O ALUCINANTE futebol do Maxaquene deixou o adversário completamente atarantado. O Ferroviário de Nampula, que havia montado uma estratégia defensiva que inicialmente dava a entender ser bastante segura e impenetrável, acabou cedendo e os seus jogadores até vestiram a camisola… “tricolor”.
Senão vejamos: no lance do primeiro golo o central Stélio desvia claramente a trajectória do esférico, após um livre bem executado por Gabito; no segundo, mérito inteirinho para Liberty, que desferiu um autêntico canhão praticamente a meio do meio-campo, mas David estava ligeiramente adiantado na sua baliza; já no terceiro, meus senhores, o “frango” foi da inteira responsabilidade do guarda-redes, na sequência de um forte remate rasteiro de Kito.
Ora, tendo em conta estes factos e considerando que, na presente sétima jornada, à excepção da Liga Muçulmana, que foi ontem a Xinavane derrotar o Incomáti, os outros tradicionais candidatos ao título, nomeadamente Ferroviário, Costa do Sol e Desportivo, perderam, é lícito concluir que todos acabaram por jogar para o Maxaquene, que, face aos “locomotivas” nampulenses, manteve a mesma bitola, isto é, um futebol veloz, toques à primeira e constantes mudanças de flanco, para além de um aprimorado trabalho técnico que o adversário não teve chance de ripostar.
Confessamos que os nortenhos, que efectuaram o primeiro desafio após a chicotada psicológica que ditou o afastamento de Mussá Osman, entraram com uma rede defensiva a partir do meio terreno contrário, precisamente para não oferecer muito campo de manobra ao seu oponente. Com o veterano Nelinho a comandar as operações na zona nevrálgica, até Chana e Patrick, os dois homens do ataque, participavam nas acções de fechar as saídas maxaquenenses.
Todavia, não passou de sucesso efémero, com o agravante de ter tido um duro revés: a saída forçada de Chana, primeiro, e depois de Hipo, ambos por lesão. É verdade que os “tricolores” enfrentaram dificuldades para lidar com a defesa à zona, já que falhavam as infiltrações por intermédio de Betinho e de Reginaldo, mesmo com o esférico bem elaborado cá atrás e no meio-campo, porém, a partir da altura em que aconteceu o primeiro golo, com a intervenção do agora inevitável Gabito – um central e tantos -, tudo passou a ser mais claro para a equipa de Arnaldo Salvado.
Os “tricolores” explanaram o seu futebol pragmático e envolvente, com a participação de todos os integrantes da equipa. Aliás, é incrível como o Maxaquene ataca e defende num bloco coeso e participado, ora do lado direito, ora do esquerdo ou então do corredor central. Mais: a espontaneidade de alguns jogadores confundiu os adversários, sendo disso exemplo os golos de Liberty – um golão de primeira categoria – e de Kito, praticamente sem ensaio.
O árbitro podia merecer nota alta, só que não lhe perdoamos algumas hesitações que, mesmo não influenciado o desfecho da contenda, não tinham razão de ser.
FICHA DO JOGO:
Árbitro: João Armando, coadjuvado por Adão Chitache e José Mhula. Quarto árbitro: Virgílio Absalão
MAXAQUENE – Soarito; Vasil, Campira, Gabito e Eusébio (Payó); Macamito, Kito, Mfiki (Manuelito) e Liberty; Betinho e Reginaldo (Filipe)
FER. NAMPULA – David; Hipo (Marius), Stélio, Mambucho e Dondo; Paúnde, Nelinho, Tchitcho (Venâncio) e Edmundo; Chana (Binó) e Patrick
Acção disciplinar: cartão amarelo para Edmundo, Betinho e Marius
Golos: 1-0, Stélio (23 min.), na própria baliza; 2-0, Liberty (55 min.); 3-0, Kito (66 min.)