As modalidades do grupo A, nomeadamente o basquetebol feminino, futebol masculino, atletismo, boxe, natação, judo, ténis masculino, karate, tae-kwan-do e desporto para pessoa portadora de deficiência, continuam a constituir a principal aposta de Moçambique no evento que sábado arranca oficialmente no Maputo.
Embora com algum cepticismo à mistura, Munguambe manifestou certa confiança quanto ao desempenho das selecções nacionais no evento. Se, no campo da batalha, prevalecer o espírito de trabalho que caracterizou a preparação das equipas, o chefe da Missão acredita que os objectivos vão ser alcançados.
A convicção de Munguambe tem em consideração o facto de nunca antes as selecções nacionais terem beneficiado de uma preparação tão condigna – estágios que variam de um a dois meses fora do país - a anteceder um evento de nível internacional como este.
A concentração atempada das selecções nacionais na Vila Olímpica, o contacto entre si, bem como o trabalho técnico/psicológico a que estão sujeitos enchem o nosso entrevistado de crença de que os resultados podem ser atingidos.
Da delegação moçambicana aos Jogos, a selecção de judo, que participa no Campeonato do Mundo, na França, será a última a juntar-se ao grupo. Enquanto isto, vão chegando por partes, na Vila Olímpica, as selecções dos mais de 50 países participantes do continente.
Vejamos os argumentos do chefe da Missão Moçambique, António Munguambe, numa entrevista concedida ao nosso Jornal, a-propósito daquilo que pode vir a acontecer com os moçambicanos nos Jogos.
NOTÍCIAS (NOT) - A poucos dias do arranque dos Jogos Africanos Maputo-2011, qual é a situação das selecções nacionais que estão fora do país?
ANTÓNIO MUNGUAMBE (AM) – As selecções que estão fora do país são basicamente selecções do Grupo A, aquelas onde na etapa de preparação que iniciámos em Janeiro, terminada no dia 20 de Agosto, tiveram um intenso trabalho de preparação técnico-desportivo e psicológico. Qualquer uma destas selecções teve, em princípio, um estágio. Por exemplo, o basquetebol, que regressa amanhã de Portugal e do boxe, que esteve em Cuba durante três meses e meio e que quarta-feira passada voltou ao país.
Também receberemos até dia 30 (amanhã), os atletas das modalidades de atletismo, natação e tae-kwan-do, que estiveram a estagiar em Portugal e recordar que estamos a falar de atletas que tiveram um estágio que varia entre três a quatro meses. Alguns atletas não estarão ainda connosco nestes dias porque vão participar nos respectivos campeonatos mundiais, é o caso dos de judo na França e que só chega a Maputo no dia 2 de Setembro e é do atletismo em que dois estão nos mundiais.
Algumas das selecções que não fazem parte deste grupo também tiveram esta possibilidade de estagiar e estão neste momento dentro país a treinar, à excepção do ténis de campo, que regressa dia 30. É importante referir que os atletas começaram a entrar na Vila Olímpica no dia 25 e estão a treinar já nos recintos dos Jogos. As outras vão entrando à medida que vão chegando.
NOT – Tem algum informe ou alguma indicação sobre os resultados do estágio das nossas selecções fora do país?
AM – O que me oferece dizer é que nós preconizamos uma planificação orientada para resultados e havia um conjunto de actividades a que nos tínhamos proposto para realizar. Pode se dizer e com muita satisfação que o trabalho que foi realizado, comparativamente ao planificado, foi cumprido na íntegra e com índices bastante elevados que vão dos 90 a 100 porcento. Portanto, isto dá-nos a indicação primária de que todos os nossos objectivos e metas a que nos propusemos realizar são perfeitamente atingíveis.
NOT – Estamos a sensivelmente uma semana dos Jogos. Acha que este tempo é suficiente para adaptação dos atletas aos recintos de Jogos?
AM – Até este momento nada está a ser feito fora do plano. Portanto, este foi o plano estabelecido e, em função dele, foi também prevista a questão de adaptação dos atletas. Por exemplo, o boxe entrou mais cedo (na passada quarta-feira) à Vila Olímpica, porque as suas competições começam efectivamente na quinta-feira, dia 1 de Setembro.
As outras equipas vão chegando, mas sempre se teve o cuidado de colocar um período de adaptação que vai ser felizmente feito num ambiente desportivo uma vez que, à sua chegada, todas as selecções se dirigem à Vila onde estão criadas as condições para um controlo, ou seja, para os técnicos e o pessoal de apoio trabalharem a tempo inteiro com os atletas. A resposta mais certa seria dizer que nós estamos dentro do plano, felizmente as instalações desportivas foram entregues atempadamente e isso permite que os atletas usufruam dos recintos de Jogos.
NOT – Acha que o espaço de tempo entre a chegada dos atletas e a colocação do material nos recintos de jogos, para a adaptação permitirá que se faça uma adaptação de acordo com o planificado pelos técnicos das selecções nacionais?
AM – Sim. É verdade que competia ao Comité Organizador dos Jogos Africanos (COJA) a criação destas condições, mas nós estamos bem informados e sabemos que o nosso plano vai ser acomodado de forma exequível.
NOT – Tem indicação sobre se os recintos já estão ou não completamente equipados dos respectivos materiais para a adaptação dos atletas e para acomodar as competições em si?
AM – Tenho sim. São várias indicações. Como sabe, por exemplo, estamos a trabalhar… está cá uma delegação da África do Sul. Portanto, a maioria das situações estão controladas com o potencial próprio do COJA. Mas estamos neste momento a ter uma parceria com os sul-africanos no sentido de limar aqueles aspectos que eventualmente possam constituir uma dificuldade. Esses técnicos estão aqui connosco desde semana passada.
NOT – Tiveram o apoio da Sasol no valor de 16 milhões de meticais. O que lhe oferece dizer sobre a logística em termos de material para equipar os recintos e as selecções nacionais?
AM – Devo dizer que o que conseguimos foi o culminar de um processo iniciado há bastante tempo e sempre foi calculado que por essas alturas essa disponibilidade iria existir. Quero dizer que as encomendas foram feitas a tempo e inclusive algumas federações nacionais vêm utilizando os equipamentos conseguidos nesse âmbito nas competições que efectuaram ou continuam a efectuar durante o estágio competitivo.
NOT – Relativamente aos atletas que treinavam internamente, o que se pressupõe no concernente ao seu enquadramento, porque já vinha sendo propalado que as selecções nacionais definitivas já haviam sido constituídas com a partida para o estágio?
AM – O “dead line” da formação das selecções nacionais sempre esteve marcado e foi cumprido por todas as federações no prazo que ia até 20 de Agosto, independentemente de onde estivessem as pessoas. Agora é preciso reter que, mesmo aquelas modalidades que aparentam ser individuais, em algum momento elas são colectivas, porque integram equipas masculinas e femininas, como é o caso de atletismo. A integração dos atletas vai se efectivando justamente com a chegada das selecções do estágio à Vila dos Jogos.
Portanto é aqui onde é feito o entrosamento das selecções nacionais, ou seja a criação não só das equipas de cada modalidade, mas também a consolidação da equipa naquilo que é a Missão Moçambique e seus objectivos. Portanto, aproveitamos este período para limar os aspectos desportivos, mas não só. Estamos igualmente apostados noutras áreas que se impõem, por exemplo na parte psicológica com vista a elevar os índices de confiança nos atletas e, também, ao nível da nossa estrutura de trabalho.
Fonte:Jornal Noticias