Um autêntico “tiro de canhão” lançado a meio do meio-campo da Liga Desportiva encontrou o “keeper” Joaquim desprevenido. Tão rápido, Timbe só acenou a cabeça quando viu a bola se anichar no fundo das malhas. Joaquim ficou entre defender com os punhos ou segurar o esférico que vinha com muita força em sua direcção. Foi pela segunda opção e a bola, que carregava “fogo”, se escapuliu para o gáudio dos “locomotivas”. Isto porque o golo aconteceu quase no fim da primeira parte do período do prolongamento (aos 12 minutos), portanto numa fase em que se jogava por tudo ou nada. Aliás, o Ferroviário ainda soube gerir o resultado e o tempo, fazendo um jogo de contenção e actuando de forma desmedida nos restantes minutos da contenda.
Contudo, o jogo teve vários momentos: uma primeira parte a “feijões”, porquanto nenhuma das equipas conseguiam explorar devidamente o seu jogo. Notaram-se “lacunas” próprias de plantés ainda na fase de pré-época, portanto com problemas de ritmo e a procura do seu fio de jogo. Nessa etapa o jogo se resumiu a alguns lances de bola parada vindos de ambos os lados, mas sem êxito e tentativas por parte da Liga de acertar a baliza com remates de fora da grande área. Aliás, a Liga Desportiva acabou levando, ao fim desta fase, vantagem em termos de produção de jogo. Pois conseguiu articular algumas jogadas com o ex-canarinho Ussama a se notabilizar com iniciativas de ataque a partir do miolo, onde tinha o apoio incondicional de Liberty.
Foi assim que a Liga conseguiu abrir as linhas de passe que permitiram as suas jogadas fluíssem para a zona de rigor onde estavam posicionados Telinho e o “ex-locomotiva” beirense Mário. Mas a dupla não conseguia penetrar na muralha defensiva dos “locomotivas” da capital e os poucos remates não surtiram o efeito desejado, para além de que o guarda-redes Germano esteve muito seguro. O ala direito Kito encetou alguns centros geométricos, mas que encontravam a resposta de Calima e Jeitoso, que faziam a dupla de centrais “locomotivas”.
Por seu turno, o Ferroviário se precipitou nas suas iniciativas, ou seja, não acertava nas articulações e, como consequência, falhava nos passes. Portanto, não tinha a mesma progressão da Liga. Diogo e Jair tentaram dar cobro à situação, com tentativas de rasgos à diagonal a partir dos extremos (se trocando), mas se perdiam no esforço de fazer a diferença. Assim, as bolas pouco chegavam em condições de alimentar o ataque com precisão. As jogadas não saíam com perfeição, daí que o artilheiro Luís esteve nesse período a deambular, enquanto Gito (ex-HCB), que actuava pelas suas costas, tentava mostrar serviço indo buscar as jogadas para agilizar o ataque e com alguma confiança e mestria.
Na segunda parte houve melhorias em termos de produção de jogo e alternância ofensiva constante. Aliás, a Liga entrou com a substituição de Mário por Elias II (ex-Ferroviário de Nacala) na tentativa de galvanizar o seu ataque. Mas encontrou um Ferroviário já astuto e decidido. Na defensiva, para além do “patrão” Calima, estava o extraordinário Edmilson do qual nada escapava. Anulou várias jogadas de ataque da Liga Desportiva pelo corredor esquerdo.
O esquerdino Diogo ganhou, a partir desse período, uma nova dinâmica ofensiva e arrancava encostado em linha, pelo flanco esquerdo, para depois cruzar o meio-campo a fazer colocações surpreendentes para a zona de tiro. Fê-lo com perfeição aos 71 minutos, quando foi à linha de fundo cruzar atrasado para Luís atirar contra a base do poste.
Minutos depois o mesmo Diogo fez duas assistências, primeiro para Luís marcar em posição irregular. Nessa altura, o ataque “locomotiva” estava fogoso, porque já contava com os préstimos de Lewis que entrou para o lugar do talentoso Gito. Este foi o segundo a ser solicitado pelo esquerdino e perdeu a oportunidade de “matar” o jogo quando, na tentativa de evitar um contrário para depois atirar, ficou sem a bola já no interior da pequena área. O jogo terminou assim com o nulo.
Fonte:Jornal Noticias