Infantino “atira-se” a antigos dirigentes do futebol africano pela má formação
A visita de Gianni Infantino tem sido vista como “política” uma vez que em breve a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) irá realizar eleições gerais para escolher o elenco que irá decidir o futuro do desporto rei no país.
Talvez por isso, na conferência de imprensa havida logo após o encontro do presidente da FIFA com dirigentes e antigos atletas, a primeira coisa que Alberto Simango disse foi para “desfazer equívocos”. “Não existe dia, hora e nem momento para trabalhar para a Federação”, acalmou os críticos.
Mas o líder máximo da FIFA não teve a mesma calma e “levantou poeira”, quando explicava a importância de cultivar mais e melhor os talentos futebolísticos moçambicanos e africanos.
“Como é possível que não consigamos converter o talento (que existe em África) em resultados concretos?” questionou de forma retórica, e de seguida respondeu, é possível porque não trabalhávamos bem.
A ríspida crítica era direcionada a antigos dirigentes do futebol africano no geral. “A culpa é dos dirigentes, claro”, disparou o líder máximo do futebol Mundial, FIFA, Gianni Infantino.
O ENCONTRO COM A “MALTA” DO FUTEBOL NACIONAL
Antes de conceder a última conferência de imprensa em Moçambique, o Italiano Gianni Infantino proferiu um discurso encorajador para os antigos futebolistas e dirigentes ligados ao futebol nacional.
Começou por se desculpar do seu “portunhol”, língua que ainda não existe oficialmente, mas nem precisava, porque, afinal, a linguagem do futebol é, acima de tudo, universal, ou seja, todo mundo o compreende.
“A língua que se fala aqui em Moçambique é a língua do futebol, porque Moçambique é futebol”, e um futebol de qualidade, pelo menos se olharmos para nomes como Eusébio e Mário Coluna.
“Foram jogadores que escreveram páginas míticas não somente da história de futebol como em vários sectores” recordou Infantino tendo depois agradecido pelo faco de Moçambique ter proporcionado esses talentos.
Por isso e pelo facto de este país ter sido o primeiro a visitar na sua campanha a presidente da FIFA em 2015. “Com esta visita eu pude definir as primeiras etapas de um programa de desenvolvimento do futebol mundial que hoje se chama Programa Forward”.
TRAZER BRILHO AO FUTEBOL MOÇAMBICANO E AFRICANO
O programa Foward ajuda a desenvolver talentos do futebol em todo mundo, mas em especial, Gianni Infantino tem a pretensão de proporcionar brilho ao futebol do continente negro.
“O trabalho que temos que fazer e o trabalho que vocês tem que fazer, é garantir que as decisões que tomamos juntos beneficiem a todos os talentos, permitindo que eles brilhem no mundo a fora”.
O mundo fica a espera de ver mais de Moçambique e de África, e o berço da Humanidade fica a espera de ver menos racismo no velho continente e no mundo. Afinal, para a FIFA o futebol é mais do que um desporto: são princípios.
ANTIGA DIRECÇÃO DA FMF FOI ALVO DE SANÇÕES DA FIFA
Os princípios são particularmente relevantes para o presidente da FIFA. “Esta é uma nova FIFA e, nela, assim como nas federações nacionais, a transparência e a governação financeira são fundamentais” explicou Gianni Infantino.
Para este líder, a FMF é o espelho desses princípios, tendo em conta as auditorias feitas pela FIFA a todas as federações, aliás, “algumas estão a sofrer restrições no seu financiamento e, actualmente, a FMF não tem essas restrições porque tem trabalhado bem”.
Gianni Infantino explicou que o debate agora entre a entidade máxima do futebol mundial e a FMF está na decisão sobre como serão investidos os valores, que recorde-se, “sofreu um incremento de cinco vezes mais se comparado com o valor disponibilizado pelas antigas direcções da FIFA”.
“Temos que investir como FIFA, mas ainda é necessário convencer a outros investidores de África, do Mundo e de Moçambique” disse, tendo depois elogiado a direcção de Simango “o trabalho que está a ser desenvolvido neste país é muito bom, porque tem sido honesto, aberto e transparente”.
O presidente da FIFA recordou que num passado recente, Moçambique sofreu algumas sanções devido a questões éticas de gestão dos fundos, mas sublinhou que na era Simango, ainda não houve necessidade, muito pelo contrário.
Fonte:Opais