O presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol, Francisco Mabjaia, assegura que a fase de preparação da selecção sénior masculino para a segunda volta das eliminatórias para o Mundial da modalidade, inclui um estágio pré-competitivo fora do país porque a competição, em Dakar, vai ser muito mais dura que em Moçambique. Mabjaia diz ainda que Portugal ou Turquia poderão palco do estágio.
Em Fevereiro, a selecção nacional de basquetebol sénior masculino ficou em segundo lugar na primeira volta das eliminatórias do grupo “D” para o Mundial 2019, prova a ter lugar na China. Em Junho, Moçambique irá disputar a segunda volta em Dakar, Senegal, onde voltará a ter como adversários a equipa da casa, a Costa do Marfim e a República Centro Africana. O que está a ser feito para que a selecção nacional tenha uma preparação condigna?
Estamos num período de preparação de aspectos logísticos e administrativos. Isto significa estarmos a angariar os apoios financeiros necessários, mas também a contactar possíveis locais de estágios. Ao nível desportivo, não há neste momento grandes problemas porque estão a decorrer competições na cidade de Maputo e na cidade da Beira que são os pontos onde se encontram a maior parte dos atletas da selecção nacional. Isto permitirá que os atletas tenham a necessária rodagem porque, em termos de convocatória da selecção nacional, espera-se que a mesma seja feita em finais de Maio e princípios de Junho. E, nessa altura, acreditamos que na cidade de Maputo já terá terminado o Campeonato da Cidade e, no caso da Beira, já terá terminado o Torneio Provincial. Então, vamos convocar a selecção para iniciar as suas actividades na primeira semana de Junho.
O Governo moçambicano, através do Fundo de Promoção Desportiva (FPD) reduziu nos últimos anos a sua comparticipação no desporto em 50 porcento. Como é que será feita a preparação tendo em conta a redução do bolo e atraso na sua alocação às federações desportivas nacionais pelo alocado FPD?
Vai ser um processo difícil. Mas estamos satisfeitos porque continuamos a ter o apoio institucional do Governo, continuaremos a ter o apoio do Fundo de Promoção Desportiva. É verdade que este ano o processo está atrasado, mas acreditamos que a qualquer momento poderemos ter esse valor. Este apoio do Fundo de Promoção Desportiva serve apenas como catalisador. Não é suficiente sequer para cobrir dez porcento das necessidades da federação. A federação, este ano, para além da actividade das selecções sénior feminina e masculina, tem outras actividades relacionadas com formação de treinadores e árbitros, equipamentos, etc. Portanto, o valor que nos é alocado é mesmo para servir de estímulo e para convidar aos potenciais parceiros. (...). E, neste aspecto, continuaremos a apostar no estabelecimento de parcerias com o sector empresarial.
Para que as selecções tenham excelentes prestações em provas, há toda uma logística que deve ser criada desde a realização de estágios, jogos de controlo e melhores condições de treinamento aos atletas. Há ou não a previsão de um estágio pré-competitivo fora do país?
A nossa planificação inclui um estágio porque a competição, em Dakar, vai ser muito mais dura que aqui em Moçambique. Portanto, a equipa terá que estar melhor preparada. No plano de preparação, contemplamos um estágio de quinze dias. Estamos a fazer contactos com a Turquia e Portugal. Portanto, dependendo dos custos, pode ser que a selecção nacional estagie na Turquia ou em Portugal. Não sendo possível em Portugal ou Turquia, certamente vamos encontrar na vizinha África do Sul um espaço para estagio.
A verdade é que temos que ter estágio. Infelizmente, o jogo com o Senegal em Maputo não terminou bem. É verdade que, na nossa planificação, não esperávamos que o jogo nos corresse no início tão bem como correu. Mas, em algum momento, acreditamos que seria possível vencermos o Senegal. Se tivéssemos conseguido, íamos para Dakar mais tranquilos porque a eliminatória estava já assegurada. Mas, ainda assim, vamos para Dakar convictos de que vamos carimbar a nossa passagem para a segunda fase.
Acreditamos que a selecção estará melhor que em Fevereiro, na primeira volta. Primeiro, porque estão a competir o que garante mais jogos nas pernas aos atletas. Depois, porque teremos um período relativamente mais longo de estágio. E penso que poderá entrar mais um ou outro jogador no grupo de trabalho que não estiveram na primeira fase. Isto vai contribuir para que a selecção nacional tenha melhor qualidade. Nos acreditamos que, no mínimo, teremos uma vitória em Dakar.
E é essa vitória que nos vai permitir passar para a segunda fase. Mas se conseguirmos duas ou três vitórias, vai ser muito bom apesar de ser uma modalidade que deu muitas glorias ao pais e que tem representado condignamente Moçambique, o basquetebol enfrenta muitos problemas de acesso à campos. Esta questão está acautelada para que a preparação decorra sem sobressaltos?
Felizmente, temos tido colaboração de alguns clubes. Os pavilhões do Maxaquene, Académica, Desportivo e Estrela Vermelha têm sido disponibilizados. Portanto, acreditamos que na devida altura estes pavilhões estarão disponíveis. Claro que não é confortável mudar de local de treino todos os dias porque nenhum desses clubes cedem os pavilhões para serem utilizados toda semana. Esta é a nossa realidade e teremos que trabalhar na base disso.
Jogos da Commonwealth
A selecção sénior feminino encontra-se em Gold Coast, na Austrália, onde irá participar na edição 2018 dos Jogos da Commonwealth. Esta selecção é composta por dez jogadoras do Ferroviário de Maputo e duas do Costa do Sol. Porque?
Esta não é a selecção que gostaríamos de ter. Penso que todos os que conhecem basquetebol moçambicano concordam comigo. Há jogadoras que tinham sido inscritas, no princípio, e que nesta altura não estão disponíveis. Falo, concretamente, daquelas que jogam na Europa e nos EUA. Em virtude de estarem na fase crucial nas competições em que participam, não puderam juntar-se a selecção nacional. Vamos com uma selecção que vai lutar para representar condignamente o país, mas claramente sabendo que não estamos ao nível do Canadá, Austrália e Inglaterra. Mesmo assim, vamos lutar por uma vaga nas meias-finais. Isto implica temos uma boa postura com a Inglaterra, passarmos para a segunda fase e, ai, vamos cruzar com equipas do segundo grupo. As equipas do segundo grupo são claramente acessíveis.
Mas faz sentido inscrever atletas que, à partida, já se conhece o seu calendário estudantil e desportivo?
Na verdade, não ficamos surpreendidos com a não disponibilidade das atletas. Isto porque, inicialmente, identificou-se uma lista de vinte e cinco atletas. E, depois fizemos o contacto com elas em tempo útil e estas confirmaram aquilo que era a nossa previsão. Elas estão a estudar durante Abril. Não seria possível virem. Se saíssem, estas atletas perderiam aulas ou oportunidade nos seus clubes. Portanto, não fomos colhidos de surpresa. Pelo contrário, a participação delas seria uma agradável surpresa daí que temos esta selecção que não está na sua máxima força. Vamos procurar jogar da melhor forma possível.
Moçambique tem, neste momento, mais de 14 atletas a evoluírem nos EUA e Europa. Que aproveitamento é que a Federação Moçambicana de Basquetebol esta a tirar destas atletas e tendo em conta o facto de, no passado, muitas moçambicanas que seguiram para fora do país não terem dado o contributo que seria de esperar a selecção nacional?
Nós acreditamos que, harmonizando melhor o calendário das competições da FIBA, podemos tirar proveito destas jogadoras. Sabemos que tanto as que estão nos EUA quanto as que se encontram na Europa, o único período que tem disponibilidade é entre Julho e Agosto e primeira semana de Setembro no máximo. Isto porque em Setembro começam as aulas. Nos acreditamos que, se todas as competições se realizarem entre Julho e finais de Agosto, elas estarão disponíveis. Foi por que a Tamara Seda e Chanaya estiveram presentes no “Afrobasket” em 2017. Neste período não vemos nenhuma dificuldade. Agora, fora deste período, nós próprios recomendamos que a prioridade deve ser a escola. (...). Queremos todos que elas tenham uma profissão e se puderem combinar com basquetebol melhor. A nossa principal recomendação é que elas se concentrem na escola e formem-se.
Há, na federação, um gabinete específico que faz o acompanhamento destas atletas que jogam fora do país?
Sim, estamos a acompanhar a sua evolução destas atletas ao nível dos treinadores. Particularmente, ao nível dos treinadores dos sub-18. Sabemos o que está a acontecer com a carreira destas atletas.
Caso de Amélia Massingue
Amélia Massingue lesionou-se, em Agosto de 2017, quando representava a selecção nacional no “Afrobasket” de Bamako, Mali. De la a esta parte, a atleta nunca mais voltou a jogar pelo seu clube, Ferroviário de Maputo. O que a FMB fez em termos de acompanhamento e tratamento da lesão?
Amélia Massingue está à espera de ser operada. A qualquer momento será operada. A Federação Moçambicana de Basquetebol vai assumir a sua responsabilidade. Ela lesionou-se ao serviço da selecção nacional. Portanto, quando chegar o momento a federação vai assumir. Lamentamos que este processo esteja a levar muito tempo e que ela esteja a ser prejudicada. Mais: que o clube esteja a ser prejudicado, também, porque ela não pode dar o seu contributo.
Fonte:Opais