TIVERAM lugar ontem, no Cemitério de Lhanguene (zona maometana), as cerimónias fúnebres do seleccionador nacional de natação, Frederico dos Santos, falecido no passado sábado vítima do desabamento do muro de vedação na Piscina Olímpica do Zimpeto.
As cerimónias iniciaram com um velório, bastante concorrido, na Piscina Raimundo Franisse, no centro da cidade, junto à Associação de Natação da Cidade de Maputo (ANCM), onde familiares, amigos, desportistas (atletas), dirigentes desportivos e governantes prestaram o último adeus ao malogrado. Frederico dos Santos foi enaltecido pelos grandes feitos em prol da natação como técnico e promotor de iniciativas que contribuíram para o crescimento da modalidade a todos níveis.
Falando em representação da família Dos Santos, Ricardo dos Santos (filho) destacou o pai como grande exemplo, herói e guerreiro que batalhou dia e noite para o bem da sua família e da natação.
“O nosso pai era professor, pois nos ensinou a ser aquilo que hoje somos e o que um dia os nossos filhos se tornarão. Educou-nos com mais alto nível de ensinamento. Mostrou-nos a vida e era extraordinário conselheiro ”, frisou.
Disse, adiante, que Frederico dos Santos, não só cuidou da casa onde vivia com a sua família, como também criou, com os seus conhecimentos e força, uma nova casa, que é o Clube de Natação Tubarões de Maputo.
“Era justo, humilde, amigo, conselheiro e adepto de cada um de nós. Ralhava e muito, mas era para o nosso melhor. Se existia alguém que conseguia dar esperança ou levantar a auto-estima de alguém, era o nosso pai. Não existe filho, atleta ou qualquer outra pessoa que não se auto-moralizava ao ouvir nosso pai falar. Há muita coisa que está a inundar a nossa alma pela perda física deste homem que tanto significa para nós. Ele dizia sempre “tu és capaz”. Não há como explicar o vazio que deixa em casa e na piscina. Estarás nos nossos pensamentos quando fizermos a longa viagem da piscina à casa, quando estivermos na piscina no meio de uma competição, quando procurarmos aquelas tuas palavras lindas, encantadoras e que nos punham como espírito de vencedor. Estaremos sempre consigo”, sublinhou.
Por seu turno, os Tubarões de Maputo, clube que vinha treinando até à sua morte, destacou Frederico dos Santos com um grande homem que sempre andou de cabeça erguida, dedicado e impecável. Encorajava, com as suas palavras sábias, os atletas a encararem desafios com firmeza e responsabilidade.
Já o Ministro da Juventude e Desportos, Alberto Nkutumula, afirmou que a notícia da morte de Frederico dos Santos deixou a todos profundamente consternados, porque se calou a voz, não só de um pai, irmão, amigo e companheiro, mas também de um homem do desporto e que granjeou muita simpatia e respeito, não apenas na natação, como também no desporto no geral.
“Aos familiares e amigos, à família da natação e, em especial, a todos os desportistas, Frederico dos Santos desaparece fisicamente, mas fica eternamente nos corações de muitos desportistas que sabem e reconhecem a devoção e a trajectória desportiva e humana deste grande homem que temos a espinhosa e dolorosa missão de dizer o último adeus.
Choramos a morte de Frederico dos Santos em uníssimo: chora a natação, o futebol, o atletismo, o basquetebol, enfim, o desporto moçambicano no seu todo que vê se apagar uma referência que deixou marcas profundas por todos nós reconhecidas nas piscinas nacionais e além-fronteiras.
A sua morte prematura empobrece o nosso desporto, porque nos retira compulsivamente um profissional de conhecimento, maturidade e experiência consolidada ao logo da sua carreira desportiva. Apaga-se uma boa fonte de conhecimento e motivação dos jovens desportistas que, com ele, seguramente teriam muito ainda por aprender sobre o trabalho árduo para o sucesso desportivo”, referiu.
A presidente da ANCM, Páscoa Themba, disse, por seu turno, que no seu longo e brilhante percurso Frederico dos Santos conquistou recordes e títulos ao nível da cidade e nacional.
“A sua grandeza vai para além da cidade de Maputo. Foi sempre um homem de convicções e empenhado na promoção de natação e criação de condições para o surgimento de novos talentos, campeões e recordistas. Pela sua competência, foi igualmente confiado para várias missões, nomeadamente presidente da Comissão Técnica da ANCM, gestor da piscina e escolas da “Raimundo Franisse” e da Piscina Olímpica do Zimpeto”, anotou Themba.
Já o presidente da Federação Moçambicana de Natação destacou que com o seu trabalho, empenho e dedicação, o malogrado granjeou e conquistou confiança, carisma e estima que lhe permitiram merecer a indicação para o cargo de seleccionador nacional da modalidade.
“Foi uma pessoa humilde, empenhada e determinada a elevar o nome de Moçambique ao mais alto nível, preparando os atletas de diferentes escalões. É uma pessoa que merece o nosso apreço, carinho e consideração”, realçou.
Frederico dos Santos nasceu em 1972, tendo iniciado a sua carreira de atleta e treinador no Clube Ferroviário de Nampula, antes de ir à formação, em Portugal, com estágio prático no Estrela da Amadora. Passou pelo Ferroviário de Maputo, antes de treinar os clubes Golfinhos e Tubarões de Maputo. Feito isto, foi nomeado seleccionador nacional, cargo que vinha exercendo até à sua morte.
O malogrado deixa esposa e sete filhos.
Fonte:Jornal Noticias