CONTRATO de trabalho de João Chissano, recentemente nomeado seleccionador nacional, cargo que vinha exercendo interinamente desde a “fuga” do alemão Gert Engels, será revisto.
A informação foi tornada pública ontem pelo presidente da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), Feizal Sidat, quando confrontado pela Imprensa no decurso da recepção oferecida aos “Mambas” pelo Ministro da Juventude e Desportos, Fernando Sumbana Jr., para felicitá-los pela qualificação à fase final do CAN-Interno, a decorrer em Janeiro de 2014 na vizinha África do Sul.
Feizal Sidat disse que iria conversar entre hoje (ontem) e amanhã (hoje) com João Chissano com vista a discutir a sua actual situação contratual. “Como sabem, o contrato de João Chissano vai até Junho de 2014. Ele já treinou as selecções de Sub-17 e Sub-23 e foi durante muito tempo seleccionador-adjunto dos “Mambas”. Teve uma boa prestação e sabemos acarinhar aqueles que fazem bom trabalho. Vamos, no devido momento, melhorar a condição salarial de João Chissano e isso não impede que continue a trabalhar mais. Eu já tomei a iniciativa e chamei-lhe para conversarmos”, afirmou Sidat.
Quanto à preparação dos “Mambas” para o CAN-Interno, Sidat disse que a planificação dependerá do sorteio a realizar-se no dia 18, em Cairo.
“Temos que saber quem serão os nossos adversários e em que cidades estaremos alojados e daí faremos um plano de preparação. Em princípio, a partir de 10 de Novembro, 30 dias antes, iremos nos concentrar para iniciar com a preparação”, assegurou.
JOÃO CHISSANO: Ligação que tenho ainda é de adjunto
“AINDA tenho o contrato de adjunto. O mesmo que me foi proposto quando aceitei auxiliar o ex-seleccionador nacional Gert Engels. Nada mudou até aqui. No meu contrato estão claras as minhas funções, que passam por ajudar o seleccionador na planificação dos treinos, dos jogos, entre outras tarefas”, João Chissano, que assegura ter ainda contrato de adjunto.
João Chissano acrescenta que o salário mantém-se o mesmo. Contudo, afirma que tem em vista alguns encontros com a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) para delinear o programa de preparação para o CAN-Interno e espera que num desses encontros seja analisada esta situação. “Estão previstos alguns encontros com a federação e penso que haverá espaço para falar sobre esse assunto”.
Sem seleccionador nacional, o técnico admite não ter muito sentido continuar com um contrato de adjunto. “Continuo com o contrato de adjunto, entretanto estou a exercer as funções de treinador principal. Se no meu contrato está previsto para ajudar o seleccionador, onde está esse seleccionador?”, questiona.
Sobre se já tinha definido o programa de preparação, João defendeu um estágio fora do país com jogos de controlo que permitam dar rodagem à equipa moçambicana. “Ainda vamos definir o programa de preparação, mas é minha intenção colocar a selecção a estagiar fora do país”, ajuntando que preferia defrontar equipas da zona austral.
Sumbana quer selecção forte
SUMBANA enalteceu a aposta pela FMF na prata da casa, salientando que isso demonstra que, afinal de contas, os moçambicanos são capazes.
Questionado sobre as razões que levam João Chissano, agora técnico principal dos “Mambas”, a não auferir o mesmo salário que era de Gert Engels e se os parceiros do MJD haviam deixado de apoiar a FMF no pagamento do seleccionador nacional, o ministro Sumbana respondeu:
“Nada encerrou. A HCB continua a apoiar a selecção. O que tenho a dizer é que a FMF diz que está a trabalhar para a melhoria das condições da equipa técnica e não só. Continuamos a pensar na melhoria de condições de um modo geral”.
Disse, porém, que o ministério não trabalha com números. “O que a FMF nos disse é que pretende melhorar as condições da equipa técnica e está igualmente equacionada a melhoria de condições para a formação com vista a trabalhar com outras selecções para projectar uma selecção que possa ombrear com os mais fortes do continente”, destacou.
Salário não altera até ao fim do vínculo
ENTRETANTO, na quarta-feira o secretário-geral da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), Filipe Johane, havia avançado ao “Notícias” que o salário de João Chissano não iria alterar até ao fim do contrato, previsto para Março próximo.
Johane justificou a posição da FMF alegadamente pelo facto de os financiadores das remunerações dos técnicos da Selecção Nacional (Hidroeléctrica de Cahora Bassa, em parceria com o Ministério da Juventude e Desportos) terem deixado de disponibilizar os 10 mil dólares com os quais era assalariado Gert Engels logo que o técnico alemão abandonou os “Mambas”.
O facto, prosseguiu Johane, deixou a FMF sem margem de manobra para rever os salários de João Chissano e o seu actual adjunto, Mano-Mano.
“Após a saída de Gert nós reunimos com os dois (Chissano e Mano-Mano) e perguntámos se podiam “puxar o barco” e eles disseram: sim. Apresentámos as condições e assim eles continuam a trabalhar connosco até Março de 2014, altura do fim do contrato. Aceitaram o desafio cientes de que continuariam a receber o mesmo valor que vêm auferindo desde 2011, quando rubricaram contratos de adjuntos de Gert”, sublinhou.
Continuou dizendo que “o contrato de Gert tem várias nuances, é bem diferente da do João Chissano e nós por agora nada podemos fazer, sob risco de prometermos o que não temos. Depois de Março, se reconduzirmos a eles, penso que algo será feito, mas por enquanto não, até porque o salário do Gert está com os financiadores, nós nunca vimos, muito menos receber qualquer tostão do tal valor. Aliás, mesmo João e Mano-Mano não recebem aqui connosco, é tudo com eles”, frisou.
Refira-se que aquando da assinatura do contrato em 2011 estipulou-se que João Chissano e Mano-Mano receberiam 140 mil meticais cada (fixos durante a vigência do contrato, ou seja, 2011-2014) por coadjuvar o alemão Gert Engels, com algum acréscimo para Chissano, que acumulava com as funções de seleccionador nacional dos Sub-20.
Os três técnicos, Gert e seus dois adjuntos, tinham em contrapartida três frentes: as qualificações para o CAN-2013 (sonho que ruiu após retumbante derrota por 0-4 em Marrakech), Mundial-2014 (tudo acabou com a goleada por 1-6 em Conacry) e CAN Interno 2014 (cuja qualificação foi conseguida após dois empates, 0-0 e 1-1, frente a Angola, em Benguela), sem que no entanto fosse imperioso o apuramento, dado que a Selecção Nacional estava numa fase de renovação.
Filipe Johane explicou ainda que João Chissano nunca foi seleccionador interino, foi sempre principal desde a “fuga” de Gert Engles, após goleada em Conacry frente à Guiné.
Fonte:Jornal Noticias