Apenas nove jogadores no arranque da preparação
APENAS nove dos 28 jogadores pré-convocados é que marcaram presença na manhã de ontem no Zimpeto, no treino que marcou o arranque para preparação dos “Mambas” para o jogo com o Gana agendado para 23 deste mês em Acra, pontuável para terceira jornada do Grupo “H” de qualificação para o CAN-2017, a ter lugar no Gabão.
Em causa está o diferendo entre os clubes e a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) quanto à questão da cedência de jogadores, sendo que o Ferroviário de Maputo e a Liga Desportiva, que têm sete e cinco atletas na convocatória, respectivamente, nem sequer um cederam.
A situação é complicada, tendo, recorde-se, precipitado o adiamento do primeiro treino, que estava agendado para a tarde de terça-feira no Estádio Nacional do Zimpeto.
Mesmo sem boa parte dos 28 pré-convocados, Abel Xavier optou por colocar mãos à obra, trabalhando com os escassos nove atletas, nomeadamente Isac (Maxaquene), Soarito, Nelito e Gildo (Ferroviário da Beira), Henriques e Sidique (Desportivo), Josimar e Parkim (Costa do Sol) e Loló (Estrela Vermelha).
O grupo pode aumentar na manhã de hoje com a integração do quinteto da União Desportiva do Songo, constituído por Wilson, Mucuapele, Kambala, Lanito e Luís.
A confirmar-se a integração do quinteto do Songo, apenas o Ferroviário de Maputo e a Liga é que não terão cedido os jogadores à Selecção Nacional.
Os dois clubes, recorde-se, estão, para além de envolvidas nas competições domésticas, nas Afrotaças, com jogos nos dias 12 e 13 do mês em curso, altura em que internamente inicia-se o Moçambola-2016.
Reagindo à situação, o seleccionador nacional, Abel Xavier, reconheceu que há necessidade de se salvaguardar os interesses de ambas as partes, mas na Selecção Nacional é o país que está em causa.
Xavier disse que desde que foi confiado o cargo optou por adoptar uma política de aproximação aos clubes, acto que, segundo ele, foi benéfico para ambas as partes.
Reconhece que os clubes têm os seus interesses em jogo, pois para além do Moçambola há dois (Ferroviário de Maputo e Liga) que estão nas Afrotaças.
“Para já, e antes do mais, queria desejar os meus sinceros votos de sucessos a estes dois clubes nas Afrotaças. Em relação à Selecção penso que já há entendimento com os clubes, pois nós estamos a trabalhar esta semana com os jogadores que não têm compromissos a sério nas suas equipas, sendo que na próxima não estarão aqui na Selecção. Nada colide com os interesses dos clubes”, disse.
Abel Xavier avançou que os jogadores vão chegar de forma faseada à Selecção, mas reconheceu que tem de haver o bom-senso das partes envolvidas, pois a Selecção é uma questão da nação e todos os atletas sentem-se honrados em representá-la.
“O nosso programa está claro. Agendámos estes treinos para o reconhecimento mútuo entre os jogadores assim como entre eles e a nova equipa técnica. A minha mensagem para todos os envolvidos, incluindo os jogadores, é de união e penso que é isso que deve prevalecer”, realçou.
O técnico virou, a seguir, os canos para falar da preparação do jogo com o Gana, realçando que antes deste decisivo embate Moçambique poderá ter um amigável com Zimbabwe ou Namíbia.
“Está tudo em negociação. A conseguirmos esse jogo seria fundamental para o grupo, pois poderíamos tirar ilações preliminares”.
Para Xavier, se Moçambique quiser vencer no Gana deve trabalhar duro e ser eficaz.
“Temos de ser eficazes para vencermos no Gana, pois o trabalho na Selecção acontece num espaço muito curto. Esta é para nós uma semana de reconhecimento do perfil de cada jogador. Os treinos que vamos fazer serão mais orientados para os aspectos tácticos. Penso que é isso que devemos incutir nos atletas a estas alturas”.
“Os jogadores precisam de ser incutidos a dimensão da Selecção Nacional, pois só assim é que podem dignificar a camisola”, sublinhou Xavier, para depois explicar a opção de os que actuam no estrangeiro viajarem directamente para Acra.
“Não há nada de novo nisso. O contexto da Selecção é assim mesmo. O tempo de trabalho nelas é curto, por isso que disse que tínhamos de ser eficazes. Os que actuam no estrangeiro vou geri-los da mesma forma como os outros. Para mim não há nada que é novo, é tudo normal”, explicou.
Ajuntou que “todos os jogadores na minha gestão de trabalho sairão valorizados e os clubes sairão a ganhar. Iremos valorizá-los para o presente e para o futuro, até porque para nós o passado não conta”, concluiu o seleccionador nacional, optimista quanto a uma boa prestação dos “Mambas” em Acra.
O combinado nacional prossegue esta manhã a preparação para a “operação” Gana, devendo fazer o mesmo amanhã, o último dia deste programa de treinos. A Selecção deixa Maputo no dia 21 rumo à capital ganesa, onde deverá jogar por tudo ou nada, pois uma derrotada afasta o conjunto do CAN-2017.
Fonte:Jornal Noticias