CAN ANGOLA 2010 - Reino Unido pode impedir entrada do dirigente da FLEC
AS autoridades britânicas poderão impedir a entrada no país do líder das Forças de Libertação do Estado de Cabinda/Posição Militar (FLEC/PM), Rodrigues Mingas, por "razões de segurança", disse ontem à LUSA fonte do Ministério do Interior inglês.
A FLEC/PM não faz, actualmente, parte da lista de organizações terroristas das autoridades britânicas, confirmou uma porta-voz do Ministério do Interior.
Todavia, pessoas ligadas ao grupo separatista poderão ser impedidas de entrar no país se forem consideradas "um perigo para a segurança".
Isto pode acontecer mesmo se esta pessoa tiver um Passaporte europeu, que em circunstâncias normais garante o livre acesso ao Reino Unido.
"Se a pessoa for conhecida como um perigo para a segurança pode ser impedida pela Polícia das fronteiras de entrar no país", explicou a mesma fonte.
O ministro do Interior, explicou a porta-voz, tem o poder de, com base em informações dos serviços secretos ou de segurança e da troca de dados com outros governos, "banir certos indivíduos de entrarem no Reino Unido".
A FLEC/PM foi a primeira organização separatista de Cabinda a reivindicar o ataque da passada sexta-feira a uma coluna militar angolana em que o autocarro da selecção do Togo foi metralhado, provocando três mortes: dois togoleses e o motorista angolano.
Ontem, em declarações à LUSA, Rodrigues Mingas - que disse estar a falar da cidade belga de Antuérpia -, manifestou a vontade de passar a viver em Londres, onde reside um irmão mais novo. Aquele dirigente alegou ainda possuir um Passaporte português.
Na sequência do ataque de sexta-feira, o Governo angolano, por intermédio do ministro sem pasta António Bento Bembe, afirmou à LUSA que Luanda está a desencadear esforços para que a organização separatista seja integrada na lista das organizações terroristas pela comunidade internacional.
Em Paris, o Ministério dos Negócios Estrangeiros pronunciou-se igualmente sobre as declarações de Rodrigues Mingas, inicialmente apresentado pela France Press como residindo em França, onde dispunha do estatuto de exilado político.
"O estatuto e o lugar de residência de Rodrigues Mingas estão em curso de verificação", esclareceu o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês na conferência de imprensa electrónica que se realiza cada segunda-feira de manhã.
"As declarações que (Rodrigues Mingas) fez domingo são inaceitáveis e não ficarão sem seguimento", acrescentou o Gabinete de Imprensa do Quai d'Orsay.
Rodrigues Mingas declarou, domingo, à Agência France-Press, que "as armas vão continuar a falar" no enclave de Cabinda.
"Estamos em guerra e todos os golpes são permitidos", acrescentou Rodrigues Mingas, exilado em Paris, mas contactado no Luxemburgo pela France Press.