O dirigente, juntamente com o brasileiro Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o paraguaio Nicolas Leoz, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, teria recebido pagamentos de empresa suíça de marketing desportivo nos anos 90.
A lista obtida pela BBC inclui detalhes sobre os 100 mil francos (cerca de 20 mil dólares) pagos a Issa Hayatou, o vice-presidente da FIFA representando as Nações Africanas. Assim como os outros dois acusados, Hayatou também não respondeu às acusações.
O documento mostra que Leoz recebeu 600 mil dólares em três parcelas de 200 mil.
O presidente da CBF é responsável pela organização da Copa do Mundo de 2014, no Brasil e o programa alega que os dirigentes receberam dinheiro de uma empresa de marketing desportivo que ganhou os direitos de comercialização do “Mundial”.
As supostas verbas estão inclusas num documento confidencial de 175 pagamentos, totalizando 100 milhões de dólares. Nenhum dos três dirigentes respondeu às alegações do Panorama. A FIFA, entidade que dirige o futebol mundial, também negou pedidos de entrevistas para discutir as acusações.
A BBC traz ainda evidência do actual envolvimento de um quarto alto dirigente da FIFA na revenda de bilhetes da Copa do Mundo para agenciadores.
A BBC foi criticada pelo Primeiro-Ministro britânico, David Cameron, por ter decidido levar o programa ao ar nesta semana, três dias antes da votação do Comité Executivo que escolherá as sedes dos Mundiais de 2018 e 2022 (cerimónia decorrerá amanhã). A Inglaterra compete com a Rússia, Portugal/Espanha e Holanda/Bélgica para sediar a Copa de 2018.
A BBC defendeu o momento de transmissão do Panorama, dizendo que as informações divulgadas são de interesse público.
Segundo a BBC, as propinas foram pagas aos membros do Comité Executivo da FIFA pela empresa de marketing desportivo ISL (International Sports and Leisure) em 1989 e 1990. A empresa faliu em 2001.
A FIFA havia concedido à ISL direitos exclusivos para comercializar torneios da Copa do Mundo junto a algumas das maiores marcas do mundo. A empresa suíça recebeu ainda grandes quantias pelo negócio de direitos de transmissão para a televisão.
Um ex-funcionário da ISL, Roland Buechel, disse que funcionários da empresa suspeitaram há tempos que havia sido pago dinheiro para a obtenção dos lucrativos contratos da FIFA.
“É muito dinheiro, biliões, que podem ser ganhos, e todas as empresas de marketing desportivo competem por eles", disse Buechel.
Alguns detalhes das alegadas propinas emergiram em 2008, quando seis dirigentes da ISL foram acusados de uso irregular de dinheiro da empresa.