CND aconselha federação a submeter assunto ao CJ
O CONSELHO Nacional do Desporto (CND) orientou a Federação do Karate-Do (FMK-Do) a submeter o caso que lhe opõe à Associação Moçambicana de Wado Ryu da modalidade ao Conselho Jurisdicional daquela instituição entanto que órgão que zela pelas leis.
Um conflito opondo a FMK-Do e a associação vem se alastrando desde Fevereiro, quando um grupo de atletas revoltou-se contra os árbitros durante o Campeonato da Liga Moçambicana de Katate-Do, acto que culminou com actos de violência e posterior suspensão dos respectivos membros da agremiação praticantes envolvidos no acto por decisão da instituição que gere a modalidade.
Uma carta datada de 6 de Março suspendeu temporariamente Antónia Quimbine e Carló Soares, ambos da associação, Joaquim Fidalgo, Lina Langa, Imídio Ricardo, Jonas Mandlate, Elvis Jacinto, Felizardo Jamaca, Joel Vilanculos, Anwar Hassan e Nazario Chaúque, todos atletas, por alegadas agressões durante a prova realizada no dia 25 de Fevereiro último.
A mesma carta indica que fora instaurado um processo disciplinar aos membros da associação em alusão e que seriam convocados brevemente pelo Conselho Jurisdicional da FMK-Do para prestar declarações.
Foi em virtude disso que o grupo dos atletas visados escreveu igualmente à associação denunciando o que classificou de anomalias cometidas por membros da federação no campeonato.
Na carta, de 26 de Fevereiro último, os atletas falam da sua participação no campeonato, curiosamente organizado pela federação, durante o qual dizem ter constatado a falta de observância dos Regulamentos dos Estatutos da FMK-Do e o facto de não existirem regulamentos internos.
O motivo do conflito surgiu do facto de o secretário técnico e o presidente, ambos da federação, terem respectivamente competido e arbitrado os jogos do campeonato, acção que, para além de atropelar o Regulamento ou leis que regem a modalidade, é contra a ética desportiva.
O secretário técnico é acusado de ter influenciado as decisões do júri, para além de ignorar as regras de competição, desobedecendo os técnicos responsáveis pela fiscalização da prova.
Os atletas referem, na mesma carta, que se tem notado que os dirigentes da FMK têm se aproveitado do campeonato para resolverem certos problemas pessoais e isso tem se repercutido na forma como a arbitragem tem vindo a actuar na prova, o que tem resultado em situações de irregularidades, nomeadamente a atribuição de pontos sem justa causa e faltas desnecessárias. Reiteram, no mesmo documento, que em certos casos não são usadas as regras, isso para favorecer uns em detrimento de outros.
Apontam a falta de transparência na arbitragem algo que está a minar o desenvolvimento da modalidade. Aliado a isto, falam da falta de valorização dos melhores atletas e do interesse individual das Academias (equipa) em colocar os seus atletas na federação, sem se ter em conta o resultado a ser alcançado.
Os queixosos querem a eleição de um novo presidente e sangria na actual direcção, para acabar com incompetentes.
CND REAGE
O CND repudiou a atitude da FMK-Do de suspender a associação. Depois de receber a carta informando sobre a decisão, o CND fez igualmente uma carta a informar ao presidente da federação que não tinha competência de suspender a associação, assim como os atletas, na medida em que existe o Conselho Jurisdicional e de Disciplina, que é o órgão social que deve dirimir sobre possíveis conflitos.
“Para além da carta, convidamos a direcção, e dissemos que o que fez não estava de acordo com a Lei. Ela reconheceu o seu erro e prometeu corrigi-lo. Ela terá de submeter o “dossier” dos problemas levantados ao Conselho Jurisdicional para este apreciar e deliberar. Procuramos igualmente nos inteirar sobre o sucedido à associação visada e fomos informados que o problema resultou de um conflito entre atletas e árbitros, os primeiros acusando os últimos de influenciarem as decisões do júri”, contou fonte do CND.
Assembleia-Geral
O CONSELHO Nacional do Desporto (CND) reúne-se amanhã e sexta-feira, na cidade de Xai-Xai, em Assembleia-Geral Ordinária com vista a radiografar as suas actividades desenvolvidas desde o encontro de Inhambane em 2010.
Para além dos relatórios de actividades e contas do ano, o Conselho Nacional do Desporto, como órgão representante do movimento associativo, vai debruçar-se sobre os problemas que enfermam o desenvolvimento do desporto no país, incidindo na necessidade de se respeitar o “fair-play”.
No seu último exercício, o CND participou na constituição de algumas federações nacionais, tais como Desporto Motorizado e de Karate-Do, para além de ter solucionado alguns conflitos entre os vários actores desportivos.
Na reunião de Xai-Xai, os membros do CND nas províncias vão igualmente apresentar os seus relatórios.
Fonte:Jornal Noticias