ADEUS HERÓI DAS VELOCIDADES E DESPORTISTA DO SÉCULO!
Assim como nas corridas, as maiores batalhas da vida são travadas na solidão. E ainda na vida assim como nestas mesmas corridas o mais importante é o acto de participar, ainda que a ilusão da vitória nos dê forças para continuar lutando. Assim ficou eternizada a célebre frase do lendário “sprinter” Emil Zatopek (1922 -2000), o checo que nas Olimpíadas de Londres de 1948 viu-se tornar na maior referência mundial do atletismo, ao alcançar ouro nos 10.000m e prata nos 5000m. E a frase nos inspira – já a tínhamos usado noutras ocasiões – para destacar um nome que no contexto da sua época fez vibrar muitas almas e aplaudiram-no de pé: José Filipe Magalhães.
Sobre si tudo quase foi dito e as linhas deste jornal seriam poucas para decifrar o percurso dum pacato cidadão que a partir do museológico bairro da Mafalala, onde nascera a 16 de Janeiro de 1938, se tornara carismático, muito por culpa do seu talento dentro das pistas e há quem diga também pelo seu lado filantrópico pela causa de outrem. Ou seja, José Magalhães foi herói pelas causas sociais de luta pela igualdade num período da história de Moçambique sob custódia da administração colonial portuguesa.
Talvez por esta mescla dum ser preocupado com as causas dos outros e que embandeirou em arco as suas vitórias em nome dum povo, que clamava pela sua liberdade e independência, que bem assenta-lhe o heroísmo que o autor destas linhas o concede. E os nossos heróis não são apenas os que de armas às costas libertaram o país. E o que mais dizer então de José Magalhães: quase nada, senão recordar sinteticamente os pergaminhos do escultor do atletismo do Clube Ferroviário de Maputo e da Selecção Nacional.
Fonte:Desafio