mambas”, deixá-lo trabalhar e esperarmos pelos resultados. Hoje a ele, nem ao presidente da FMF, o senhor Alberto Simango Jr., de quem nutro muita simpatia, não temos espaço para julgar, a não ser que o julgamento seja na base das aparências físicas e forma de cortar ou pintar cabelo do treinador, porque como treinador vamos aprender a saber esperar um pouco.
Ouvi um comentador, num dos canais de televisão, quase a afirmar que pouco importa o tipo ou a qualidade do treinador que vier enquanto o nosso mercado futebolístico de base não apostar nas camadas de formação e produzir jogadores com qualidades físicas e pessoais. Moçambique não terá uma selecção ganhadora. Dizia ele, desta forma, responsabilizando os clubes pela fraca qualidade de trabalho de base para a produção de jogadores capazes de competir a nível internacional, o que de certa forma não deixa de ser verdade.
A palavra “equipa” leva-nos a crer que nenhum jogador sozinho seria capaz de produzir resultados em futebol, assim como nenhum bom treinador faria maravilhas com maus jogadores. Temos exemplo do “menino maravilha” Dominguez, que tem estado a ser premiado nas equipas onde joga na África do Sul, mas aparentemente esse futebol que lá pratica não é visível quando ele vem jogar na selecção porque sozinho nada se pode fazer.
Celebro as minhas felicitações a Alberto Simango Jr. e sua equipa pela decisão tomada e apresento votos de muitos sucessos ao novo seleccionador e toda a equipa técnica. Todavia, podem me esperar porque estas minhas nobres palavras, de confiança e esperança, serão cobradas com veemência caso frustrem o maravilhoso povo moçambicano. Mãos à obra!
Fonte:Jornal Noticias