Espectáculo e confusão à mistura
O JOGO entre a Liga Muçulmana e TP Mazembe de Congo deixou mais uma marca negativa no futebol africano, que tem sido caracterizado por práticas de corrupção, que incidem sobre arbitragens tendenciosas e falta de hospitalidade por parte de alguns clubes, que têm pautado por tratamento desumano quando recebem as equipas adversárias. Pior é que a Confederação Africana de Futebol (CAF) nada tem feito para sancionar os protagonistas desses actos, agindo em jeito de compadrio em relação a com alguns clubes de renome e bem posicionados economicamente.
A partida entre o representante moçambicano nas Afrotaças, a Liga Muçulmana, e o TP Mazembe da RD Congo, domingo, na Matola, foi mais um testemunho das cenas macabras que caracterizam o futebol africano.
O árbitro angolano, Martins de Carvalho, sofreu fortes críticas pela sua actuação claramente tendenciosa, que gerou muita confusão a partir do momento em que expulsou o técnico da Liga Muçulmana, o português Litos, depois de dirigir “bocas” ao juiz da partida, alegadamente por estar a prejudicar a sua equipa.
Mesmo sem ter decidido a eliminatória a favor do TP Mazembe, já que a equipa congolesa vinha de casa com a vantagem de quatro golos, o árbitro angolano não assinalou muitas infracções sobre os jogadores da Liga e fez vista grossa a situações que até mereciam castigo. Martins de Carvalho também não reagiu contra atitudes visando “queimar tempo” na fase crucial da contenda e que mereciam castigo.
Em virtude disso, levantou-se muita celeuma, com alguns arremessos de garrafas plásticas a partir das bancadas, quando o árbitro expulsou Litos, depois de ignorar uma agressão física do massagista do TP Mazembe ao médico fisioterapeuta da Liga Muçulmana, Flávio Costa. Em causa estavam as jogadas de “queima tempo”, com alguns jogadores a fingirem lesões.
O alarido contra a equipa de arbitragem ganhou mais eco porque no jogo anterior entre o TP Mazembe e Orlando Pirates, desta feita para a fase de grupos da Liga dos Campeões Africanos, que ditou o afastamento da equipa congolesa em casa e sua entrada para a Taça CAF, teve uma arbitragem também muito criticada pela imprensa e que gerou muita confusão, com a equipa sul-africana a reivindicar as injustiças ao longo do prélio.
A tensão nas hostes da Liga subiu de tom já nos minutos finais da contenda. O jogo foi interrompido por alguns minutos porque, do lado do segundo fiscal de linha, havia tensão, com algumas pessoas vestidas de cores da Liga a contestarem da rede que limita o rectângulo do jogo contra o juiz auxiliar. O quarto árbitro foi obrigado a aproximar-se para sacudir a pressão sobre o árbitro auxiliar. Esta situação foi ultrapassada. Mas, enquanto isso, os adeptos posicionavam-se no portão de saída das equipas aguardando pela equipa de arbitragem.
Martins de Carvalho deu por terminada a partida e logo de seguida um forte cortejo policial, com jornalistas à mistura, cercava-o juntamente com os membros de direcção do TP Mazembe. Parte do público cercava a rede junto ao portão de saída do rectângulo do jogo, enquanto a Polícia procurava sem sucesso tirar a equipa de arbitragem ilesa. Finalmente, quase meia hora depois do fim da contenda, a equipa de arbitragem e comitiva do TP Mazembe foram conduzidos até aos balneários, onde permaneceram mais de uma hora à espera que o público se dispersasse do lado de fora, exigindo a cabeça de Martins de Carvalho.