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centro de documentação e informação desportiva de moçambique

Este blog tem como objectivo difundir a documentação de carácter desportivo

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QUALIFICAÇÃO PARA O CAN E MUNDIAL DE 2010 - Sonhar não é proibido, mas o percurso é espinhoso!

QUANDO a 29 de Março, em pleno Estádio da Machava, os Mambas empataram com a Nigéria, sem abertura de contagem, no início desta terceira e última fase de qualificação para o CAN e Mundial de 2010, todos saímos da nossa “Sala de Visitas” cheios de esperança de que estava aberto um bom caminho para uma campanha maravilhosa, que culminaria com a qualificação tanto para o Campeonato do Mundo, como para o das Nações Africanas.

MART Nooij, técnico holandês ao serviço dos “Mambas”
Volvidos cerca de dois meses, todos andamos a choramingar, porque nem água vem e nem água vai. Seguiram-se a Tunísia, em Tunis, a 6 de Junho corrente, onde perdemos, por 0-2. Sábado último foi em Nairobi, onde sucumbimos, por 1-2, e parece termos deitado tudo abaixo, mas como ninguém está proibido de sonhar, vamos sonhando com a nossa presença nas fases finais das duas provas, mas conscientes de que o caminho está repleto de espinhos e minas!

A partir de já, em cada jogo, temos que ter a máquina de calcular na mão para fazermos as contas. Os matemáticos, pelas contas que fazem, demonstram que podemos terminar a prova em primeiro lugar. Mas há muitos que já não acreditam nem num milagre. Mas no final veremos quem tem razão.

Os matemáticos dizem que para terminarmos em primeiro lugar no grupo temos que: primeira hipótese, ganhar todos os jogos que faltam e o Quénia também fazer o mesmo em relação aos restantes dois e a Nigéria e a Tunísia empatarem; segunda hipótese: Ganhar todos os jogos, o Quénia vencer a Tunísia e empatar com a Nigéria, este, por sua vez, bater a Tunísia.

Estas são algumas das hipóteses que os matemáticos apresentam. Trata-se, até certo ponto, de um raciocínio lógico na lógica matemática.

Mais do que andarmos às contas, o mais importante neste momento é sentarmos à mesma mesa e fumarmos o mesmo cachimbo, enquanto fazemos a reflexão do que foi a primeira volta e perspectivarmos o futuro, sem nos esquecermos de encontrar as diferenças para ultrapassá-las.

O que aconteceu sábado em Nairobi foi que a “máscara” caiu. As diferenças de pensamento entre Mart Nooij e nós os outros vieram à tona. Alguns jornalistas e o público, em geral, em muitos debates, já haviam alertado o técnico dos Mambas sobre a utilização de jogadores menos aproveitados nos seus clubes. Isto é, jogadores que não têm ritmo e que são, nalguns casos, imprevisíveis e temperamentais.

Mart Nooij fez ouvidos de mercador e sábado pagou a factura e devia, quanto a mim, ser penalizado pela arrogância que tem demonstrado desde que cá chegou como se ele e somente ele entendesse do futebol.

Aliás, como se ele tivesse descoberto um país atrasadíssimo, onde nunca se jogou futebol. O holandês deve apenas conhecer Marco Van Basten, seu conterrâneo, e não deve saber que Eusébio, um dos melhores jogadores do mundo de todos os tempos, é moçambicano; nascido em Moçambique, para não lhe falar de tantos outros como Matateu, Vicente…

Mas nisso tudo, o culpado somos nós, que não demos a história do nosso futebol para ele ler (para não dizer estudar) antes de assumir os destinos dos Mambas.

Mart Nooij criou tantas inimizades no meio futebolístico nacional, que até nem respeita os próprios dirigentes federativos. Criou um grupo de jogadores que o protegem numa altura em que está em vias de se ver sozinho no mar alto a remar uma embarcação que à partida tinha 20 milhões de moçambicanos.

Mart Nooij não pode continuar a pensar que descobriu Moçambique como Cristovão Colombo descobriu América. Tem que saber respeitar a sensibilidade dos moçambicanos e, acima de tudo, ter ouvidos de ouvir e olhos de ver, porque todos nós temos ambições: Se não formos ao Mundial, no mínimo que a gente vá ao CAN.

Não ficaria bem os mambas não participarem em nenhuma destas duas provas mais importantes, sendo uma do Mundo e outro de África, numa altura em que todas vão ter lugar na nossa região: o CAN em Angola e o Mundial na África do Sul. Até porque é o CAN de 2010 ao qual nos tínhamos candidatado a acolher.

Sinceramente, se não mudarmos de mentalidade, ou se não mudarmos a mentalidade de Mart Nooij acabaremos por dar razão à CAF, quando disse que não podíamos acolher esta maior prova futebolística do continente, porque não apresentávamos resultados desportivos positivos, uma das condições “sine qua non” para se ser anfitrião.

Faça sol ou chuva, vamos todos apoiar os Mambas (S. Costa)
RENOVAR A EQUIPA NUNCA PODE SER CRIME

Ninguém, em nenhum momento, disse que Tico-Tico, Dário Monteiro e outros desta geração deveriam ficar no banco ou pendurar as “chuteiras”. O que se defende é que se tem que começar a pensar em renovar a selecção aos poucos, injectando sangue novo.

Vimos alguns jogadores a arrastarem-se em Nairobi. A reclamarem descanso, mas Mart Nooij, não sabemos por alma de quem, fez vista grossa. Não quis assumir o risco (!).

Mart Nooij a continuar tão arrogante como tem sido, inclusivamente rejeitando jogos amigáveis e de rodagem não vai longe. Tenho a certeza. Se as outras selecções realizam jogos amigáveis, porque é que nós não o pode fazer?

Seria nesses jogos que o técnico havia de experimentar esses jogadores que despontam nas provas internas e que não têm a oportunidade de alinharem nos “Mambas” nesta fase, como são os casos de Jerry, Luís, Hélder Pelembe, entre outros, porque de certeza se nos qualificarmos para o CAN de Angola no próximo ano, estes é que serão o esteio da Selecção Nacional. Não acredito que Tico-Tico e Dário Monteiro estejam em condições de aguentarem os 90 minutos nessa prova, que, como se sabe, tem sido bastante competitiva.

Mart Nooij devia aprender dos outros técnicos que estão em África, que tentam a todo custo constituir selecções de esperanças que alimentam as principais. Que siga o exemplo da Nigéria, por sinal está no nosso grupo, que tem uma selecção de esperanças muito forte, que até chegou à final dos Jogos Olímpicos, perdendo apenas com a Argentina de Leonel Messi.

Temos que ser futuristas e optimistas, acreditando que, pelo menos, ao CAN iremos.

Para isso temos que ganhar jogos em casa, principalmente o que nos colocará frente ao Quénia.

GIL CARVALHO