Dificuldades condicionam o projecto
DIFICULDADES de vária ordem, desde as financeiras, materiais e infra-estruturais limitam o projecto de descoberta de novos talentos de futebol levado a cabo pela Escolinha de Tico, uma iniciativa do antigo “capitão” dos “Mambas”, Tico-Tico.
Lançado em 2010, o projecto Escolinha de Tico é uma iniciativa que visa a massificação do futebol, numa altura em que o país tem registado resultados pouco animadores nesta modalidade, problema derivado da fraca formação de atletas.
As actividades da escola arrancaram há quatro meses, na localidade de Massaca, distrito de Boane. Estão inscritas na escola cerca de 150 crianças de ambos os sexos, com idades entre os sete e os 18 anos, treinando três vezes por semana, com assistência de quatro monitores moçambicanos que beneficiaram de uma formação promovida pela Fundação Real Madrid nos finais ano passado.
Entretanto, nem tudo é mar de rosa para a escolinha e, segundo Tico-Tico, a primeira dificuldade com que o projecto se debate tem a ver com o próprio terreno, que é um baldio, não reunindo condições mínimas para um bom futebol, precisando, portanto, de ser melhorado para que os meninos treinem condignamente.
Por outro lado, o patrono aponta a insuficiência de bolas como outro “calcanhar de Aquiles” para o projecto, ajuntando que as poucas lá existentes são propriedade pessoal. Falou igualmente da falta de mecos, botas e equipamentos, pelo menos para treinos.
Para o antigo “capitão” dos “Mambas”, o campo actualmente em uso necessita de uma terraplanagem, pois o objectivo é se ter pelo menos um bom pelado, pois segundo ele, é um terreno ideal para a formação. Outra dificuldade por si apontada prende-se com a falta de balizas, estando a escola a funcionar com duas balizas já velhas, o que não conforta os petizes.
“Para uma escola como esta é necessário um campo em condições, balizas em bom número e bom estado, bolas, entre outras coisas. Por outro lado, não temos água e energia perto, e isso agrava a situação”, realçou Steven Ferrão, oficial de projectos na Escolinha do Tico.
Em relação aos objectivos, Ferrão apontou a construção de edifício, uma espécie de academia, com balneários, salas de reuniões e outras condições indispensáveis neste tipo de trabalho, como prioridades a curto prazo.Mesmo com dificuldades tem se remado contra a maré e, segundo nossos entrevistados, a escolinha regista uma aderência massiva de crianças, ávidas em jogar a bola.
Além da componente desportiva, escolinha lida com questões de saúde e educação, tendo se firmado há pouco tempo uma parceria com a USAID no âmbito do combate á Malária e HIV, para além da promoção de palestras.Aliás, para Tico-Tico é quase impossível o desporto sem educação e saúde.
Por outro lado, a escolinha tem trabalhado com o Secretariado Técnico da Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), entidade subordinada ao Ministério da Agricultura, no âmbito do combate à desnutrição crónica.
Aliás, para Tico-Tico um atleta com problemas de má nutrição jamais vai ter uma produção que se pode equiparar àquele que sempre foi bem nutrido.
“Se quisermos provar é só olharmos para a Europa, o jogador nasce sem talento, mas aprende a jogar e torna-se “estrela”, e o africano nasce com talento mas por causa destas vicissitudes, falta de acompanhamento e desnutrição crónica produz muito aquém do seu potencial”, explicou.
Por sua vez, o oficial de programas revelou que o objectivo expandir dentro em breve o projecto para Chókwè, Gaza e Inhambane. Nestes pontos do país serão erguidas infra-estruturas de baixo custo para os trabalhos.
Em relação a parcerias já firmadas, Tico-Tico avançou que por enquanto o único é com a Fundação Real Madrid, que apoia a escolinha na formação técnica, estando para breve previsto a intervenção de outras instituições.
Fonte:Jornal Noticias