Nado em Nampula, e ainda imberbe, apaixonou-se pela modalidade que o projectou ao nível Mundial. E sempre didáctico. Quando entrou no basquetebol internacional, as fronteiras quebraram-se. Passou a ser Abreu Muhimua do Mundo. Passou a ser um servidor do basquetebol mundial.
As presenças nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e Beijing, em 2008, assim como a sua nomeação para o Mundial do Japão, em 2006, provam-no. E, após retirar-se das quadras com uma carreira invejável, não deixou de servir a modalidade pela qual tem grande paixão. É por isso que continua a merecer a confiança da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) que o nomeou delegado técnico do Campeonato do Mundo da categoria sub-19, prova agendada para
É sempre bom. Para mim, é estimulante. Eu sempre digo as pessoas: quando entrei no basquetebol internacional, as fronteiras quebraram-se. Eu passei a ser Abreu Muhimua do Mundo. Passei a ser um servidor do basquetebol mundial. Ser chamado para uma prova destas, mais uma vez, não só dignifica o meu país como também o continente africano. Sou chamado a um campeonato que se realiza num país neutro, em que todos querem ganhar. Para mim é muito gratificante.
Agora, o que eu devo dizer é que fico mais satisfeito em saber que o meu país está lá. São daquelas situações em que eu digo: se eu tivesse que abdicar de uma coisa em detrimento do meu país, o meu país seria primeiro. Eu sempre me guio por aquilo que se diz: is not what you can do for you country but you country can do for you. O que mais me contenta ainda é que Federação Moçambicana de Basquetebol tem uma pré-selecção extremamente boa. Estas miúdas que foram convocadas já são estrelas.
Uma coisa é certa. Este tipo de competições são uma janela para o futuro. Futuro risonho. De resto, a campeã mundial em 1994 pelo Brasil Janeth Arcain, as campeãs olímpicas e mundiais Lauren Jackson (Austrália) e Diana Taurasi (Estados Unidos) projectaram-se no Mundial sub-19. Outrossim, há casos de sucesso recentes quais Damiris Dantas (Brasil), Celine Dumerc (França) e Liz Cambage (Austrália) que evoluíram nesta competição.
“Estas miúdas estarão numa montra mundial. Os campeonatos do mundo dos escalões de formação são uma grande montra porque todos querem lá estar para fazer o recrutamento de talentos. Estas jogadoras que vão para lá já sabem que é uma oportunidade para elas mostrarem o seu valor e serem contratadas”, observou Muhimua.
No país, não há registo de atletas nacionais que tenham brilhado em competições dos escalões de formação e, daí, tenham sido alvo de olheiros para coloca-las em grandes clubes.
“Nós tivemos o caso da Leia Dongue que sobressaiu nos Afrobaskets e, depois, nas eliminatórias para esta competição. Ela não teve a oportunidade de sobressair num campeonato do mundo das camadas de formação. Estas miúdas já vão quebrar a primeira barreira que qualquer desportista gostaria de quebrar que é sobressair num campeonato do mundo. Esta é a melhor montra para estar”, destacou Muhimua.
Para esta empreitada na qual Moçambique quer fazer brilharete, ainda que encontre adversários com outro quilate, Leonel Manhique, seleccionador nacional, conta com atletas com qualidade que evoluem dentro e fora do país.
De Portugal, chegam Chanaya Pinto, Soraya dos Santos e Célia Sumbana (Quinta dos Lombos), Carla Budane e Chana Paxixe ( Benfica).
Dos Estados Unidos, vem as “sisters” e estreantes ylee Manuel e Tyraa Manuel, irmas do craque Kendal Manuel que mostrou muita qualidade na segunda janela de qualificação ao Mundial de basquetebol assim como Noémia Massingue, que joga no Master Schol NY.
“O que mais me alegra é que esta selecção é inclusiva do ponto de vista de rendimento e enquadramento: os jogadores que estão a brilhar fora do país e jogadores que estão a brilhar dentro do país”, notou Abreu João.
Calcanhar que Aquiles em quase todas as campanhas, o início tardio de preparação e falta de condições básicas preocupam neste momento os amantes do basquetebol. E não é para menos: até situações de falta de produtos básicos de higiene com a selecção sénior feminino foi reportado no passado.
“O que eu espero e, acho que a FMB fazer as coisas no momento oportuno ou deve estar a fazer, é que crie todas as condições para a selecção poder dignificar o país. Portanto, acima de tudo, aqui já não é apenas uma questão da Federação Moçambicana de Basquetebol”, alertou o mais bem-sucedido árbitro de basquetebol moçambicano.
E sentenciou: “A partir do momento em que esta selecção qualificou-se ao Mundial, já não é a Federação Moçambicana de Basquetebol como tal. É Moçambique, portanto, toda uma nação”.
Fonte:Opais