Cinquenta crianças juntam útil ao agradável
CERCA de cinquenta crianças aprendem o abc de futebol na academia do antigo internacional moçambicano, João Chissano, onde, para além do desporto rei, a componente pedagógica tem sido bastante privilegiada, pese embora dificuldades de vária ordem que a assolam e, consequentemente, condicionam o projecto.
Localizada no bairro da Mafalala, mais concretamente no campinho, a Academia João Chissano visa, segundo o seu patrono, à capitação e educação de talentos, organização de eventos recreativos e culturais, com vista a afastar os petizes de vários males, um trabalho que faz por causa da paixão que nutre do talento da criançada no futebol, num país onde há problemas graves de formação.
Entretanto, à semelhança de qualquer outro projecto que está numa fase embrionária, esta academia passa por dificuldades de vária ordem, sendo exemplos a falta de material para a prática condigna de futebol por parte das crianças e do espaço para a construção das suas futuras instalações.
Segundo Chissano, a compra do material que neste momento existe na Academia foi custeada por ele próprio, mas é insuficiente, se se tiver em conta o número de petizes, 50, de idades compreendidas entre 8 e 15 anos.
“Temos o mínimo de materiais, como são os casos de mecos, coletes, equipamentos de jogos, sendo que as bolas e as botas é que constituem o principal calcanhar de Aquiles, pois trata-se de materiais que se desgastam em dois ou três meses. Neste aspecto sentimos muitas dificuldades”.
A Academia movimenta dois escalões, infantis e iniciados, e como forma de rodagem, os atletas estão a disputar o campeonato da cidade nestes dois escalões e, segundo Chissano, com boas prestações, que se reflectem nos resultados positivos.
De acordo com o nosso interlocutor, o principal horizonte da academia a estas alturas é ter instalações condignas, erguer um complexo desportivo, para que seja uma academia residencial. “Residencial sobretudo para crianças que não têm condições em casa, mas que tenham talento ou que queiram aprender a jogar futebol e ir à escola”, explicou.
Por outro lado, Chissano avançou que o outro objectivo é cooperar não só com clubes ou academias nacionais, mas também com clubes e academias estrangeiras para intercâmbios.
Em relação a parceiros, o patrono disse: “ Ainda não temos parceiros oficiais, temos tido um e outro apoio isolado, como são os casos de uma padaria que nos fornece pão para lanche dos miúdos e de uma papelaria que nos ajuda em material escolar pois, para além da componente desportiva, a Academia tem um cunho pedagógico”.
Saliente-se que a academia é responsável pela matrícula das crianças que não têm condições de ir à escola, além de doar materiais escolares à pequenada, à medida das suas capacidades.