Zambézia precisa de academia de futebol - afirma “mister” Vasquinho Nurmamad no seu regresso de uma formação na Alemanha
UMA academia para lapidar talentos pode ser uma das grandes “terapias” para revolucionar o futebol na província da Zambézia.
“ Para isso, será necessário reformar algumas mentes no dirigismo do futebol, porque, esses dirigentes, tudo quanto pensam e fazem está completamente desajustado com o actual nível de desenvolvimento da modalidade e convidou os sócios dos clubes a acordarem da profunda sonolência com vista a provocar mudanças com projectos sérios”.
Estas palavras pertencem a Vasco Nurmamad Abdula, ou simplesmente “mister” Vasquinho, que acaba de regressar de Frankfurt, Alemanha, onde durante um mês esteve a frequentar o curso internacional de futebol (nível B da Europa), promovido pela Federação Internacional de Futebol Amador (FIFA).
Com esse nível de formação, o jovem treinador está habilitado a treinar as selecções nacionais de várias categorias e as equipas que actuam no Campeonato Nacional, o Moçambola.
O nosso entrevistado é cauteloso e afirma ser seu desejo contribuir para o crescimento e desenvolvimento do futebol na Zambézia, mas lamenta a falta de acarinhamento.
É docente, licenciado em Pedagogia e Psicologia pela Universidade Pedagógica em Quelimane. Junta a academia com o futebol para criticar todos quantos querem perpetuar o fraco nível de futebol que actualmente se regista na Zambézia. Ganhou o direito de participar naquele curso pelo facto de, em 2011, ter dito uma boa prestação no curso de treinadores de futebol para África, também promovido pela FIFA.
Vasquinho bebeu algumas experiências e disse ter aprendido muito que só com projectos sérios de formação de jogadores, dirigentes e outros agentes desportivo o futebol pode progredir, produzir resultados e fazer circular dinheiro. De regresso a Quelimane, salienta que gostaria de levar os conhecimentos e experiências aprendidas ao serviço do futebol nacional mas há dificuldades.
“Desde que regressei nunca fui abordado por ninguém e gostava de discutir ideias que tenho com os decisores políticos”, disse o nosso entrevistado, para quem a criação de uma academia com as condições necessárias contribuiria para rumar para o desenvolvimento do futebol.
“Mister” Vasquinho disse que a matéria-prima para o desenvolvimento desportivo é abundante, mas precisar de ser lapidada. Afirma que isso seria uma saída para produzir talentos e entregar aos clubes, visto que estes não têm escalões de formação, movimentando apenas os seniores e mal preparados. Explicou que, actualmente, os treinadores estão a ensinar um jogador que está nos seniores como fazer um passe, como desmarcar, conhecimentos que deviam ser transmitidos nas escolas de formação, que, infelizmente, não existem nos clubes.
“Qual será o futuro desses clubes quando esses jogadores que actualmente estão a jogar as suas carreiras chegarem ao fim”, questionou o nosso entrevistado, asseverando, no entanto, que os clubes não estão a tirar proveito das iniciativas dos empresários, como por exemplo a Coca Cola, que está a promover intercâmbios. No seu entender, os clubes deveriam mandar os seus “olheiros” para essas competições, com vista à pesquisa de talentos e enquadrar esses jovens nos juniores e seniores.
“É por isso que digo que os dirigentes que estão nos clubes olham-nos como entidades sociais e defendem que estão lá para desenvolver o futebol; enquanto perseguem outros interesses ocultos”, disse com algum sentimento de desapontamento.
Durante o período que esteve em Frankfurt, pode observar que há sempre torneios infanto-juvenis que envolvem as escolas secundárias. Seis meses depois, há um grupo que faz a triagem e os melhores jogadores de cada escola são integrados nos clubes. Para o nosso caso, prossegue Vasquinho, há o torneio Coca Cola a nível provincial. No ano passado, houve uma explosão de talentos mas não vejo nenhum daqueles atletas integrados nos clubes.
A falta de treinadores qualificados no futebol é outro problema que impera o desenvolvimento do futebol na Zambézia. “Se não tivermos treinadores qualificados também não vamos ter bons jogadores”, disse, para depois acrescentar que “quem não sabe não pode ensinar aquele que quer aprender”.
De acordo com o nosso entrevistado, a formação deve ser extensiva aos dirigentes desportivos para melhor compreenderem a responsabilidade que têm. “Os dirigentes quando se candidatam à presidência de um clube devem ter um plano concreto para as agremiações, nomeadamente os planos de desenvolvimento das várias modalidades, projectos de infra-estruturas, formação dos diferentes departamentos para melhorar o seu trabalho”, realçou.
Fonte:Jornal Noticias