O despique reuniu todos os ingredientes próprios de um clássico: houve golos, emoção, ânimos exaltados dentro e fora das quatro linhas e ficou ainda marcado como a noite em que o defesa Campira foi guarda-redes.
Os treinados de Nacir Armando não podiam ter tido uma melhor entrada. Por força da vantagem madrugadora, passaram a encarar a partida com mais confiança, facto que contrastava com os pupilos de Arnaldo Salvado, que não se encontravam nos seus mecanismos de jogo.
O fraco rendimento dos “tricolores” esteve evidente até na intervenção do guarda-redes Soarito. Foi o grande responsável pelo segundo golo “locomotiva”, ao não conseguir agarra
r a bola após um cruzamento inofensivo de Fred. Quem não se fez de rogado foi Sonito, que apontou o 2-0. Estavam disputados 16 minutos.
A reacção dos “tricolores” foi praticamente inexistente. Só por duas vezes e a partir da meia distância de Hélder Pelembe criaram algum perigo, porque, doutra forma, não era possível. Aquele futebol bem elaborado não se viu. Por outro lado, o Ferroviário geria os dois golos de vantagem a seu bel-prazer.
O Maxaquene voltou do intervalo com um futebol mais objectivo e rápido e, aos 47 minutos, poderia ter reduzido a desvantagem, mas Hélder Pelembe, em noite desinspirada, não soube tirar proveito de um bom cruzamento de Vasil. Volvidos dois minutos, foi a vez de Reginaldo desperdiçar mais uma situação para desfeitear Pinto.
Na resposta, o Ferroviário criou perigo por Imo que, de fora da área, rematou forte, valendo a pronta intervenção de Soarito para canto. Este lance dos “locomotivas” veio mais uma vez pôr a nu as fragilidades da defesa adversária que, à semelhança dos primeiros 45 minutos, “tremia” muito sempre que chamada a intervir. Foi o que se viu aos 61 minutos. O jovem Clésio ganha a bola no meio-campo, consegue vencer a oposição de Campira e segue disparado sem que ninguém, mais uma vez, o parasse para fazer o 3-0.
Estava consumada a goleada “locomotiva”, mas ainda faltavam 29 minutos para o jogo terminar. Por isso, cabia aos comandados de Salvado correr atrás do prejuízo e tentar a todo o custo chegar ao empate, pelo menos para levar a decisão para o prolongamento ou para os penaltes. Mas a tarefa era muito complicada. Anular uma desvantagem de três golos para uma equipa que estava visivelmente em noite não, era uma missão verdadeiramente espinhosa.
Controlados pela ansiedade, os “tricolores” procuraram fazer tudo rápido e nada lhes saía bem. Mas o pior estava por vir. Aos 78 minutos passaram a jogar com menos um elemento, por expulsão de Soarito, que fora da área defendeu um remate de Edgar que levava selo de golo. Com as substituições já esgotadas, Campira foi sacrificado a defender a baliza e até nem se portou mal, com duas boas defesas que fizeram vibrar os adeptos “tricolores”, que até então não tinham tido motivos para sorrir.
Foi com Campira na baliza que o Maxaquene fez o golo de honra, por intermédio de Gabito, na conversão de um penalte, aos 85 minutos, a castigar mão na bola de Zabula.
No entanto, o golo da turma “tricolor” em nada veio alterar o desfecho do encontro, já que os comandados de Nacir mantiveram a tranquilidade e geriram a vantagem até ao apito final de Estêvão Matsinhe, que realizou um bom trabalho.
FICHA TÉCNICA:
Árbitro: Estêvão Matsinhe, auxiliado por João Paulo e Adão Chitache. Quarto árbitro: Amosse Lázaro.
MAXAQUENE - Soarito; Vasil, Gabito, Campira e Eusébio; Payó (Macamito), Kito, Liberty (Manuelito) e Betinho (Genito); Hélder Pelembe e Reginaldo.
FERROVIÁRIO - Pinto; Chico, Zabula, Butana e Fred; Whisky, Rachide, Tchitcho e Imo (Buramo); Clésio (Edgar) e Sonito.
Acção disciplinar: cartão vermelho para Soarito e amarelo para Sonito, Fred, Zabula e Betinho.
Golos: 0-1, Sonito (35 segundos); 0-2, Sonito (16 m); 3-0, Clésio (61 m); 1-3, Gabito (85 m, de penalte).