Grande parte dos tenistas nacionais joga por instinto
A FEDERAÇÃO Moçambicana de Ténis (FMT) acaba de contratar um técnico português para assessorar a selecção nacional e elevar a capacidade dos atletas, no âmbito da sua preparação para os Jogos Africanos. Trata-se de Luís Sousa, que, em entrevista ao nosso jornal, disse que a maior parte dos tenistas moçambicanos tem talento, porém, joga por instinto, o que resulta da incapacidade técnica e táctica que é consequência da fraca formação.
Nesta entrevista, o treinador português fala do trabalho em curso com vista a dotar os tenistas nacionais de uma capacidade competitiva aceitável que permita à selecção sair honrada dos Jogos Africanos.
NOTÍCIAS (NOT) - Que avaliação faz deste grupo de trabalho que está a orientar desde segunda-feira?
LUÍS SOUSA (LS) – Primeiro, agradecer o convite formulado à Federação Portuguesa de Ténis e é com muito gosto que venho ajudar a selecção moçambicana, sobretudo porque sou também africano. Sou da Guiné-Bissau e fiquei muito bem impressionado com as instalações e o nível de alguns jogadores. Há aqui quatro a cinco que têm um nível razoável, agradável e com boas perspectivas de poderem evoluir bastante. São os casos de António Bulha, Isac Jorge, Ercílio Seda e Feliciano dos Santos. Portanto, estou contente por estar aqui e poder tentar, durante este mês, ajudar o máximo possível estes atletas.
NOT - O que pôde observar destes atletas que constituem a pré-selecção e em que aspectos precisam de melhorar?
LS - Bom, a maior parte destes jogadores tem algum talento em termos de mão. Estão mais ou menos bem em termos técnicos, mas devem melhorar bastante a condição física. Devem, igualmente, melhorar a maneira de jogar em termos de estratégia, porque a maior parte joga por instinto. Portanto, devem aprender a jogar e estamos aqui a tentar melhorar alguns aspectos que são muito importantes nesta fase, designadamente a condição física, resistência, velocidade e reacção, bem como na estratégia.
NOT - Há quanto tempo está no ténis, por onde passou e pode nos falar do seu currículo?
LS - Sou treinador há 35 anos. Treinei a selecção portuguesa durante alguns anos, já trabalhei na Alemanha, nos Estados Unidos, na Espanha e já estive nas selecções do Egipto, do Qatar e da Arábia Saudita.
NOT – Tendo uma experiência acumulada, já produziu tenistas de alto nível?
LS - Sim, já trabalhei durante cinco anos com um tenista português de nome Nuno Marques e que foi o número cinco do mundo de juniores. Trabalhei igualmente com os números um e quatro de juniores, respectivamente Nicoles Pereira, da Venezuela, e Marcos Barbosa, do Brasil. Portanto, estes foram alguns dos melhores jogadores que já treinei.
NOT - Como está programado o trabalho com a selecção e que etapas compreenderá?
LS - Durante esta primeira fase, tenho esta semana reservada para a avaliação do grupo e, de seguida, entraremos nos aspectos mais importantes que já mencionei, porque um mês não é muito tempo. É urgente trabalhar os aspectos físicos e a parte estratégica e de táctica, que são fundamentalmente muito importantes. Obviamente que ficará muita coisa por fazer e, nesse aspecto, penso que a federação tem a ideia de eventualmente prolongar ou repetir esta situação, o que seria benéfico para os jogadores. Isto porque trabalhariam mais tempo, tendo em conta que os Jogos Africanos serão em Setembro e chegariam lá com os patamares mais elevados. Nós vamos trabalhar até 18 de Março e fica um espaço muito largo até aos Jogos Africanos.
- Salvador Nhantumbo
Fonte:Jornal Noticoas