Que intolerável mediocridade!
NÃO havia dúvidas de que estávamos perante uma missão impossível, a de inverter o saldo negativo registado pela Selecção Nacional feminina de futebol de Sub-20 diante da sua congénere do Zimbabwe (0-4), no jogo da primeira “mão” de qualificação ao Mundial de Japão, disputado há sensivelmente duas semanas, em Harare.
Havia, sim, a crença e esperança de que, no mínimo, seria possível honrar o nome de Moçambique nesta competição, vencendo, mesmo com margem mínima, em casa, no embate da segunda “mão”, realizado na noite de sábado, no Estádio Nacional do Zimpeto.
O embate estava inicialmente marcado para as 15.00 horas, no campo da Liga Muçulmana, na Matola, mas acabou sendo projectado para Zimpeto devido à chegada tardia dos árbitros sul-africanos. Pelas mesmas razões, o jogo, que ficou marcado para as 19.30 horas, só arrancou quando eram quase 20.00 horas.
Portanto, quem pensou na vitória moçambicana enganou-se redondamente, porque as zimbabweanas vincaram a sua supremacia goleando novamente as nossas meninas, por 3-0, fixando a eliminatória em 7-0. Foi tamanha vergonha e uma mediocridade inadmissível esta a que a nossa selecção foi sujeita em casa.
Entretanto, não se pode em nenhum momento atribuir esta vergonhosa prestação moçambicana à chuva que se fez sentir desde o fim da tarde de sábado até à noite adentro porque, nas mesmas circunstâncias, as zimbabweanas conseguiram tirar o melhor proveito e, sobretudo, em terreno alheio. Certo que o relvado ficou alagado e escorregadio, o que tornou o terreno de algum modo impraticável, porque a chuva manteve-se ininterrupta quase durante todo tempo regulamentar, facto que evidenciou algumas poças de águas que travavam o movimento do esférico.
Contudo, isto não retira a superioridade das zimbabweanas na abordagem do jogo, facto que lhes permitiu chegar mais vezes à baliza moçambicana, defendida por Felicidade, que foi bastante ingénua nalguns lances que resultaram em golos.
Obviamente que as zimbabweanas vinham para defender o resultado que, certamente, já lhes tinha garantido a passagem. O objectivo era evitar sofrer golos, por isso jogaram com natural tranquilidade, aproveitando os erros do adversário. Perante as fragilidades que a turma moçambicana ia evidenciando, elas tomaram de assalto o terreno adversário, explorando o contra-ataque e a velocidade dos seus avançados.
Mesmo assim, só mais tarde conseguiram os seus intentos, porque as moçambicanas entraram com alguma energia e tentaram a todo custo impor-se, mas não tinham pés para rematar à baliza defendida por Portia, que teve o trabalho facilitado com a excelente actuação da defensiva zimbabweana e porque o combinado nacional não tinha “guerrilheiras” com força suficiente no ataque.
Viveu-se, na primeira metade do jogo, uma partida muito disputada a nível do meio-campo, mas com algumas saídas zimbabweanas e remates fora da área. Infelizmente, as investidas moçambicanas morriam à entrada da grande área adversária.
Já na segunda parte, notou-se um predomínio das forasteiras que, com a sua pujança física, foram superando a resistência moçambicana em velocidade. Mayo Maggie abriu o activo aos 50 minutos, complicando mais as contas das donas de casa.
O desespero tomou conta das moçambicanas, enquanto as zimbabweanas foram gradualmente elevando os níveis de confiança, daí que Makora Rutendo fez o 2-0, aos 60 minutos. A guarda-redes moçambicana ficou parada na esperança de que a bola passaria por cima da barra.
Este duplo golpe já era suficiente para eliminar as esperanças que as meninas tinham, no mínimo, de vencerem a partida, para salvar a honra dos moçambicanos.
Pior, porque foram necessários mais cinco minutos para que Bizeki Nomsa fixasse a vitória zimbabweana em 3-0.
A Selecção Nacional ainda esforçou-se mas sem sucesso, porque as zimbabweanas continuaram a defender-se bem até ao fim.
O árbitro da partida, o sul-africano Daniel Brink, fez bom trabalho.
FICHA TÉCNICA
ÁRBITRO: Daniel Brink, auxiliado pela também sul-africana Nobuhle Tsokela e Thulani Sibandze, da Suazilândia.
MOÇAMBIQUE – Felicidade Tivane (Sofia Mondlane); Gisela Nhavene, Leonora Monivo, Mariza Gaite, Lúcia Moçambique (Helena da Luz), Aurora Ngale, Berta Victor, Esperança Malate (Delice Assane) e, Laamy Ussene, Cainara Jamal e Tina Samuel (Mércia Muspanhola).
ZIMBABWE – Mukucha Portia; Chibanda Eunice, Chirandu Mavis, Chaparangane Elisabeth, Mayo Maggie (Tsunguro Tafadzwa), Jongandi Rhoda, Msipa Emmaculate, Neshomba Rudo, Bhobho Donai, Chasi Faith e Makora Rutendo (Bizeki Nomsa).
Fonte:Jornal Noticias