A PISCINA Olímpica do Zimpeto está a ser alvo de disputa entre a Federação Moçambicana Natação (FMN) e Associação da modalidade na cidade de Maputo (ANCM).
Em causa está a cedência da gestão do recinto à ANCM, depois de um aparente acordo que terá sido rubricado pela direcção do Complexo Desportivo do Zimpeto e a FMN para a utilização do recinto pela instituição que gere a modalidade a nível nacional.
A confusão começou quando a ANCM tornou pública, através de um comunicado divulgado semana passada, o início das actividades de formação nas piscinas do Zimpeto, com abertura das escolas de iniciação no último sábado, data que curiosamente coincidia com o início da preparação da Selecçao Nacional de natação para os compromissos que se avizinham, com destaque para os Jogos da Commonwealth, da CPLP e da África Austral (SCSA).
Foi nesse contexto que a FMN tomou conhecimento da cedência do uso das piscinas a ANCM, uma decisão que não apenas surpreendeu a direcção da FMN, bem como levantou suspeitas quanto ao secretismo no tratamento do assunto, depois de se ter dado como certo a entrega da gestão desportiva à federação.
Chamado a comentar sobre o assunto, do director-adjunto do Complexo Desportivo do Zimpeto, que abrange o estádio e a piscina, José Pereira, que foi um dos que acompanhou de perto o processo, tendo afirmado que desde 2011 que o Fundo de Promoção Desportiva tem vindo a trabalhar com a FMN, e que esta não tem correspondido às expectativas visando a exploração das piscinas, facto que concorreu para a cedência da gestão à ANCM. Pereira revelou que nunca foi celebrado contrato formal com a FMN para a gestão, por parte desta, do recinto, mas sim uma abertura para a formalização do processo com vista ao uso da infra-estrutura.
“ Nunca cedemos a gestão à FMN, houve sim manifestação dessa vontade e não tendo dado passos para a gestão das piscinas nós entrámos em contacto com a ANCM, e apresentadas as nossas propostas e eles as suas contraposições, sendo que neste momento decorre a troca de correspondência para a assinatura de um contrato com a associação para a gestão desportiva da infra-estrutura. Caberá ao Fundo de Promoção Desportiva a gestão administrativa da infra-estrutura”, esclareceu Pereira.
A fonte foi mais distante ao afirmar que o diálogo com a FMN foi sempre de surdos. Disse que desde a inauguração do Estádio Nacional do Zimpeto, ou seja um pouco depois dos Jogos Africanos, o Fundo trabalhou com a FMN para a formalização da gestão da piscina, com vista a tornar o recinto no centro de formação e projecção de talentos para alimentar aos clubes e posteriormente às selecções nacionais.
“O mais surpreendente é que entrámos recentemente em negociação com a ANCM e esta, em menos de 15 dias, pôs as piscinas a funcionarem e no sábado foram inauguradas as escolas de natação no Zimpeto. Portanto, fez o que a FMN não conseguiu em três anos”, elucidou, recordando que o Governo construiu a piscina olímpica do Zimpeto para competição, formação de talentos e laser.
“Depois dos Jogos Africanos nós dissemos a FMN, como entidade competente para lidar com os praticantes e interessados pela modalidade, que podia desenhar um projecto para a gestão desportiva da piscina. De lá para cá não houve passos concretos. Perante isto, o FPD acabou convidando a ANCM para realizar essa actividade, tendo em conta que as piscinas estão na zona de jurisdição da cidade de Maputo e a ANCM é, em termos territoriais, também abrangida. E deu sinais de crédito em pouco tempo”, ressaltou.
Desporto não pode desenvolver com agendas obscuras
O presidente da FMN, Gilberto Mendes, disse que a notícia de cedência da gestão das piscinas do Zimpeto à ANCM colheu-lhe de surpresa e só demonstra que há pessoas com agendas obscuras e que alimentam interesses pessoais em detrimento do desporto.
O facto desta decisão surgir nas vésperas da sua saída, uma vez ter manifestado o desejo de não se recandidatar para o escrutínio de Abril próximo, é mais um sinal de que há gente que quer se aproveitar do recinto para benefícios pessoais e que viam nele uma barreira.
“É no mínimo uma fuga para a frente e é colocar a caroça à frente dos bois, querendo usurpar tudo em nome de uma agenda obscura. No mínimo, a haver vontade da ANCM, que fosse em coordenação com a FMN.
Isto significa que já uma apetência pelo património da piscina olímpica. Nós fomos entregues a piscina das mãos do actual director do Instituto Nacional do Desporto, António Munguambe, quando ainda era PCA do FPD, nos meados do ano passado e nessa altura a piscina tinha friscos e havia, desse modo, a necessidade da sua recuperação técnica.
Foi-nos entregue a gestão desportiva e o FPD ficou com a gestão administrativa, no sentido de gestão interna, ou seja o pagamento da água, luz, cloro e trabalhadores ficaria a cargo do INADE porque a FMN não tinha meios. Ficou claro que a responsabilidade que tinham antes manter-se-ia e nós tínhamos que apenas atender a componente competitiva, ou seja desportiva.
Fonte:Jornal Noticias