TICO-TICO, embaixador da Selecção Nacional de Futebol, defende que a estrutura à volta dos “Mambas” tem de ser mais profissionalizada.Numa pequena entrevista concedida ao nosso jornal ainda em Cape Town, onde os “Mambas” estiveram a disputar o CAN-Interno, tendo ocupado a última posição no Grupo A, atrás da África do Sul, Nigéria e Mali, Tico-Tico elogiou o esforço dos jogadores, mas sustenta que alguém tem que fazer mais para que estes mesmos atletas tenham um bom desempenho em provas idênticas.
Logo depois da derrota, por 4-2, frente à Nigéria para a segunda jornada, a nossa Reportagem ouviu a reacção do Embaixador dos “Mambas”. Tico-Tico afirmou: “O desempenho de Moçambique nesta prova é desconfortante, pois fica a sensação de que podíamos ter dado mais. A rapaziada entrou para o último jogo determinada, acreditava que neste embate era possível vencer e, nós também acreditámos que realmente era possível sair com uma vitória. Mas a partir de um certo momento no jogo, que é crucial, neste caso quando se deu penalte à Nigéria isso afectou a equipa psicologicamente. Passámos a correr atrás do prejuízo, pois a Nigéria fez o 3-2. Quando é assim corre-se o risco de se sofrer mais um golo e foi o que aconteceu. Fica aquele amargo na boca, pois sentimos que podíamos ter ganho o jogo, com a exibição que fizemos na primeira parte, sobretudo no início do jogo, mas enfim… faltou alguma coisa para darmos um passo. Temos que parabenizar a rapaziada pelo esforço que fez, mas infelizmente não conseguimos ganhar, o que era objectivo principal para acalentarmos esperança de irmos à segunda fase”.
E… depois do encontro com o Mali Voltamos à carga: Como é que explica esta coincidência de sempre marcámos primeiro e depois perdermos?
“Penso que é uma mera coincidência. Talvez comentar um pouco na questão de marcar primeiro e sofrer logo a seguir. No futebol a partir da altura que uma equipa marca torna-se vulnerável a sofrer golos. Portanto, devia haver uma chamada de atenção para os jogadores se concertarem mais, pois é exactamente no momento que marcamos o golo que nos tornámos vulnerável a sofrer golos. Há que se consolidar as vantagens e tirarmos proveito delas, o que não aconteceu.
Quando se joga a este nível, a falta de concentração paga-se muito caro. Notou-se nalguns momentos que a equipa perdeu concentração e acabou sofrendo golos. Se tivéssemos vencido o Mali seria um marco histórico, pois Moçambique nunca ganhou uma partida num CAN”.
Na qualidade de Embaixador, o que pensa que deve mudar nesta selecção para que futuramente tenhamos bons resultados?
“Somos rápidos a criticar os jogadores, mas eles são ao fim e ao cabo os heróis disto tudo. As dificuldades que eles têm passado para representar o país muitas vezes não as consideramos. Todos vêm do defeso, mas fizeram um esforço enorme para estarem aqui. Há que lhes dar força. Eles tiveram férias curtas, o que pode afectar o resto da temporada. Querem ganhar, mas não é fácil. Falta muita coisa. A estrutura à volta da selecção, por exemplo, tem de ser mais profissionalizada, para que os jogadores se sintam mais incentivados a dar o seu máximo. Há muitas outras coisas que não vale a pena aqui citar, que na minha opinião afectam o desempenho da Selecção. Temos a questão dos ataques em Moçambique que muito recentemente vitimaram alguns jogadores, penso que isso também afectou a equipa, pois souberam em primeira mão com a evolução das tecnologias de comunicação.
São situações que afectam, mas em campo eles deram o máximo. Apesar de as coisas estarem a correr mal no país, eles fizeram a sua parte. Demonstraram que estão com Moçambique no coração. Portanto, em face disso, repiso, que são eles os heróis de tudo isto. Não tenho como criticá-los, também passei pela posição deles, somos sempre os mais criticados porque nós é que jogámos, mas há uma série de coisas que devem ser feitas para melhorar a Selecção. Não podemos atirar pedras a estes rapazes, pois eles são briosos. Se não deram mais é porque não têm mais para tal, mas penso que ofereceram o que tinham a oferecer. Temos que acarinhá-los e motivá-los, porque ainda havemos de precisar deles. Há mais jogos pela frente e contámos com eles, isto não termina aqui com o CAN-Interno.
Questionamos a Tico-Tico, curiosamente, onde é mais difícil estar, no campo ou fora dele?
“Fora do campo é que é mais difícil. Dentro do campo facilmente o nervo passa, de fora há sempre aquela sensação de que podia ajudar, dar o melhor. É por essa razão que se sofre mais fora do rectângulo”.
Fonte:Jornal Noticias