Salvado detona “esquemas” de corrupção

Os atletas em questão são o guarda-redes Anivaldo, que terá recebido antecipadamente 10.000, 00 Mt (dez mil meticais), com promessa de mais valores após o jogo, e o defesa Armando Matlombe (Toni), a quem foi solicitado o número da sua conta bancária para depósito.
Durante o estágio da equipa do Atlético Muçulmano na Namaacha, antes do jogo contra a Liga Muçulmana, estes mesmos dirigentes da Liga Muçulmana “fizeram ainda telefonemas” para os atletas em questão. A direcção do Atlético Muçulmano esteve reunida de emergência nessa noite para analisar o problema e vários telefonemas foram feitos entre os dirigentes do Atlético Muçulmano e da Liga Muçulmana, os quais tentavam desmentir os factos. Nessa reunião, conforme conta Salvado, estiveram, entre outros, os senhores Omair Gafur, Amilcar Jussub e José Abdul, que têm o conhecimento completo dos factos.
O esquema usado
“Os dirigentes da Liga Muçulmana envolvidos nos telefonemas com os dirigentes do Atlético Muçulmano foram os senhores Rafik Sidat, Shafi Sidat e o Sheik Cassimo. Este último também foi acusado de contacto com os jogadores em causa, além de ter sido utilizado como intermediário o jogador da Liga Muçulmana, o Sr. Alcides Chihono (Cantoná)”, revela a carta-denúncia, que realça que o vice-presidente do Atlético, Sr. Omair Gafur (Lili), teria dito que o clube iria promover uma conferência de imprensa para revelar o caso, sendo que já o tinha comunicado a alguns jornalistas e ao próprio presidente da Liga Moçambicana de Futebol.
Dias após o jogo, e em contacto com o mesmo vice-presidente do Atlético Muçulmano, “este disse-me que não iriam fazer a referida conferência de imprensa, pois preferiam não entrar em outras guerras, preferindo concentrar-se na luta pela fuga à despromoção. Disse ainda que os mais altos dirigentes do clube achavam que devia haver um sigilo e um incumprimento do caso, visto ambos os clubes pertencerem à mesma comunidade religiosa”.
A confirmar-se...
A confirmar-se este caso, segundo Salvado, será “extremamente gravíssimo e corresponderá, segundo os regulamentos disciplinares, a uma acção de corrupção ou tentativa de corrupção para viciação de resultados”, podendo, nesse caso, o clube sujeitar-se a perder o título e a ser punido com descida de divisão.
“Achei, portanto, que estaria na obrigação moral de comunicar estes factos, para que os senhores pudessem decidir sobre a sua investigação pormenorizada ou não. Poderão ser usadas escutas, as gravações das chamadas telefónicas dos atletas acusados e dos dirigentes da Liga Muçulmana e do Atlético Muçulmano indicados atrás, nas datas referidas. Poder-se-á, ainda, verificar os movimentos bancários dos dois atletas em questão, tudo isto nas duas semanas que antecederam o jogo até à data do mesmo”, refere o treinador, para quem, sobre o que disse “atrás, poderei ainda vos enviar um email que recebi de um dirigente máximo do Atlético Muçulmano relatando-me todas essas ocorrências, bem como toda a sua repulsa à decisão de ocultar o caso”.
Fonte:O Pais