Afinal quem são estes candidatos?
ESTÁ decidido. As eleições a presidente da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), de 13 de Agosto próximo, vão ter quatro candidatos. Trata-se de Alberto Simango Jr., actual presidente da Liga Moçambicana de Futebol, Manuel Chang, ex-ministro das Finanças e actualmente deputado da Assembleia da República pela bancada da Frelimo, Teodoro Whity, ex-deputado da Assembleia da República e ex-presidente da Mesa da Assembleia-Geral da FMF no primeiro mandato de Feizal Sidat, e Enoque João, presidente da Casa de Moçambique em Portugal.
Todos os candidatos, à excepção de Enoque João, por sinal um dos últimos a depositar a sua candidatura na FMF, já apresentaram publicamente os seus manifestos.
Todos os candidatos são defensores de que o nosso futebol não respira boa saúde, ou seja, enferma de vícios graves que retardam o seu desenvolvimento, sendo necessária uma posologia urgente de modo a salvá-lo do precipício. Porém, o que diverge entre eles é o facto de alguns não conhecerem na essência o actual estado do futebol nacional. Possuem estudos encomendados, mas no acto de interpretá-los apresentam sérias dificuldades, ficando evidente nalguns casos que o conhecimento que têm desta modalidade não é no terreno, mas sim em escritos encomendados. Alberto Simango Jr. talvez seja o único que lida com o futebol no seu dia-a-dia, contrariamente aos outros, que quanto a mim concorrem ao cargo por influência de terceiros.
Manuel Chang, por exemplo, já disse que a sua aparição na corrida é fruto do convite que lhe foi formulado por antigos praticantes que querem ver o jogador do futebol valorizado, principalmente depois de arrumar as chuteiras, como se costuma dizer na gíria da modalidade. Aposta ainda nas camadas de formação com base nos bairros e nos clubes e para a concretização destes projectos, caso seja eleito, conta com os fundos do Governo e dos parceiros.
Contudo, os seus críticos dizem que Chang, enquanto ministro das Finanças, não teve sensibilidade pelo desporto. Citam como exemplo o facto de ter dificultado, nalgumas vezes, a entrada de material desportivo a custos bonificados.
Outros vão mais longe ao afirmar que ontem (quando ministro das Finanças) não abriu mão ao desporto, mas hoje (candidato) diz que vai tentar persuadir o Estado a investir seriamente no desporto, em particular no futebol, através da alocação de fundos para a formação e reabilitação de infra-estruturas (paradoxo).
Aliás, pesa ainda sobre Chang o facto de não aparecer nos campos de futebol, mesmo quando era ministro das Finanças, pelo menos para mostrar o seu amor por esta arte.
Teodoro Whaty na sua apresentação disse taxativamente que “eu venho do povo, dos espectadores que gostariam de ir aos campos de futebol para assistir espectáculos bonitos e, como qualquer espectador, estar confortável na acomodação, nos acessos, nas bilheteiras e saber que está em segurança”.
Questiona-se qual o povo que o quer ver à frente do futebol moçambicano. Primeiro é que o candidato Whaty também não tem sido visto nos campos onde se joga o futebol, principalmente os das selecções nacionais, com incidência para os “Mambas”, que caso ganhe vão ser o espelho da sua boa governação.
Whaty assume-se como candidato da continuidade do actual elenco dirigido por Feizal Sidat. Aliás, a maior parte dos componentes da sua lista transita do elenco passado, porque no seu entender vê nela competência. “É uma candidatura que se apresenta sem mudanças na missão, na visão, nem nos valores. Acreditamos que estes três aspectos devem ser imutáveis. Vamos mudar o lema porque, de facto, queremos construir a alegria no futebol”.
Simango, por sua vez, quer que a base do futebol sejam os clubes. Pretende dotar as associações provinciais de capacidade para captarem patrocínios dos mega-projectos que nelas actuam, ganhando uma musculatura financeira para desenvolver sem sobressaltos as actividades programadas e desenvolver o futebol nas províncias sob sua jurisdição.
Quer que, por outro lado, Moçambique esteja presente nos CAN’s e se possível nos campeonatos do mundo.
Ao pensar assim não estará Simango a sonhar muito alto? Aliás, ninguém é proibido de sonhar, mas este sonho pode ser o elevar da fasquia do seu manifesto eleitoral.
Mas como todo o ser humano tem direito a sonhar, deixemos que ele sonhe e no fim faremos o competente ajuste de contas.
Enquanto isso a candidatura de Enoque João, presidente da Casa de Moçambique, aparece como grande “surpresa das surpresas”. É que o concorrente tem residência fixa em Lisboa, não acompanhando, por conseguinte, “in-loco” o desenrolar do futebol moçambicano.
No princípio do ano Enoque João deu sinais de que queria ser presidente da FMF ao levar alguns presidentes de associações provinciais de futebol a Portugal, sem agenda clara e concreta do que pretendia deles.
Na última sexta-feira e às pressas foi dar à FMF para depositar a sua candidatura, a qual lhe foi devolvida na hora para correcção de vícios de irregularidades. Depois das correcções voltou segunda-feira à “Casa do Futebol” para proceder a entrega do expediente, proclamando-se assim concorrente à cadeira mais ambicionada na FMF.
Sobre as motivações da candidatura e o tipo de apoios confia só ele e mais ninguém pode responder, pois publicamente nada apresentou como seu manifesto. Mas tem dito por aí que os moçambicanos na diáspora são os únicos que podem alavancar o nosso futebol, porque não têm compromissos com ninguém! Será? A ver vamos.
Tanto a este como aos outros, não devemos brincar aos futebóis.
GIL CARVALHO
Fonte:Jornal Noticias