Ansiedade de ganhar minimiza espectáculo
O ESPECTÁCULO acabou sendo sufocado pela ansiedade de ganhar no encontro entre as lendas do Barcelona e a selecção dos antigos “Mambas” havido na noite de sábado, no Estádio Nacional do Zimpeto.
Com um público estimado em cinco mil espectadores, o jogo entre as lendas do Barça e as antigas estrelas dos “Mambas” foi disputado a uma rivalidade acima da média, com a equipa da casa muito fechada no seu sector mais recuado, a jogar em contra-ataque, na expectativa de surpreender o adversário, que também levou a partida a séria, mas com uma abordagem do jogo mais aberta. Edgar Davids foi o jogador mais divertido, senão o único que tentou conferir alguma espectacularidade ao jogo, com muita criatividade no meio-campo, mas também com os olhos postos à baliza inicialmente defendida e muito bem por Rui Évora.
Patrick Kluivert e Rivaldo eram os homens mais inconformados no ataque dos “catalães”, enquanto o “capitão” Chiquinho Conde e Jossias dinamizavam o jogo dos ex-“Mambas” do meio-campo para o ataque, mas com maior evidência para o ex-jogador do Costa do Sol, que procurou sempre imprimir maior dinâmica ao sistema ofensivo da equipa da casa, com arranques para o último terço do adversário. Por outro lado, destaca-se o jogo incisivo de Sérgio Faife, que fez da ala direita um corredor que levou muito perigo para a área dos “catalães”, com subidas em velocidade e cruzamentos intensos.
Numa dessas ocasiões, Jossias falhou por pouco o alvo com o desvio de cabeça tenso do primeiro poste isto nos minutos iniciais da etapa complementar. Depois, Faife não acertou nas medidas num outro cruzamento tendo para a entrada de Tico-Tico, com a bola a cruzar a pequena área para o lado contrário, isso já na etapa complementar, período em que o meio-campista Simão Sabrosa marcou de livre o único golo da partida, batendo categoricamente Kampango (entrou a substituir Rui Évora), que não foi a tempo de reagir à colocação do português para o ângulo superior esquerdo da baliza moçambicana, isto aos 57 minutos.
Nesta fase, houve esforço de ambas as partes de superar a ansiedade destapada na face de uma das equipas sobretudo na etapa inicial, durante a qual foi disputada com muito mais seriedade. Houve tendência para a demonstração de forças com reacções de parte a parte, até que nesse período o Barça tentou visar a baliza de Rui Évora com remates menos conseguidos de fora da área saídos dos pés de jogadores como Davids e Kluivert. Rivaldo tentou um chapéu a Rui Évora e já no final da primeira parte obrigou o guarda-redes moçambicano a uma defesa apertada.
Do lado moçambicano, duas grandes oportunidades, a primeira em que Fumo foi solicitado com um passe rasgado do meio-campo para o interior da grande área, mas foi antecipado pelo guarda-redes forasteiro, Angoy. Enquanto isto, Armando Sá fez bom trabalho ao tirar da frente dois adversários, mas o seu remate foi desviado da trajectória da baliza pela defensiva forasteira.
Na tentativa de se redimir, Armando Sá tentou furar a grande área, mas foi travado em falta para um livre desperdiçado por Chiquinho Conde.
A entrada de Tico-Tico já no último quarto da etapa inicial para fazer a dupla de ataque com Chiquinho Conde, que inicialmente jogou mais recuado, confundindo-se mais como um trinco que o avançado, criou uma outra dinâmica ao sistema ofensivo dos antigos “Mambas”. Mas foi com a chamada de Dário Monteiro, no último quarto da contenda, que mais intendo foi o jogo ofensivo da turma moçambicana com uma luta incansável de ambos à busca do golo do empate. O jogo tinha ganho outra dinâmica, com o Barça a circular mais bola e a jogar de forma desinteressada.
Os ex-Mambas também respondiam, mas sem muita criatividade para furar o meio-campo mais compacto dos “catalães”, projectando o esférico para a área na tentativa de colocar Tico-Tico ou Dário Monteiro em vantagem sobre os defesas. Porém, foram muitas vezes encontrados em situação irregular.
Como referimos, o jogo foi mais sério do que se esperava e isso influenciou negativamente o espectáculo esperado.
A equipa de arbitragem, liderada por Mateus Infante, fez um bom trabalho. Toda equipa de arbitragem foi moçambicana.
FICHA TÉCNICA
ÁRBITRO: Mateus Infante, auxiliado por Agostinho Pelembe e Henriques Langa. O quarto árbitro foi José Maria Rachide.
MOÇAMBIQUE – Rui Évora; Dário Khan, Tomás, Baúte e Paíto; Genito, Faife, Chiquinho Conde, Jossias e Armando Sá; Fumo.
Jogaram Ainda Kampango, João Chissano, Paulito, Nelinho, Gonçalves Fumo, Tico-Tico, Dário Monteiro, Toni e Macamito.
BARCELONA LEGENDS – Angoy; Zambrota, Denu, Edmilson, Cocu, Lopez, Davids, Simão Sabrosa e Goiko; Rivaldo e Kluivert.
Jogaram ainda Beletti, Tomas, Giovani, Juan Carlos, Carreras, Villena.
Fonte:Jornal Noticias